Crítica – “Sorte à Logan”, de Steven Soderbergh

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Após ter anunciado que se ia retirar da indústria, Soderbergh não conseguiu resistir ao seu argumento e decidiu voltar à cadeira de realizador com o filme “Sorte à Logan”.

Aviso já que eu nunca vi a trilogia “Oceans”, por isso não vou comparar a trilogia a este filme.
Apesar de o seu regresso ser bem-vindo e de Soderbergh mostrar ter controlo total do filme, como é costume dele, enquanto realizador, argumentista e cinematografo, o filme não vai deslumbrar ninguém. Achei-o bem realizado, mas a nivel de argumento, sinceramente, nunca me senti emocionalmente investido no assalto. Não há uma grande motivação para que o mesmo se suceda. A história é demasiado simples, tal como a motivação das simples personagens, o que faz com que não me sinta preocupado o suficiente com o resultado final do assalto. O maior lucro que posso dar a Soderbergh é mesmo a sua cinematografia, fazendo com que “Sorte à Logan” seja um dos filmes mais bem filmados do ano.
Concluindo as menções aos aspetos técnicos, o filme tem uma boa edição (tanto de montagem como sonora), mas a banda sonora é bastante medíocre, onde a única música que se destaca é mesmo a “Take Me Home, Country Road”, de John Denver.
É uma banda sonora que entra e sai muito bem por ambos os ouvidos.


De longe, a melhor parte do filme são as representações do elenco todo (que faz lembrar um conjunto enorme de universos cinematográficos num universo paralelo, se pensarem bem no assunto), especialmente de Daniel Craig que rouba o “palco” a toda a gente com a sua personagem e o seu sotaque.
A química dos irmãos Logan (Channing Tatum e Adam Driver) também é excelente. E é essa química, não só essa mas a de toda a gente envolvida no assalto, que faz com que a comédia do filme resulte.
Mesmo aquelas personagens que têm poucos momentos no ecrã são capazes de transmitir o seu toque de charme, tornando cada uma um tanto memorável à sua própria maneira.

O que estou curioso para ver é a maneira que este filme será recebido pelo público, porque apesar de parecer algo bastante mainstream a nível de história, é também um filme realizado de maneira a parecer mais um tipico “art film” ao estilo de Soderbergh, o que pode levar a um certo confronto entre pessoas que querem ver o filme para ver O filme enquanto outras vão ver o filme para comer pipocas.

Um dos maiores problemas deste filme é que assim que o terceiro ato começa o filme apenas prolonga, prolonga e prolonga até dizer chega. Compreendo o porquê de o ser, mas acho que não era necessário acrescentar assim tanto material à conclusão.
Se o filme tivesse menos 20 minutos desse terceiro ato, de certeza que ficaria muito mais satisfeito com a conclusão.
Sem dar nenhum spoiler do que acontece, há uma personagem que aparece, que acaba por ser acrescentada ao filme sem qualquer necessidade, e ainda se pode sentir que é uma alguém que pode muito bem ser interpretada por qualquer pessoa, enquanto que nas outras personagens não conseguimos ver outros atores nas peles das suas personagens.

Concluindo, apesar de ter um argumento bastante cómico, interpretações inesquecíveis e de estar bem realizado, o filme não é nada de extraordinário.
É um filme que, de certo, será visto uma vez e depois será esquecido com o tempo, e colocado numa prateleira a ganhar pó. E, tendo em conta que é um filme de Soderbergh e a maior parte do público fica dividido com o seu estilo, é bem capaz de acontecer.
Ou, com sorte, ainda ganha um astuto de filme de culto com o passar do tempo…
Quem sabe? Apenas a receção ao filme e o tempo dirão.

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