“The Haunting of Bly Manor” é um romance gótico perfeitamente esplêndido!

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“The Haunting of Bly Manor” é a nova série da Netflix cuja estreia se deu na passada sexta feira.

Esta é a segunda série na antologia “The Haunting” começada com a excelente “The Haunting of Hill House”, lançada em 2018 e escrita e realizada por Mike Flanagan (Doctor Sleep).

Estava muito ansioso para esta nova série, isto porque “The Haunting of Hill House” é uma das minhas séries preferidas dos últimos tempos. Aliás, na semana passada decidi rever a série em preparação para o novo capítulo desta antologia e tenho que referir que melhorou exponencialmente. Hill House é a obra-prima de Mike Flanagan, desde a excelente história que se monta como um puzzle muito satisfatório, às excelentes performances e direção de fotografia. Uma série a não perder!

Assim sendo, estava bastante curioso por esta nova aposta que trazia de volta Flanagan na realização do primeiro episódio e conta também com boa parte do elenco de Hill House a interpretar personagens diferentes. Tenho que reiterar que esta série não se passa no mesmo universo de Hill House, porém sim, temos vários atores em papéis de destaque que fazem parte do elenco principal da primeira série.

Desta forma, “The Haunting of Bly Manor” traz-nos uma adaptação das obras de terror gótico de Henry James, particularmente da sua obra “The Turn of the Screw”. A história começa com Dani (Veronica Pedretii) nos anos oitenta quando esta é contratada por Henry Wingrave (Henry Thomas) para se mover para a mansão Bly onde irá tomar conta dos sobrinhos de Henry cujos pais morreram num acidente.

A partir daqui a história acompanha a jornada não só de Dani, mas também das crianças e restantes membros da casa e família. A maior surpresa desta série talvez seja o facto de que ao contrário de Hill House, o terror do género acaba por tomar uma posição secundária.

Ver também: A Maldição de Hill House – Quando um fantasma é um desejo

 

 

Não me interpretem mal, a série consegue ter momentos assustadores, porém estes não possuem a mesma força que o verdadeiro foco da série, que se baseia nas relações entre as personagens. Bly Manor é um romance, mais especialmente um romance gótico. A série estuda os relacionamentos de diversos casais na história, desde relacionamentos trágicos, a relacionamentos proibidos até relacionamentos tóxicos. É uma série sobre amor e muito mais sentimental do que esperava.

Por conseguinte a série toma uma atitude bastante vagarosa no que toca ao seu mistério, porém isso também é outra das suas várias qualidades. O detalhe no desenvolvimento das relações entre personagens, em especial no que toca à protagonista e à criada da casa, é feita de forma tão natural, bela e por vezes melancólica.

O arco da protagonista é sem dúvida o melhor da série e Veronica Pedretti demonstra mais uma vez uma grande presença na tela interpretando uma personagem frágil e traumatizada. Mais uma vez as crianças, tal como na série predecessora entregam ótimas performances, em especial Flora, interpretada por Amelie Bea Smith, cuja frase de feito é perfeitamente esplêndida!

Ainda nos pontos positivos, a cinematografia da série é mais uma vez imaculada. Cada episódio tem um escopo enorme e valor de produção inegável, sendo que por vezes parece que estamos a ver um filme e não uma série. Os dois últimos episódios da série foram sem dúvida os mais envolventes, criativos e emocionalmente impactantes.

De facto, a série termina de forma tão satisfatória que me faz quase relevar as partes fracas desta temporada. Porém, não as podemos ignorar. Afinal de contas, são nove episódios de uma hora cada e ao fim de nove horas há certos aspetos que acho que deviam ter sido melhor trabalhadas.

Existem certas regras na mística do mistério que parecem um bocado vagas ou vão contra certos aspetos explorados em episódios ao longo da temporada. Isto torna-se evidente com a personagem de Oliver Jackson-Cohen cujo ponto de virada e passado narrativo, por vezes torna-se inconsistente com determinadas ações que a personagem toma ao longo da série.

 

Não só isto, mas também há momentos em que de facto a série se alonga demais e perde o ritmo. O episódio cinco por exemplo, apesar de carregado por uma boa narrativa e uma excelente performance de T’nia Miller, torna-se bastante repetitivo muito devido pela longa duração de uma hora que nem sempre se sustenta em alguns episódios da série.

Porém os romances e traumas nesta série são na sua maioria bem desenvolvidos e criam um estudo de personagem que se monta no psicológico de cada relação e na criação dos fantasmas que vivem dentro de cada um de nós. Uma série que apesar de longa e por vezes aleatória, termina com uma chave de ouro e apresenta outra boa entrada ao universo de “The Haunting”!

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