Crítica: “Mulher Maravilha” de Patty Jenkins

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A que conclusão é que se pode chegar? Pode a Warner Bros./DC Comics fazer um filme que pode ser tanto um êxito crítico como de bilheteiras?

4 anos depois do primeiro filme deste novo universo cinematográfico da DC Comics ter sido lançado, chega-nos finalmente aquele que muitos fãs da heroína estavam à espera para ver desde que os filmes dos super-heróis começaram a ser feitos em abundância.
Tendo em conta que os filmes da DCEU, apesar de serem êxitos de bilheteiras, têm recebido desde o início críticas medíocres, será que é finalmente com esta entrada que terão o seu primeiro êxito crítico?

Temos como realizadora deste filme Patty Jenkins, que a nível cinematográfico é conhecida por “Monstro”, o seu primeiro filme, que fora lançado há uns bons anos atrás para aclamação da crítica, tendo até recebido um Óscar de Melhor Atriz para Charlize Theron.
Desde ai, ela esteve afastada do cinema e esteve mais ligada à TV, com séries como “The Killing“. E, estando 14 anos ausente das luzes de Hollywood, não foi que conseguiu o cargo de fazer um filme de “grande orçamento” (pequeno a comparar com os outros filmes deste universo) que muitos outros realizadores lambe-botas em Hollywood desejavam poder realizar? E não foi que ela conseguiu superar todos os riscos que a Warner Bros. estava a tomar com este titulo? E até que não foi uma grande surpresa o que acabou por sair de tanto risco?
Depois do desastre que foi o “Esquadrão Suicida”, com trocas e mais baldrocas na sua produção, esta realizadora conseguiu, à primeira, sem nenhum retoque nem versões alargadas (como podem ver no nosso artigo), fazer, possivelmente, o melhor filme da DCEU.

Posso começar por dizer que a Gal Gadot, que estava grávida na altura em que o filme estava a ser filmado, esforçou-se bastante para demonstrar que, apesar das inúmeras críticas que recebeu, é a Mulher Maravilha que precisamos e devíamos querer, apesar de muitos o não quererem admitir. Já no “Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça” tiveram um vislumbre do que ela era capaz com o papel, por isso imaginem do que ela é capaz num filme a solo.

Lembrem-se que esta é a primeira vez que a personagem é adaptada para o grande ecrã, logo a Gal não teve muita pesquisa por onde recorrer senão representar por si, deixando assim a sua marca na personagem. Já o facto de ela não conseguir falar inglês com sotaque americano ou britânico torna-a melhor ainda para o papel pois, tendo em conta a personagem, ela é quase que como uma estrangeira para nós, porque o seu mundo está completamente isolado e escondido do nosso desde há vários séculos.
Os motivos da personagem estão bem visíveis desde o primeiro momento em que aparece no ecrã e, ao longo da narrativa, ao descobrindo quem ela realmente é, e qual o seu dever no mundo, conseguimos ver o seu progresso e evolução como Mulher Maravilha.

Também não posso deixar de falar de Steve Trevor, o primeiro homem a chegar à ilha das guerreiras Amazonas, interpretado pelo charmoso Chris Pine, o ator que está sempre em cena ao lado da nossa Guerreira favorita.
Neste filme parece que o Chris Pine faz de … ele mesmo. Ele tem aquela piada do costume, principalmente quando há aqueles “awkward moments” entre ele e a Gal (que não são nada forçados, mais parecem improvisados, natural, mostrando uma boa química entre ambos), mas ele não é o “ladiesman” que aparenta ser. É alguém mais rígido que está mais preocupado em fazer o seu dever, que é o ideal tendo em conta o tempo em que se passa o filme.

Há muitas outras personagens no filme interpretadas por grandes nomes de Hollywood, como Connie Nielsen, David Thewlis e Robin Wright, mas nenhuma delas vale a pena ser mencionada pois não são assim tão memoráveis.
Podia falar do vilão, claro, mas eu não quero dar nenhum spoiler há malta que tenciona ver o filme. Sempre posso dizer que este vilão não é o habitual vilão descartável que a maior parte dos filmes da MCU normalmente têm, mas não posso dizer que será um muito memorável… (onde é que estão os vilões de jeito ultimamente?)

Dos aspetos técnicos, o que me deixou mais a desejar foi principalmente edição. Eu achei que, de início, o filme parecia mal editado, como se houvesse alguma coisa em falta por ali, ou ainda erros de continuidade (até mesmo perto do fim). Mas lá está, sabendo que não haverá versão alargada do filme (supostamente), tenho de ver isso como uma pequena falha, pois a mesma começa por ser um pouco irritante mas ao longo do tempo vai desaparecendo.
banda sonora, que é algo que estou sempre atento, desta vez foi composta por Rupert Gregson-Williams, invés de Junkie XL (e Hans Zimmer), compositores do tema da Mulher Maravilha (Is She With You?, que é o nome da sua faixa na BSO de BvS). Apesar de a ausência dos dois nesta BSO ser clara, ela continua a transmitir a sensação épica que precisa, como se podia esperar do filme que nos é apresentado, apesar de alguma ser abafada pelas cenas de ação. Mas, quando esta precisa de ser emocional, posso muito bem admitir que conseguiu trazer-me uma lágrima aos olhos.
Neste género de filmes não se pode deixar de falar dos efeitos especiais. Houve uma cena logo no início que tinha um óbvio ecrã verde atrás da nossa personagem principal… Mas, à medida que o filme foi progredindo, os efeitos especiais começaram a ser usados ainda menos, o que eu acho que foi uma boa opção por parte da realização. Invés de usarem vezes e vezes sem conta, usaram apenas quando necessário, porque nunca se gosta de algo exagerado. Sim, temos um final todo bombástico, e ai sim, posso dizer que esses efeitos gerados por computador foram bem aproveitados.

Vale a pena ver em IMAX 3D? Nem por isso. Não acho que o filme seja algo espectacular que veja nesse formato. Para além de algumas poucas cenas que se destacam, naquele formato, achei que o filme valesse mais a nível sonoro que a visual, fazendo com que mais valha a pena ver num ecrã normal com um Dolby Surround 7.1 (que é a nova moda da NOS).

A que conclusão é que se pode chegar? Pode a Warner Bros./DC Comics fazer um filme que pode ser tanto um êxito crítico como de bilheteiras? Pode, sim senhor. E vai ser com este filme. Notou-se perfeitamente que eles aprenderam a lição do seu último filme, que é fazerem a sua própria cena, e não tentar imitar a maneira de como a Marvel está a tentar fazer o seu universo. Os filmes da DC sempre foram conhecidos por serem mais negros e com uma pitadazinha de humor para não ser monótono, enquanto os da Marvel são filmes mais orientados para toda a família. Este filme conseguiu encontrar o meio dos dois, tornando-o um bom filme de entretenimento para todos, como também o filme que os fãs da DC estavam à espera. Pode ter começado de uma maneira um pouco amarga, mas à medida que a narrativa foi progredindo, fiquei cada vez mais impressionado com o filme e com a maneira que foi melhorando.

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