O clássico de animação da Disney “O Rei Leão” conta a mesma história com um tratamento mais moderno e tecnologicamente incrível. Será suficiente para agradar a todos?
Os remakes dos clássicos de animação da Disney fazem escorrer muita tinta. Desde “Maléfica”, em 2013, até “Aladdin”, que saiu há uns meros 2 meses, todos tiveram um consenso geral, seja este positivo ou negativo, entre o público e os críticos.
Agora, a meio de 2019, Disney lança o seu maior desafio no que diz respeito a esta tendência de actualizar os seus clássicos – o lançamento do filme de animação mais aclamado de sempre “O Rei Leão”.
Jon Favreau regressa à cadeira de realizador depois do seu enorme sucesso com a adaptação de “O Livro da Selva” (2016) para trazer esta história ao grande ecrã de uma forma nunca antes vista.
A história já toda a gente conhece. Depois de presenciar a morte do seu pai Mufasa (James Earl Jones), Simba (JD McCrary / Donald Glover) foge do seu reino e da responsabilidade como rei, apenas para se descobrir a si mesmo e a sua coragem para cumprir o seu destino. Ou seja, é Hamlet com animais.
Comecemos esta crítica pelo ponto mais forte e mais fácil de se falar sobre o mesmo – os efeitos visuais de “O Rei Leão” são brilhantes, revolucionários e de cortar a respiração. Estamos na presença de algo nunca antes visto no grande ecrã.
Tudo o que temos o privilégio de ver em “O Rei Leão” é totalmente artificial, gerado por computador. Porém, é tudo altamente realista e fotograficamente perfeito, parecendo mentira que não estamos mesmo a ver animais a interagir num ambiente real. Toda a magia é ainda mais realçada com a excelente banda-sonora, mais uma vez orquestrada pelo mestre Hans Zimmer, que dá uns retoques no seu trabalho anterior e volta a transpor magia musical para o grande ecrã.
É ainda importante referir o excelente trabalho que o elenco fez ao emprestar as suas vozes às personagens. Desde o lendário James Earl Jones, repetindo o seu papel de Mufasa, tal como novos comparsas como Seth Rogen, Chiwetel Ejiofor ou Billy Eichner, todos oferecem o seu melhor e encaixam nestas personagens como uma luva.
Contudo, dois elementos do elenco destacam-se de uma forma mais fraca relativamente aos seus restantes companheiros, sendo estes Donald Glover e Beyoncé, como Simba e Nala respectivamente. Não é que eles não tenham executado bem o seu papel, porém são totalmente submergidos pelo excelente trabalho que todo o resto do elenco está a fazer, ficando-se apenas pelo serviço razoável que prestam.
Jon Favreau e a sua equipa fez um trabalho tremendo ao recriar a história da animação de “O Rei Leão” neste novo conceito, deixando qualquer pessoa de boca aberta em total desarme lógico e emocional perante o que está a presenciar visualmente.
Porém, é exatamente na recriação da história do filme de animação que reside aquele que poderá ser considerado o maior defeito de “O Rei Leão”. Apenas com umas diminutas alterações, esta nova adaptação é um réplica passo-a-passo do original.
O facto de ser uma adaptação fiel ao original irá dividir fortemente o grande público – o que apenas queria ver o mesmo filme com um toque moderno e assombrosamente revolucionário, e o que queria ver uma nova abordagem à animação de 1994, mantendo o mesmo carinho e empatia existente no mesmo.
Por este motivo, “O Rei Leão” será o remake da Disney mais divisivo até ao momento, e será debatido milhentas vezes pelos Facebooks e chat rooms desta vida.
A minha opinião? Eu aconselho qualquer pessoa que esteja curiosa a ir ver este novo “O Rei Leão”. Apesar de não inventar a roda no que toca ao original, é um passo gigante no que toca à parte técnica e deslumbrante de se ver no grande ecrã.
Porém, sendo tão semelhante ao original apenas com nova maquilhagem, a questão que se impõe e que deve ser debatida de modo racional será: qual o motivo da existência deste novo “O Rei Leão”? Foi feito como uma carta de amor ao original ou com apenas a intenção de encher os bolsos com notas carregadas de nostalgia?