Filmes – 52 -, workshops, debates, exposições, performances e um concerto na sessão de encerramento. Uma viagem por 17 países em 4 dias. É isto que o festival “Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino” tem para oferecer.
Arranca hoje, 28 de setembro, no Cinema São Jorge, a 4ª edição do festival “Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino”. Um festival que promete ser uma viagem ao quotidiano dos países que têm as águas do mar que dá nome ao festival. Uma viagem que nos mostrará que apesar das distâncias que nos separam, podemos todos viver em conjunto.
Mas antes de avançar mais, convém esclarecer um ponto que poderá surgir na cabeça de quem lê o nome do festival sem conhecer o seu propósito: não há aqui qualquer conotação militante ao feminismo. O grande objetivo e conceito deste festival é apenas o de mostrar e promover o papel da mulher no cinema, seja ela realizadora, atriz, ou responsável por outra função de relevo na produção de um filme. Foi, por isto, que alargaram o leque dos filmes em exibição, onde já existem filmes com realizadores masculinos mas com mulheres em destaque na fotografia, por exemplo.
Numa conversa muito interessante que tivemos com Sara David Lopes, umas das responsáveis e mentoras deste festival, tivemos oportunidade de perceber como é que este surgiu em Portugal. Como em tudo, há sempre uma oportunidade de preencher uma lacuna, e foi isso que aconteceu. Já havia em vários países festivais de cinema onde a mulher é a estrela principal em todas as suas vertentes, em Portugal ainda não existia. Assim, um grupo de amigos pensou que seria interessante tentar fazê-lo. E se bem o pensaram, melhor o fizeram. Depois de irem a Marselha ver um festival do género, voltaram a Portugal, meteram mão à obra e o “Olhares do Mediterrâneo” nasceu. No primeiro ano, diz-nos Sara, “foi quase um ano zero, uma espécie de mostra de cinema. Tínhamos 10 filmes, 6 longas e 4 curtas, mas o feedback foi tão positivo que nos deu vontade de fazer mais e melhor.“. E hoje começa a quarta edição de um festival que, acima de tudo, mantém um crescimento sustentado no prazer de fazer diferente e de presentear o público com filmes que, mais do que entreter, lhes permita refletir sobre o mundo onde se vive. “Um mundo cada vez mais global, mas ainda com alguns preconceitos. Onde o cinema tem um papel fundamental de unir as pessoas, de nos transportar para outras realidades e culturas, e onde podemos ver que um israelita numa esplanada a ver o Facebook no seu telemóvel é igual a qualquer outra pessoa.“, diz Sara.
O festival cresceu, a equipa teve alterações, mas o que não mudou foi o conceito de mostrar o que de melhor as mulheres fazem no cinema e das suas visões sobre a sociedade. De 10 filmes cresceram para 52, com workshops, debates, exposições e performances. Passaram a ter competições, sendo neste momento 3 com a atribuição de 4 prémios: Competição Geral, com prémio para Melhor Longa e para Melhor Curta; Competição “Travessias”, que aborda a temática das migrações; Competição “Começar a olhar”, que premiará filmes realizados em contexto de formação.
O filme de abertura, ‘The Nurse’, da turca Dilek Çolak, é hoje às 21h30, e o encerramento é no dia 1 de outubro às 19h com o filme ‘Willy 1er’, de Marielle Gautier e Ludovic Boukherma, Zoran Boukherma e Hugo P Thomas. Entre estas duas sessões temos todo um conjunto de filmes, documentários e atividades parelelas que nos farão viajar por 17 países sem precisarmos de sair do São Jorge.