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Crítica: “The Intern” de Nancy Meyers

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Todos nós temos um género de filmes que gostamos mais. Aquele género que, por muito mau que um filme o represente, sempre temos curiosidade e fazemos por vê-lo quando possível. O género deste filme não é o meu favorito.

Atenção, não quero ser mal interpretado. Também gosto de comédias, mas quando vou ao cinema procuro sempre aquele filme com maior capacidade de entretenimento: ação, aventura, fantasia, terror, géneros que me fazem sentir mais vivo e com vontade de também fazer parte daquele enredo empolgante do início ao fim. Contudo, há sempre uma comédia ou um drama que acaba por chamar as atenções e despertar a minha dormente curiosidade nestes dois géneros. Foi o que aconteceu com “The Intern”.

Realizado por Nancy Meyers, “The Intern” conta a história de Ben Whittaker (Robert De Niro), um reformado viúvo de 70 anos que decide viver a vida ao máximo, aproveitando o maior número de experiências possível. Ao ler o panfleto que pedia por estagiários seniores para trabalhar como estagiários numa empresa online de moda, Bem decide arriscar e embrenhar-se numa nova experiência. É então que conhece Jules Ostin (Anne Hathaway), a criadora do website AboutTheFit e uma pessoa (supostamente) difícil de lidar, e Ben torna-se no estagiário pessoal desta, iniciando o tema de toda a película.

THE INTERNSinceramente, estava à espera de muito mais. Durante a primeira metade do filme, muito pouco se passou e ao mesmo tempo muito aconteceu. Conhecemos as várias personagens que trabalham na empresa, como Ben rapidamente se encaixa no meio de tantos jovens, tendo em conta a sua idade, e como muito facilmente conquista a (supostamente) difícil Jules. A sério, esperava um leve conflito entre os dois desde início, mas nada de tal acontece ao longo de todo o filme. Ben é um cavalheiro nato, dá-se bem com toda a gente, dá conselhos aos mais jovens, aprende a usar as ferramentas tecnológicas de agora e cria uma boa relação de amizade com Jules.

Ao chegar o intervalo, o meu maior problema encontrava-se na falta de um conflito, algo que fizesse a história avançar e que não a tornasse num simples “slice of life” aborrecido durante duas horas. Não tardou para que o ritmo lento fosse substituído por um momento mais cómico que envolveu Ben e mais três rapazes da empresa entrarem em casa da mãe de Jules e eliminar um e-mail do computador da mãe por esta ter recebido uma mensagem que não era suposto ser para si. Foram apenas uns meros minutos que fizeram parecer com que o filme estivesse mais vivo, mas tão rapidamente surgiu como desapareceu.

Jules é tida como uma mulher complicada, dedicada ao trabalho e independente, e o filme quer dar-nos a entender que não tem praticamente tempo nenhum para o marido e filha. Muito pelo contrário: apesar de se mostrar uma mulher muito ocupada, não existem muitos momentos que evidenciem uma disfunção familiar. A filha é uma criança muito bem comportada e o marido é bastante dedicado e preocupado com a carreira profissional da esposa, o que faz com que o terceiro ato do filme não encaixe com o resto do enredo.

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“The Intern” não é um mau filme, mas muito dificilmente o classificaria como uma comédia. Fez-me um pouco de confusão ver De Niro (bastante conhecido pelas suas brilhantes performances em pérolas como “Taxi Driver”, “GoodFellas” e “Cape Fear”) interpretar um homem tão carismático e demasiadamente perfeito. Hathaway é também uma excelente atriz, mas a sua personalidade e ar simpático não a deixa interpretar personagens complicadas; por isso a vaga ideia de que Jules é a pessoa difícil que todas as outras personagens querem fazer passar.

Resumindo, “The Intern” é aquele filme para ver quando não há mais nada de interessante para ver. O desenvolvimento de personagens é conseguido através dos muitos diálogos, e isso é realmente o ponto mais forte de todo o filme, e quando vemos o quão Ben e Jules se compreendem. Contudo, não passa disso, e a falta de um plot device que deixe a história mais interessante torna o filme mais aborrecido.

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