Welcome the Blumhouse – “Nocturne” | Tensão numa Partitura

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A última levada de filmes da Blumhouse em streaming termina com “Nocturne”, o primeiro filme de Zu Quirke que combina obsessão com misticismo e psicadelismo.

Devido à pandemia, muitas cadeias de salas de cinema ainda estão fechadas ou com pouca adesão por parte do público. Por esse motivo, muitas produtoras de cinema viram os seus calendários de estreias a terem de sofrer uma tremenda alteração.

Blumhouse não foi excepção, sendo que teve de fornecer alguns dos seus filmes que tinham em vista estreias nas salas mundiais  para serem transmitidos pela Amazon. Passaram da sala de cinema para a sala de estar do público.  

“Welcome to the Blumhouse” é o nome da iniciativa, onde 4 filmes originais foram distribuídos pela Amazon. “Nocturne” foi dos últimos a estrear e, muito possivelmente, eles terminaram com chave-de-ouro. 

Escrito e realizado por Zu Quirke – sendo este a primeira longa-metragem da realizadora – “Nocturne” conta-nos a história de Juliet (Sydney Sweeney), uma prodigiosa pianista que se vê numa rivalidade profissional para com a sua irmã gémea Vivian (Madison Iseman). Depois de obter um caderno de uma rapariga que se suicidou na escola de artes, o comportamento de Juliet muda drasticamente e a rivalidade com a irmã toma contornos cada vez mais perturbadores. 

A melhor expressão que arranjo para descrever “Nocturne” é que este é “Cisne Negro” da música clássica mistura com terror psicadélico e misticismo. E isto, para mim, é um elogio. 

Zu Quirke oferece-nos um filme rápido, recheado de suspense e de intriga, que nos leva a questionar o destino das personagens até aos momentos finais, deixando em suspenso muitas respostas para os acontecimentos. 

“Nocturne” não é um filme complicado, longe disso. Mas é um filme com um ritmo próprio, mais preocupado em atrair o espectador para a tensão e estranheza das situações do que em repelar-nos com sustos baratos. 

O filme tem uma óptima cadência, com uma edição precisa como que guiada por um metrónomo. Este ritmo combinado com os curtos 90 minutos faz com que “Nocturne” seja de consumo rápido com um vasto impacto após os créditos finais. 

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Muito deste impacto advém não só da excelente fotografia e de toda a intriga que gira em torno das personagens, mas também das performances dadas por parte do elenco principal, em especial as duas irmãs. 

Tanto Sweeney como Iseman já são caras reconhecidas por outras andanças, seja séries como “Euphoria” e “The Handmaid’s Tale” ou filmes como “Jumanji” e “Annabelle 3”. Esta é a primeira vez em que ambas estão à frente de um grande projecto e que tem todo o filme a recair sobre os seus ombros. E ambas estão óptimas, com uma excelente química e a vender completamente tanto os momentos de união como de discórdia entre as duas irmãs. 

Acompanhados por melodias clássicas entrecortadas com ritmos tribais, “Nocturne” transporta o espectador para os dormitórios de uma escola de artes onde vê a protagonista a ficar presa entre a obsessão de sucesso musical e todas as imagens místicas que a assombram. 

O filme nunca chega a explorar muito todo o seu enredo, ficando-se por caminhos já habituais para um fã de terror e de suspense. Porém, a competência com que Zu Quirke realiza este filme compensa bem a pouco inovação e originalidade. 

“Nocturne” é o melhor filme vindo desta parceria entre Blumhouse e Amazon. Atrevo-me a dizer que seja um dos melhores filmes de terror do ano. Zu Quirke revela-se ser um nome que deve ser tido em conta para esta nova década, ao oferecer-nos um filme que aplica tensão numa partitura musical. Venha mais disto que não nos importamos.

“Nocturne” está disponível na Amazon Prime Video.

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