Crítica: “Rings” de F. Javier Gutiérrez

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Com o seu nascimento nos Estados Unidos em 2002, resta-nos quinze anos depois saber se a Samara ainda tem anéis que cheguem para nos entreter, será que sim? Vamos saber…

Era eu um moço de 20 anos na altura, com borbulhas no rosto e o futuro pela frente quando o The Ring estreava nas salas de cinema nacionais. Desconhecendo o seu antecessor (Ringu) , levantei novamente o rabo do sofá e fui ao cinema ver de que se tratava esse tal de “anel”.

Como é óbvio, e tal como a maioria da população, saí de lá mais que satisfeito. Aliás, abismado com tal pérola cinematográfica do terror, tanto que, fez com que visse o original e tudo o que havia anteriormente ao mesmo… E claro que a satisfação crescia ainda mais.

Já com o segundo – três anos depois -, novamente no cinema, o sentimento não era o mesmo, longe disso. Não é que a formula desgastasse em tão pouco tempo, a questão é que a Samara já não tinha o mesmo encanto, e muito por culpa, não da mesma, mas de terceiros, desde os argumentistas ao realizador.

Rings
© Paramount Pictures

Doze anos depois, e com esperança de sentir novamente o que senti há quinze, na expectativa pela dinastia dos anéis (e não, não são os anéis do senhor) mas… Depois do terceiro filme, acho que a esperança foi-se…

Podia acabar isto aqui, dizendo com muita pena minha que o Rings não passa de umas argolas, daquelas que fazemos com arame, à mão e que parecem tudo menos redondas.

Pegando na história base, da famosa cassete (que entra na “era digital”), o filme inicia após três, repito, três introduções, uma delas, muito ao estilo do Destino Final, o primeiro, onde a introdução do mesmo ocorre num avião. O diálogo das personagens nesta cena é deprimente para não dizer outra coisa, quer dizer, está uma rapariga atraente (porque sim, em filmes de terror tudo tem de parecer bonito) a tentar fazer conversa com o rapazito, e ele do nada (literalmente) começa a falar de uma cassete amaldiçoada… Quer dizer, não tinha mais nada que falar senão disso? Enfim, toda a estrutura de diálogo é muito básica e muito fora do diálogo natural de dois seres humanos.

Rings
© Paramount Pictures

A segunda introdução é um bocado diferente e, diga-se de passagem, talvez das melhores cenas do filme. Johnny Galecki, actor da famosa série “A teoria do Big Bang” é o alvo da cassete, e, após o visionamento da mesma, começa a ter aparições surreais, as quais funcionaram muito bem aos meus olhos, principalmente a cena da chuva.

É ai que faço uma pausa para falar sobre as cores do filme que são, provavelmente, um dos poucos aspectos positivos do mesmo. Há um certo tom ao filme, de castanhos e azuis, onde já havia no primeiro, faz com que haja um sentimento mais surreal ao filme. O pior disto é que não há um acompanhamento atmosférico prolongado no filme. Não estou a dizer que teria de assustar a tempo inteiro, não, longe disso. Não estou a dizer que teria de ter mil mortes como se fosse qualquer dos Sexta-Feira 13, não, até porque o primeiro também só teve 3 ou 4 mortes no máximo. Estou a dizer é que nunca sentimos o perigo, o incómodo, o medo constante, de uma boa atmosfera. Por exemplo, num filme chamado The Invitation, onde não temos muita acção a não ser no final do mesmo, temos um incómodo prolongado pelo filme inteiro, onde nem nós nos sentimos fora de perigo, mesmo sabendo que é apenas um filme.

A edição é básica, muito básica em certas situações, houve uma ou duas vezes onde na passagem de cenas até inseriram um fade out e um fade in… Por amor de deus, isto faço eu no Sony Vegas em casa e nem tenho curso de cinema!!!

Rings
© Paramount Pictures

As duas personagens principais são dois “Putos” de 17 anos, prestes a ir para a universidade, cheios de amor ‘pra dar e ‘pra vender, pelo menos aparentemente. Duas personagens que conhecemos e estão elas na cama, declarando ele, de forma amorosa embora estranha, o seu amor por ela, com uma frase que foi inserida como eu insiro o meu cartão de crédito numa caixa de multibanco para tirar dinheiro… dolorosamente.

O desenvolvimento de todas as personagens no filme é inexistente, ponto; sei mais sobre a Samara e ela nem fala mais do que todo o resto. São personagens onde sinceramente não tenho qualquer compaixão, ou seja, se morrerem, esquece, nem ia ao funeral, nem mandava flores inclusive.

Os Jumpscares são constantes e como todos os outros em TODOS os filmes, são desnecessários, sei que houve muitos mas houve um que me irritou profundamente, o da fechadura (Não vou spoilar), onde mesmo quem não seja fã de terror, ao ver aquilo, sabia perfeitamente que iria ser assim… Como odeio Jumpscares…

Rings
© Paramount Pictures

A Samara, que foi o centro do filme, por terem focado demasiado no historial dela tentando desvendar a razão da sua morte, aparece muito pouca vez, e, quando aparece, o efeito da mesma (CGI) está, sinceramente muito mal feito. O primeiro filme tem uma Samara muito mais assustadora. Fora isso, as mudanças de cenário, entre o mundo real, e o mundo da Samara estão literalmente muito parecidos aos do Silent Hill, desde o cenário, ao ambiente, algo que não ajudou nada ao filme em si.

As semelhanças entre este e outros filmes não passa apenas pelo Silent Hill, há um outro filme que foi avistado neste, o Nem Respires (Don’t Breathe), nem imaginem o quanto respirei fundo nessa parte, porque sinceramente resultou muito menos que o Nem Respires, mas isso também não seria difícil.

Rings
© Paramount Pictures

Não vou alongar mais porque não vale a pena. Não é que não tivesse muito mais para martelar negativamente mas sinceramente não vale a pena gastar a ponta dos meus dedos sob o teclado, como também não vale a pena o mero comum ir ver o Rings. Posso dizer apenas que o fim, e como fecharam, seria um perfeito início e mote para o começo e desenvolvimento deste filme, em vez do que se passou até este momento. É um filme que quis prestar tributo ao primeiro, usar a fórmula, mas ao mesmo tempo ser muito mais do que conseguia ser, abrangendo muito mais e sem a devida execução. É um filme inútil, sem nenhum conteúdo inovador para a série e o género.

‘Pra mim, e ‘pra o resto do mundo, se o segundo filme já era mau, este então, ao vermos, apetece fechar o raio do poço, ‘pra sempre… Tenho dito.

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