Sibéria – A Pretensiosidade do Perdão

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Keanu Reeves regressa aos cinemas com o thriller romântico “Sibéria”, onde nos leva a passear pelo mundo gelado da Rússia enquanto procuramos por um motivo para continuarmos a ver o filme.

Neste filme realizado por Matthew Ross, Lucas Hill (Keanu Reeves) é um traficante de diamantes que descobre que o seu parceiro russo desapareceu no momento em que se deveria realizar uma transação de diamantes para o mafioso Boris Volkov (Pasha D. Lychnikoff). Sem os diamantes em sua posse, Hill viaja até à Sibéria à procura do seu parceiro e dos respetivos diamantes. Lá, apaixona-se pela bela Katya (Ana Ularu).

Gostaria de começar esta crítica por mencionar o marketing deste filme, mais especificamente o trailer do mesmo. O vídeo promocional de Sibéria vende-nos um filme de acção, ao estilo de “John Wick”. Contudo, o produto final é, na realidade, um thriller lento, com mais romance do que acção demasiado esparsa. E sem qualquer tipo de chama que possa aquecer o espectador.

Mas vamos por partes. Comecemos pelas prestações dos actores. De um modo geral, tudo é bastante mecanizado –  tanto nas tentativas dos actores russos de se expressarem em inglês, como na própria actuação de Keanu Reeves que, apesar de ter uma boa presença, as suas aptidões como actor não melhoraram desde a sua prestação no filme “Point Break”, em 1991. Este filme, devido à escassa acção, necessitava da força dos seus protagonistas para “carregarem” o filme, algo que não ocorre.

A realização pela parte de Matthew Ross deixa a desejar, não conseguindo criar a tensão que esta história necessitava. Todo o filme é morno, sem qualquer momento que consiga parar o ar na sala. Até mesmo as escassas cenas de ação são gravadas de modo incoerente, entre shaky cam e rápida edição. Não aproveitam, assim, os poucos minutos que têm para fazer acelerar a nossa pulsação.

Sibéria

Porém, nada é mais ultrajante neste filme senão o próprio argumento do mesmo. Isto deve-se ao facto de ter a intenção de nos fazer simpatizar pela personagem principal, Lucas Hill, sendo que este é um ser totalmente desprezível. Entre trair a sua esposa, arrastar a amante para o seu mundo do crime, abusar da boa vontade das pessoas que o querem ajudar e mentir às pessoas que confiam nele, nada nesta personagem apela a que nós, como audiência, apoiemos ou criemos empatia para com ele. Contudo, o filme obriga-nos a tal, indo de encontro ao nosso código moral.

Até mesmo no que toca ao caso amoroso do filme, o próprio argumento quer que acreditemos que se trata mais do que uma simples traição. O argumento quer fazer-nos acreditar num amor fulminante entre os dois, onde ambos gostam um do outro por igual medida. Porém, a única coisa que nós presenciamos é atração física entre as duas personagens… Muito devido ao facto de nos obrigar a visualizar múltiplos momentos sexuais desconfortáveis para o espectador. Não acreditamos nessa paixão porque não existe química entre os dois protagonistas e o argumento não sabe proporcionar momentos que nos embale neste romance.

No fim de tudo,Sibéria é um filme frio, tal como a paisagem que rodeia as personagens com um argumento fraco que apela ao nosso perdão pela personagem principal de forma pretensiosa. Algo, no entanto, impossível de se obter com o nível de performances e realização que nos oferece.

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