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Subtilezas (Des)Medidas – Os filmes que marcaram a carreira de Willem Dafoe

Rúben Fonseca
  • Outubro 2, 2018
  • 7 min read
Subtilezas (Des)Medidas – Os filmes que marcaram a carreira de Willem Dafoe

Com uma carreira consolidada, Willem Dafoe está prestes a atingir a marca dos 100 filmes. Versatilidade, ousadia solidez nas suas performances ajudam a definir a sua carreira como ator.

O ator Willem Dafoe, que conta com quase uma centena de longas-metragens no seu currículo, nasceu no dia 22 de julho de 1995, nos Estados Unidos da América. Dafoe é internacionalmente respeitado por trazer versatilidade, ser arrojado e ter a ousadia de arriscar em alguns dos filmes mais emblemáticos que marcaram várias gerações, como são os casos de “Platoon – Os Bravos do Pelotão” (1986) e “Homem-Aranha” (2002).

Ver também: Subtilezas (Des)Medidas – Os filmes que marcaram a carreira de Natalie Portman
Willem Dafoe
He.

Intrínseca e bem patente está a sua curiosidade artística em explorar a condição humana, que o levou a experimentar outras formas de fazer cinema, marcando assim presença em filmes mais independentes, como são os casos de “A Sombra do Vampiro” (2000), “Antichrist – Anticristo” (2009) e “Ninf()maníaca (Parte II)” (2013).

Sargento Elias em “Platoon – Os Bravos do Pelotão” em (1986)
Willem Dafoe
Sargento Elias.

Personagem: Um militar do pelotão da 25ª Divisão de Infantaria que combate no Vietname, perto da fronteira com o Camboja.

Forte, intenso e visceral, Willem Dafoe conseguiu com este papel o seu melhor desempenho da carreira. Um dos papéis mais complexos da sua filmografia, Sargento Elias revela-se um homem de ideias bem vincadas e algo rígido.

Nesta longa-metragem cujas filmagens duraram apenas 54 dias, foram várias as peripécias que ocorreram, algumas delas com Willem Dafoe. Num certo momento do filme, a personagem de Dafoe é avisada para não beber água de um rio porque pode contrair malária. Curiosamente, durante as filmagens, o ator bebeu água de um rio sem saber que nesse mesmo rio, mais a cima, estaria um porco morto, infetando a água. O ator livrou-se da malária, mas ficou doente durante um dia inteiro.

O filme que ganhou 4 Óscares e foi nomeado para outros 4, destaca-se igualmente por ter uma das piores personagens e um dos piores desempenhos num filme bom. Chris, interpretado por Charlie Sheen, apesar de ser uma hecatombe, consegue resumir-se a quase nada, não afetando de maneira muito significativa o filme e, nomeadamente, o desempenho dos seus pares.

Willem Dafoe foi nomeado para o Óscar de melhor ator secundário com o desempenho neste filme.

Realizador: Oliver Stone

Jesus em “A Última Tentação de Cristo” (1988)
Willem Dafoe
Jesus.

Personagem: Jesus Cristo, figura bíblica que travou durante toda a sua vida uma luta constante pela liberdade do seu povo.

Num filme extremamente controverso, ora não fosse tudo o que tem que ver com a religião, bastante longo, talvez em demasia, podemos elencar o milagre de Willem Dafoe. O ator que vestiu a pele do grande profeta prometido, a figura central do Cristianismo, conseguiu, tal como a sua personagem, realizar um milagre, o de “aguentar” quase três horas de filme e não exagerar nos gestos nem tornar o filme enfadonho, numa obra tão centrada numa personagem.

Quando o filme obteve finalmente luz verde para avançar, em meados dos anos 80, Martin Scorsese ofereceu o papel de Jesus para Aidan Quinn, que havia sido inicialmente escalado para fazer o papel durante uma tentativa anterior de fazer o filme. Posteriormente, Scorsese ainda considerou Ed Harris, Eric Roberts e Christopher Walken antes de optar por Willem Dafoe.

A entrega do ator é também uma imagem de marca que ficou bem vincada quando filmou uma cena do filme com uma febre extremamente alta e quando ficou sem ver durante 3 dias devido à quantidade exagerada de colírios que colocava para dilatar as pupilas dos olhos sob a luz do sol para obter um efeito sobre-humano.

Realizador: Martin Scorsese

Ward em “Mississipi em Chamas” (1988)
Willem Dafoe
Ward.

Personagem: Um agente do FBI que investiga o desaparecimento de três ativistas dos direitos civis no estado do Mississípi.

Embora extremamente criticado pela forma como a história é apresentada, sobretudo pela enorme ficcionalização que lhe é imposta, o filme conta com um bom argumento. Contudo, a obra de Alan Parker não se fica por aqui quanto aos atributos que apresenta. Com uma excelente cinematografia, o filme tem nas interpretações dos atores um dos seus pontos altos, nomeadamente no que toca a Gene Hackman, Frances McDormand e Willem Dafoe.

Num filme sobre um acontecimento histórico que acabou por contribuir para a criação da Lei dos Direitos Civis, que veio a tornar-se um marco importante para colocar um fim aos diversos sistemas estaduais de segregação e discriminação perante as diferenças de sexo, religião ou cor da pele nos Estados Unidos, Dafoe veste a pele do agente Alan Ward e executa a sua personagem de uma forma muito credível. Seguro, consistente, sendo sempre subtil  ao longo de todo o seu desempenho, o ator faz o que lhe é pedido sem arriscar muito. A “culpa” disso mesmo remete mais para a essência da personagem do que para a ousadia (que quase não podia haver) do ator.

Realizador: Alan Parker

Green Goblin/Norman Osborn em “Homem-Aranha” (2002)
Willem Dafoe
Green Goblin/Norman Osborn.

Personagem: Um cientista que cria uma fórmula para aprimorar as suas capacidades físicas e intelectuais enveredando, depois de a ingerir, pelo caminho da loucura.

A personagem de Dafoe, assim como o próprio ator, têm como uma das suas principais características, o carisma. E isto levou a que, tanto a personagem, como o filme, marcasse uma geração.

O primeiro filme da Marvel a exibir o logótipo da marca, apresenta-nos uma dicotomia extremamente bem montada. Por um lado, um herói que nos faz querer ser como ele. E por outro, um vilão do melhor que há, que nos faz, para além de o temer, gostar dele. Muito disto se deve à tremenda complexidade que existe entre Dafoe Tobey Maguire.

O fato do famoso Duende Verde foi, inicialmente, projetado para ser mais volumoso e blindado. Acontece que quem iria vestir esse mesmo fato seria Willem Dafoe. O ator decidiu filmar as suas próprias cenas de ação, então rejeitou esse fato em detrimento de outro mais aerodinâmico. A roupa final foi composta de 580 peças e Dafoe demorava meia hora para o colocar. Desta forma, permitiu que o ator realizasse cerca de 90% de suas próprias cenas de ação.

Realizador: Sam Raimi

Bobby em “The Florida Project” (2017)
Willem Dafoe
Bobby.

Personagem: Gerente de um motel, que zela pelo bom funcionamento do seu negócio, bem como dos seus usuários. Mais concretamente, de um pequeno grupo de crianças, funcionando assim como o seu protetor.

A personagem de Willem Dafoe é o pilar central do filme. É Bobby quem suporta a historia, o elenco, e quem dá a estabilidade que o filme precisa. Semelhante ao que acontece no seu papel como ator. Tendo o filme sobretudo atores amadores, nomeadamente as suas figuras principais, Dafoe consegue fornecer ao projeto o que ele necessita para se transcender e ser considerada uma obra significativa: experiência, consistência e, sobretdo, maturidade.

Muito seguro, como já é habitual ser nos seus trabalhos, o ator norte-americano consegue um desempenho imaculado, sem erros. Uma atuação deveras convincente, que marcou assim o regresso do atoràs nomeações para o prémio máximo do cinema. Repetindo, aliás, a categoria da primeira nomeação.

Realizador: Sean Baker

Rúben Fonseca
About Author

Rúben Fonseca

Rúben Fonseca, 23 anos, licenciado em Educação Social na Escola Superior de Educação do Porto. Sou de Valongo, Porto. Os meus interesses passam pelo cinema, futebol e política. Considero-me uma pessoa extremamente auto-crítica e perfecionista.

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