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A Opinião da Diana #2: “Once Upon a Time”

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Durante a nossa vida, somos bombardeados pela história-padrão, focada na dicotomia do Bem e do Mal, quer seja através de livros, filmes, desenhos animados ou até, pelas regras da boa educação.

Desde cedo que nos é ensinado que há algo errado e algo certo, que há algo que devemos fazer e algo que não devemos nem pensar em concretizar. Prioritariamente, o errado e o certo apresentam-se como antónimos absolutos e complementares, sem termo médio que possa moderar a ação em causa. No fundo, ou é frio ou é quente, ou é bom ou é mau, ou é preto ou é branco, não havendo espaço para o morno, o aceitável ou o cinzento. Pensemos nos contos de fada tradicionais, e entendamos tradicional como o vulgarmente lido nas primárias do nosso país. Se vos perguntar qual a moral da história, direis, genericamente, que o bem vence o mal, que o vilão morre no fim e o herói é feliz para sempre. Quem faz o bem é recompensado, quem faz o mal é castigado. Uma bela utopia, confesso. Pois bem, “Once Upon A Time” ridiculiza esta dicotomia, esmiuçando os conceitos de tal forma que os aproxima do nosso mundo.

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Esta série explora personagens do imaginário infantil, como a Capuchinho Vermelho e o Chapeleiro Louco, que são enviadas para Storybrooke, uma cidade fictícia nos Estados Unidos, através de uma maldição lançada pela Rainha Má da Branca de Neve. Neste mundo ficcional de Adam Horowitz e Edward Kitsis, há uma grande ênfase nas relações familiares, do mais complexo que possam imaginar, e da natureza humana na sua essência. É da última que irei falar. Uma das premissas mais abordadas na série é a de nem o mal nem o bem serem parte integrante do nosso destino quando nascemos. As personagens têm sempre escolha, e é a partir dessas escolhas que constroem o seu destino, que têm a oportunidade de mudar e moldar a sua vida. Por exemplo, nós vemos vilões clássicos a baixarem as armas, ou as bolas de fogo, e a tomarem uma atitude heroica perante a situação melodramática apresentada. Ou, como parece ser moda nas séries de agora, é-nos mostrado como um vilão nasce, como se cria um monstro sem piedade. No fundo, como cada um de nós, perante certas situações, escolheria o errado, o mal. Esta mudança, progressão das personagens, acontece gradualmente, sendo bem justificada e adaptada a cada personagem. Desta forma, a fronteira entre o bem e o mal é esbatida e difusa, um cinzento de emoções. Se fazemos algo errado pelas razões certas estamos a errar ou a acertar? Em Once Upon A Time há muito por onde escolher. Atenção, há exceções. O que seria de uma série sem polémica e buracos no enredo?

Apesar de ser uma obra de ficção que exige uma mente não aberta, mas, atrevo-me a dizer, escancarada, vale a pena ver. É um mundo em que os estereótipos caem, em que o Bem e o Mal não são assim tão identificáveis e onde nos é incutida tomar responsabilidade pelos nossos atos. Resumindo,

“Evil isn’t born, it’s made and so is good”

E a escolha é só das personagens. E das circunstâncias. E dos escritores.

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