Cartas e companheirismo: a história de “Brincando com a sorte”

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Intitulado “Brincando com a sorte” em português, “California Split” é um filme clássico dos anos 70 que muitos (incluindo o site Vulture.com) consideram ser o melhor filme sobre casinos de sempre. “Brincando com a sorte” segue as aventuras de dois amigos, protagonizados por George Segal e Elliott Gould. É considerado um “buddy film” de culto e um dos maiores destaques da carreira do realizador Robert Altman, também conhecido pelo seu trabalho em “Gosford Park” e “Short Cuts – Os Americanos.”
“Brincando com a sorte” é uma das melhores comédias do realismo da década de 70, mas esteve perto de nunca ser produzido. A fascinante história de como o filme acabou por ser feito envolve um ator falhado, os estúdios da MGM, e a participação de um jovem Steven Spielberg.

A história de “Brincando com a sorte”


Steven Spielberg, o realizador de “Parque Jurássico,” co-escreveu o argumento de “Brincando com a sorte.”

Joseph Walsh é um nome relativamente desconhecido do cinema americano. Após passar cerca de duas décadas a tentar fazer carreira como ator, Walsh decidiu mudar de rumo e tornar-se argumentista. Um apaixonado por jogos da sorte, escreveu um roteiro baseado na sua experiência como jogador e no tempo passado em casinos.
Sem grande experiência no campo, Walsh decidiu pedir ajuda a um amigo próximo: um tal de… Steven Spielberg. Na altura ainda à procura da sua primeira grande oportunidade como realizador, Spielberg ajudou Walsh a criar o roteiro durante cerca de nove meses.
Com o apoio de Spielberg, Walsh criou uma fascinante história sobre casinos que é, no seu âmago, um filme sobre uma amizade entre dois homens. Walsh e Spielberg apresentaram o roteiro à MGM, que considerou a história interessante. No entanto, o estúdio fez demasiadas exigências aos dois escritores.
A MGM queria que a ação do filme se passasse no casino Circus Circus em Las Vegas e incluísse elementos da Máfia. Os dois pedidos não faziam sentido no contexto da história concebida por Walsh e Spielberg e o projeto acabou por não dar em nada. Pouco tempo depois, Spielberg esqueceu o roteiro de “Brincando com a sorte” para se concentrar na realização do seu primeiro filme: o drama de 1974 “Asfalto Quente,” com Goldie Hawn e Ben Johnson.

O papel de Robert Altman

Sem o apoio de Spielberg ou da MGM, Walsh acabou por enviar o roteiro a Robert Altman, na altura um promissor realizador. Altman apaixonou-se pela história e aceitou realizar o filme com o apoio dos estúdios da Columbia. Durante o processo de produção, Walsh e Altman envolveram-se em várias discussões porque tinham uma visão diferente para vários momentos da história.
No final, Altman tomou a decisão ousada de financiar o filme por si próprio e criou uma produtora especificamente para o propósito. Não fosse a vontade do jovem realizador, “Brincando com a sorte” nunca teria existido.

Um filme sobre cartas, casinos, e companheirismo


Muita da ação de “Brincando com a sorte” gira em torno do clássico baralho de cartas.

O enredo de “Brincando com a sorte” segue as desventuras de dois amigos: Charlie, um jogador experiente e algo desnaturado, e Bill, um jogador amador que acaba por contrair uma dívida de jogo. Para ganhar o dinheiro perdido, Bill decide investir todas as suas poupanças num jogo de poker de alta parada. Com o apoio do mais experiente Charlie, Bill acaba por enfrentar várias figuras de vulto na mesa de jogo. O destaque vai para a presença de Amarillo Slim, um célebre profissional das cartas que acabou por fazer uma aparição surpresa no filme.
Durante o filme, os jogos de casino e o companheirismo são os temas mais comuns. Bill e Charlie exploram todo o género de jogos de sorte, incluindo as corridas de cavalos. Muita da ação baseia-se no poker, um popular jogo de sorte que recorre a um baralho de cartas semelhante ao baralho de cartas português. Graças ao conhecimento profundo do mundo dos casinos de Walsh, “Brincando com a sorte” está repleto de dicas de jogo avançadas e algumas curiosidades pouco conhecidas. É um filme obrigatório para qualquer fã de jogos de sorte.
Contudo, “Brincando com a sorte” é mais que uma história sobre jogos de casino. Fundamentalmente, é uma comédia que explora as interações entre dois homens que são tão loucos quanto familiares. É um “buddy film” perfeito para ver com um grupo de amigos, com muitos momentos engraçados e com alguns diálogos absolutamente memoráveis.

Estilo e receção

“Brincando com a sorte” ainda não faz parte dos anais do cinema americano, mas é reconhecido como uma das melhores comédias realistas da década de 70. Quando foi lançado, foi elogiado não só pelo desempenho dos dois atores principais mas também pelo retrato simultaneamente negro e divertido da cidade de Las Vegas e do sonho americano. Muitos dos momentos do filme foram improvisados (principalmente as interações entre Segal e Gould).
Apesar de não ter rendido uma fortuna, “Brincando com a sorte” faturou cerca de cinco milhões de dólares. Atualmente, é considerado por muitos um dos melhores filmes do conceituado Robert Altman.

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