MotelX 2017 | Mais um ano, e muito terror à mistura!

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O que tem o MotelX que nos faz lá ir ano após ano?! Dezenas de longas metragens, muitas curtas – nacionais e internacionais -, antestreias em primeira mão, e a possibilidade de nos cruzarmos com realizadores e atores de renome!

Não, não estamos esquecidos. Apenas ainda estamos em recuperação psicológica por saber que ainda falta um ano para o próximo MotelX. É que, ano após ano, edição após edição, o festival cresce e oferece-nos coisas novas e melhores. E, cereja no topo do bolo, corrige eventuais falhas. E o Cinema São Jorge, embora seja o palco principal, já não é o único sitio onde o terror entra, permitindo que este se espalhe um pouco pela cidade.

Cenário habitual das noites durante o festival

Mas vamos lá falar desta edição de 2017. E vou começar pelos pontos que, a meu ver, faltaram e que estiveram presentes em edições anteriores. O carrinho dos gelados ajuda a arrefecer o sangue quente, o painel de raio x foi engraçado, mas faltou as típicas personagens animadoras que por lá andam a interagir com o público. Esta foi, para mim, a única falha. De resto, 48 filmes e 28 curtas, de manhã à noite – literalmente -, em 6 dias, é, só por si, motivo para lá estarmos sempre. O podermo-nos cruzar com realizadores e atores de renome, pelos corredores e pedir aquela foto envergonhada, também é uma mais valia. E, claro, os prémios que oferecem, ajuda a que o público, mais do que ir só ver filmes, queira participar com um, mesmo que seja só uma curta. E por falar em curtas, com um prémio de 5000€ + 5000€ em serviços pós-produção Kino Sound Studios, das 9 a concurso, a grande vencedora foi “Thursday Night”, de Gonçalo Almeida! Uma curta que encantou o público e o júri (composto pela actriz Maria João Bastos, o músico Carlão e o realizador Can Evrenol) “pela história, pela direcção, pela fotografia e pelos actores”, acrescentando que se trata de “um filme que nos marcou muito, que consideramos único e que certamente ficará na nossa memória”. Uma história de um cão que, numa quinta-feira à noite, recebe a visita inesperada de um fantasma, também cão, e que o faz vaguear pela casa a tentar encontrá-lo e deixa a mente do público a vaguear pelo fantástico da realização e imagem. Sem dúvida, uma vitória merecida. “Thursday Night” fica, assim, automaticamente candidata ao Prémio Méliès d’Or, que será atribuído pela Federação Europeia de Festivais de Cinema Fantástico em Novembro, na cidade de Trieste.

Entrega do prémio da melhor curta de terror a Gonçalo Almeida, com “Thursday Night”

E na competição internacional de Melhor Longa de Terror Europeia, o filme vencedor foi “Cold Hell” de Stefan Ruzowitzky, que, tal como a curta vencedora, fica automaticamente selecionada para o Prémio Méliès d’Or. O júri composto pelo crítico Kim Newman e os actores Rogério Samora e Iris Cayatte consideraram que a vitória de deveu à sua “relevância contemporânea, acção emocionante e imaginativa e excelentes performances de todo o elenco”. “Cold Hell” conta a história de uma taxista turca que é perseguida por um serial killer, depois de esta ter sido testemunha de um dos homicídios por ele cometido. Passado numa Alemanha multicultural, é um thriller que nos mostra que, muitas vezes é fácil confundir fanatismo religioso com o que, de facto, a religião quer transmitir.

Ainda ao que filmes diz respeito, há que falar nos convidados de luxo com que todos os anos somos brindados, este ano não foi exceção, com a presença de duas lendas vivas: Roger Corman (EUA) e Alejandro Jodorowsky (Chile). Tivemos oportunidade de ver o clássico de Jodorowsky, “El Topo”, onde é realizador e ator. Um filme redoado de várias polémicas e que transportou Jodorowsky para um patamar de onde não mais saiu, sendo, hoje, um dos nomes associados ao surrealismo. Já Roger Corman esteve presente numa conversa onde podemos ficar a conhecer melhor o seu percurso, como deu a primeira oportunidade a muitos grandes realizadores contemporâneos como Coppola, Scorsese e Ron Howard, o porquê das várias adaptações ao cinema de contos de Edgar Allan Poe.

Alejandro Jodorowsky (ao centro) em conversa moderada por Kim Newman
Roger Corman

E por falar em Edgar Allen Poe, um dos maiores escritores de terror, de ação científica e de histórias de detetives de todos os tempos, e como isto do terror não vive só de filmes, a organização em conjunto com a editora Saída de Emergência, decidiram lançar uma edição de luxo de capa dura com 28 histórias de Edgar Allan Poe e com ilustrações de 28 artistas portugueses: “Os melhores contos de Edgar Allan Poe”. Uma sessão onde tivemos oportunidade de perceber melhor as origens, o trabalho e a vida deste enorme escritor. Foi, também, possivel adquirir o livro com as autógrafos de alguns dos ilustradores presentes.

Livro “Os melhores contos de Edgar Allan Poe”

Em resumo, foi isto. E se isto é um resumo, imaginem o que seria contar a história com todos os pormenores deste festival que desperta o interessa nos miúdos e nos graúdos, dos de “look mais alegre” aos dos “look mais escuro”, enfim, de todos aqueles que são fãs de cinema. Se este ano foi assim, e tal como já disse, melhora a cada nova edição, só nos resta mesmo aguardar por 2018 e tentar não roer as unhas e arrancar os cabelos em desespero. Já sabem, é como se costuma dizer “quem espera, desespera”, mas não se esqueçam que “quem espera sempre alcança”! Outra coisa que não se poderão esquecer é de comprarem os bilhetes o mais rápido possivel. Parecendo que não, esgota facilmente e muitas vezes é difícil encontrar lugar onde sentar uma pessoas que seja.

Sala Manoel de Oliveira sempre cheia.

Só nos resta dizer: Volta MotelX, estás perdoado!

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