Let’s Talk #77 – Hayden J. Weal, de duplo na trilogia “Hobbit” a realizador

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Hayden J. Weal é um cineasta com um percurso muito particular. O seu trabalho passa por várias vertentes desde o seu trabalho como ator e duplo na trilogia “The Hobbit”

… ou até mesmo o seu trabalho no departamento de câmara na série “Life is Easy”, ou mais recentemente nos filmes que escreveu, produziu e realizou, intitulados “Chronesthesia” e “Dead”. Assim sendo, este é um percurso que envolve várias vertentes e ramificações da industria cinematográfica, na qual Weal se demonstra multifacetado.

Devido ao lançamento digital do novo filme de Hayden J. Weal, “Dead”, o Cinema Planet teve a oportunidade de entrevistar o realizador não só sobre o filme, mas também sobre a sua carreira. Dito isto, o que se segue é um conjunto de perguntas e respostas provenientes da entrevista com o realizador.

Para esta entrevista, talvez possamos começar por falar sobre os teus primeiros passos na indústria do cinema. Tens tido uma jornada em cheio, com vários papéis entre Ator, Escritor, Realizador, Operador de Câmara, Realizador e até mesmo como Duplo. O que é que te fez querer tentar todos estes papéis e de onde surgiu este interesse por cinema e produção cinematográfica?

Eu tenho sido extremamente sortudo com todas as oportunidades que tenho tido seja no cinema ou na televisão. Posso dizer que a minha primeira motivação foi o dinheiro… mas não totalmente. Mas boa parte do meu processo veio de uma atitude de que faria qualquer tipo de trabalho. Tudo o que eu queria era estar num set de filmagens e observar como tudo funcionava. Trabalhar com uma equipa pode ser um trabalho exaustivo e é algo genuinamente trabalhoso.

Todas as vezes que estive num set fosse como um Duplo, Assistente de Produção, Gaffer ou por detrás de uma câmara, estive sempre com inveja dos atores e do realizador. A diversão fica toda para eles, sendo que são eles que tomam as grandes decisões que afetam o produto final. Dessa forma eu aguardei, observei e aprendi o máximo que pude, e tenho a dizer que agora que realizo os meus filmes, posso confirmar que tanto esse papel como o papel do ator são os mais divertidos na indústria.

O momento no qual me apercebi que adorava cinema foi quando os meus pais me mostraram a trilogia do “Regresso ao Futuro”. Eu alugava os filmes na cassete e rebobinava a fita para voltar a ver a cena do Marty Mcfly, a fugir de Biff no seu skateboard planador. Eu vi e revi a cena vezes sem conta e pensava para mim que “Um dia gostaria de fazer as pessoas sentirem o que sinto ao ver isto.”

Agora que realizaste duas longas metragens conta-nos como a tua experiência nos diversos departamentos em que trabalhastes se traduz no teu trabalho como realizador.

Trabalhar em áreas diferentes deu-me um conhecimento profundo sobre todo o processo cinematográfico. Saber tudo o que é necessária para a mudança de uma lente, a distância necessária entre a lente e a claquete, ter reuniões com atores e descobrir como o seu ambiente e a atitude dos seus realizadores influência as suas performances. Tudo se torna relevante.

A minha maior fonte de rendimento no começo foi através de edição e posso dizer que é definitivamente importante entender o processo de edição. Para todos os que querem ser realizadores, eu recomendaria que experimentassem o máximo que conseguirem de todas as partes do processo.

Qual foi o projeto que te deu mais confiança na transição para o cargo de Realizador e Escrita? Tens um catálogo de trabalhos muito interessante e nesse sentido também gostaria que comentasses um pouco sobre a tua experiência como duplo no set de filmagens da trilogia “The Hobbit” e como é que trabalhar num franchise famoso te ajudou no teu processo como cineasta.

Sem dúvida “The Hobbit” foi o projeto que mais me influenciou. Passei dois anos e meio a observar o processo de realização de Peter Jackson, assim como o Sir Ian McKellen e Martin Freeman a atuar e a debater sobre os seus trabalhos permitiu-me testemunhar diversos profissionais a trabalhar em conjunto para recriarem a visão de Peter Jackson.

Peter é uma grande inspiração para mim pela forma como ele consegue tomar decisões sob pressão, ouvir os seus colaboradores, confiar na sua equipa e manter a calma. Durante vários períodos stressantes, ele conseguiu sempre manter a calma e tratar toda a gente com respeito o que é algo que eu admiro imenso.

O teu novo filme “Dead” acabou de estrear em plataformas digitais. Conta-nos  um pouco sobre a tua experiência como realizador especialmente agora que lançaste o teu segundo filme.

Produzir “Dead” foi uma experiência incrível, mal posso acreditar que o consegui fazer. Foi um desafio, com certeza, em especial se considerar o facto de ser um orçamento minúsculo, mas tive o prazer de contar com uma excelente equipa que me ajudou a dar vida a este filme. Produzir foi um desafio.

É uma rotina constante de pedir favores a amigos e uma quantidade absurda de emails e chamadas e continuar a considerar todos os elementos necessários. Até mesmo as coisas minúsculas como assinar contratos. Mas eu fá-lo-ia novamente!

Ver também: Let’s Talk #73 – A “Rainha de Copas” de May el-Toukhy

Tendo em conta que o filme teve um lançamento digital e devido à pandemia em que vivemos, qual é a tua opinião sobre o avanço das plataformas de streaming e as oportunidades que isto traz para realizadores independentes assim como o impacto que isto tem para com os cinemas daqui para a frente?

É um processo que tem os seus bens e males no que toca ao lançamento e distribuição. Por um lado, as pessoas estão ansiosas por conteúdo e por causa disso os serviços de streaming tem mais interesse em investir em filmes como “Dead”. Por outro lado, as pessoas não podem ir a cinemas e eu não posso ir a novos lugares e ir a festivais promover o filme, o que era algo que eu estava entusiasmado para fazer. O filme é feito para massas e dessa forma ele precisa de um público para que possa ter o impacto necessário.

O facto de haverem várias maneiras para ver filmes através de streaming deve levar a um fluxo de produções de conteúdo independente que encontram a sua audiência e se tornam mais populares.

Podes contar-nos um pouco mais sobre o teu próximo projeto?

Com certeza! Um dos atores do meu novo filme está a realizar um filme de terror chamado “Loop Track”, cujas filmagens terminam no próximo fim de semana. Eu interpreto uma personagem bastante cómica e diverti-me imenso no papel.

De momento tenho três argumentos para filmes diferentes em diferentes estágios de desenvolvimento e estou muito esperançoso para conseguir uma co-produtora britânica. Nos próximos cinco ano estarei a fazer ou uma comédia de família com elementos de sobrenatural, ou um filme de invasão alienígena de terror com comédia ou um filme de suspense e detetives!

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