Crítica | “Os Fantasmas de Ismael”, de Arnaud Desplechin

Tabela de Conteúdo

Mathieu Amalric, Charlotte Gainsbourg e Marion Cottilard são o centro da nova intriga do aclamado realizador Arnaud Desplechin.

Dois anos depois do agradável “Três Recordações da Minha Juventude” (estreado em Portugal só em 2016) em que um antropólogo relembra momentos da sua infância e tempos de juventude, o realizador francês Arnaud Desplechin, que já esteve em competição no festival de Cannes várias vezes com filmes como “Comment je me suis disputé… (ma vie sexuelle)” e “Um Conto de Natal”, teve honras de abertura desse mesmo festival com o seu mais recente filme: “Os Fantasmas de Ismael”.

Começando num registo de thriller e desenvolvendo para algo cada vez mais diferente e variado, o filme acompanha Ismael (Mathieu Amalric), um realizador à beira das filmagens do seu próximo filme, a viver com Sylvia (Charlotte Gainsbourg), que traz felicidade à sua vida, mais de 20 anos depois do desaparecimento repentino da sua mulher Charlotte (Marion Cotillard). O equilíbrio é alterado quando Charlotte, oficialmente dada como morta, inesperadamente aparece.

Apesar desta premissa clara e interessante, “Os Fantasmas de Ismael” funciona mais como um exercício de Desplechin, caminhando pelos mais diversos registos e explorando as várias facetas do trio protagonista, apresentando momentos de humor, outros de melancolia, partes românticas e partes irónicas, numa verdadeira roda viva de sentimentos e emoções.
Na parte técnica surgem algumas das melhores características do filme, mas também aquelas que poderão dividir mais a generalidade dos espectadores. Enquanto a direção de fotografia apresenta belos planos alguns deles até mesmo intrigantes, a montagem, que divide a narrativa pelas várias linhas temporais torna-se um elemento que em parte desprende o espectador, complicando aquilo que poderia ter sido retrado de forma algo mais linear.

No final, “Os Fantasmas de Ismael” não é o melhor filme de Desplechin. No entanto, consegue apresentar uma faceta diferente do realizador, faceta essa que merece ser vista, em especial, pelos que seguem o seu trabalho desde as primeiras curtas-metragens.

O filme será exibido dia 6 de Outubro no Cinema São Jorge, durante a 18ª Festa do Cinema Francês, numa sessão única às 21h30 com presença do realizador.

O que achaste? Segue-nos @cinema_planet no Instagram ou no @cinemaplanetpt Twitter.

Partilha este artigo:
Translate »