Black Sails: De velas pretas içadas

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Este sábado chegou a conclusão da segunda temporada de Black Sails, a série da Starz que acompanha as aventuras em alto mar do Capitão James Flint e os problemas de governante de Eleanor Guthrie, líder de Nassau, ilha dos piratas. John Silver, com a sua língua astuta e capacidades de negócio perspicazes, é agora o braço direito do capitão Flint, coordenando os seus homens para evitar motins. Billy também está de volta, uma personagem que já nem nos lembrávamos, se não aparecesse brevemente nalguns episódios.  Billy não está à procura de vingança contra Flint, que assumimos ter sido o culpado do seu desaparecimento em pleno oceano, em vez disso, junta-se novamente à sua equipa. Charles Vane e Eleanor estão constantemente a testar os limites um do outro, com um jogo de sedução e traição a todos os momentos. Max, que recuperou do seu desgosto amoroso, alia-se a Anne e a Jack formando uma nova equipa de salteadores.

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A série de sucesso da Starz, que possui cenários magníficos e uma fotografia exímia, não é uma série normal de piratas. Os guionistas, que se focaram no clássico de “A Ilha do Tesouro” de Robert Louis Stevenson, tentam a todo o custo civilizar um povo que jamais foi conhecido precisamente por ser civilizado e o tiro sai pela culatra. Não só é estranho para o espectador assimilar piratas a grandes conspirações de poder, inteligência matreira e a respeitar leis, como se torna aborrecido a escassa presença de batalhas navais e de tesouros brilhantes. Ninguém quer saber de como os piratas estruturam a sua sociedade, com intrigas e opções que mais parecem saídas de uma novela da TVI; tudo o que querem é jornadas em mundos paradisíacos, com caças ao tesouro e muitas batalhas pelo meio para apimentar as coisas. Black Sails perde demasiado tempo a tentar educar os seus piratas em política e arte de bem falar, em vez de fornecer ao público o que ele realmente quer. Apesar disto, Black Sails consegue ter um trunfo muito interessante no que diz respeito à construção de personagens que, tirando todos os aspetos desmistificadores da imagem normal que temos dos piratas, procura salvaguardar que as classes sociais inferiores conseguem manter a ordem num meio sem lei. A constante caracterização das suas personagens principais, em especial Max, uma prostituta que se vê agora a comandar uma trupe de saqueadores, e de Eleanor Guthrie a governar uma cidade aparentemente perdida em maus hábitos, procura realçar o poder feminino num meio de homens, conferindo-lhes mais utilidade do que simplesmente satisfazer as necessidades sexuais dos sequiosos homens do mar.

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O problema é que, como já foi descrito, a série entra por caminhos de conspirações exageradamente elaboradas para o tipo de povo que retrata e, mesmo que a intenção seja boa, o espectador acaba por se fartar pela espera dos ideais que criou do que é ser-se pirata. Confesso que um bocadinho de “Piratas das Caraíbas” e o seu argumento divertido e polvilhado de aventuras assentaria bem melhor em “Black Sails” do que as traições dignas de um Frank Underwood que recentemente conquistou a Casa Branca.

A série já foi renovada e já conta com a presença de Blackbeard, que esperemos ser mais um pirata bem mais pirata dos que até agora conhecemos.

 

Texto escrito por: JORGE LESTRE // Cine Addiction

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