Todos os anos existe um filme de terror que acaba por captar a atenção do público e dos críticos. «The Witch», «Get Out», «Mother!» são apenas alguns exemplos. Este ano, o filme de low-budget «Um Lugar Silencioso», aparenta ser um dos melhores candidatos ao lugar.
O filme é protagonizado pelo próprio realizador John Krasinski e pela sua mulher (na vida real e no filme) Emily Blunt. Retrata uma família obrigada a viver em silêncio após serem invadidos por criaturas que atacam através do som. O filme «Um Lugar Silencioso» conta também com a participação de Noah Jupe e Millicent Simmonds (os filhos do casal).
«Um Lugar Silencioso» consegue aterrorizar sem utilizar o artifício dos diálogos. O filme, possui pouquíssimos diálogos e muitas vezes apresenta-se sem qualquer som. Especialmente por uma das personagens ser surda e quando estamos com ela entramos na sua própria realidade.
Este filme consegue provocar no espectador aquilo que muitos filmes deste género não conseguem. Vários filmes de terror recorrem ao som para criar tensão na cena. Muitas vezes os jump scares acontecem quando existe aquele silêncio momentâneo. O espectador apesar de saber o que vem aí acaba por se assustar à mesma.
Em «A Quiet Place» tudo é silêncio. A música, maravilhosamente composta pelo compositor Marco Beltrami, é minimalista e quase nem damos por ela. As personagens usam linguagem gestual para comunicarem entre si. Comem sem talheres e andam descalços para fazerem o mínimo barulho possível.
No entanto, se tudo é silêncio, o espectador não sabe o que esperar nem quando o esperar. Visto que, neste filme o silêncio não funciona como um aviso passageiro, mas sim como um aviso constante durante todo o filme.
O poder do suspense acaba por ser tão forte que o silêncio no filme provoca o silêncio do próprio espectador.
A fotografia, de Charlotte Bruus Christensen (Fences, The Hunt), é sem dúvida um ponto forte do filme. Os tons verdes e acastanhados da floresta em contraste com os tons mais quentes da cabana formam imagens esteticamente belas.
Não podemos deixar de reparar em certas semelhanças com outras obras como «Cloverfield» e «Stranger Things». Apesar do realizador se inspirar noutros filmes não deixa de dar o seu toque pessoal bastante surpreendente e positivo. Especialmente porque se trata do terceiro filme que realiza (o primeiro deste género).
A representação é bastante boa, no entanto Emily Blunt leva o prémio de melhor representação. A atriz tem um dos maiores desafios no que toca à representação. Dar à luz sem poder usar a voz recorrendo apenas à expressão facial e corporal.
Também Millicent Simmonds que na vida real também é surda, faz igualmente um óptimo trabalho. Especialmente num filme em que o som é o que pode determinar a vida das personagens. No entanto, a surdez da personagem não é retratada como uma fraqueza no filme. Esta característica acaba por ter uma grande importância e impacto no filme e nas próprias criaturas.
O filme possui um final aberto deixando muitas perguntas suspensas. Por estas razões muitos espectadores pedem uma sequela. É sem dúvida, um daqueles filmes que ficam para a história. Usando o silêncio como uma mais-valia neste género cinematográfico.
Ver também: Paramount anuncia sequela de Um Lugar Silencioso