A Maldição de Hill House – Quando um fantasma é um desejo

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No passado dia 12 de outubro, a Netflix estreou The Haunting of the Hill House(A Maldição de Hill House).

A série criada por Mike Flanagan é baseada no livro homónimo de 1959, de Shirley Jackson.

Inserida na categoria de terror, entra-nos pelo ecrã a história do simpático casal Olivia (Carla Gugino) e Hugh Crain (Timothy Hutton) que no Verão de 1992 se mudam com os 5 filhos (Steve, Shirley, Theodora e os gémeos Luke e Eleanor, respectivamente, Michiel Huisman, Elizabeth Reaser, Kate Siegel, Oliver Jackson-Cohen e Victoria Pedretti) para a mansão decrépita Hill House com o intuito de a remodelar e vender.

Saltando para a atualidade apercebemo-nos que Olivia morreu e que a experiência em Hill House deixou marcas profundas e medos aterrorizantes em todos os restantes elementos da família.

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A Maldição de Hill House

Does he talk to you about what happened that night? Because all I’ve got are those tabloid quotes. He refuses to tell us anything else. – Steve Crain

O género “terror” muitas das vezes não surge entre as opções que privilegio pois é-me difícil gozar a experiência televisiva. Todavia, após o histerismo inicial envolvido dei uma oportunidade à assombrada Hill House. A mesma não se fez de rogada, superando as expectativas.

The Haunting of Hill House tanto tem de terror como de dramático, e desenvolve-se num encadeamento muito aprazível mas desafiante para quem realiza: o Verão de 1992 é constantemente encaixado com a actualidade, existindo transições cénicas sem perder o fio condutor da narrativa. Se tivéssemos que dividir esta temporada de 10 episódios, poder-se-ia dizer que os 5 primeiros episódios, cada um como que destinado a cada irmão Crain, representam uma parte, explicando-nos os factos pelo olhar individual de cada um. Sendo que nos restantes últimos assistimos a uma viragem, à necessidade desses olhares confluírem e progredirem para a resolução dos problemas convergentes.

A Maldição de Hill House

Mom says that a house is like a body. And every house has eyes and bones and skin. A face. This room is like the heart of the house. No, not a heart, a stomach. – Nell Crain

Seja como for, verificamos a dada altura que as linhas temporais aparentemente paralelas não podem estar dissociadas. É nesse enlace temporal que é explorado o conceito de causalidade. O círculo narrativo inicia-se em Steve (Michiel Huisman) que se catapultou profissionalmente como escritor recriando a sua experiência na mais famosa casa assombrada da América, nunca acreditando verdadeiramente nos factores paranormais.

A Maldição de Hill House

When you’re little, you learn how to see things that aren’t there. And when you grow up, you learn how to make them real. – Olivia Crain

Inegável e surpreendentemente o medo não petrifica e molda a história mas sim as poderosas personagens. Apesar de contarmos com momentos de horror que dificilmente esqueceremos, é na complexidade das personagens e densidade das suas relações viscerais (irmãos – pais – trauma – Hill House), que se extrai o que vai absorver o espectador.

Um apontamento adicional para o episódio The Bent-Neck Lady (Mike Flanagan/Meredith Averill). Este revela-se um espasmo no conto – soberbo, na minha opinião e o realce para os discursos profundos e existenciais introduzidos, fazendo-nos esquecer que estamos perante um dos maiores thrillers do último ano.

A Maldição de Hill House

A ghost can be a lot of things. A memory, a daydream, a secret. Grief, anger, guilt. But, in my experience, most times they’re just what we want to see. – Steve Crain

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