A “Mulher Maravilha” chegou finalmente aos cinemas e está a ser um sucesso enorme. Grande parte do seu sucesso tem a ver com quem está ao leme, Patty Jenkins. que soube perceber o que este género de filmes precisava (em particular o universo da DC).
Em particular, conseguiu fazer um filme sobre uma “mulher” poderosa sem cair em clichés. O mais interessante é que este foi apenas o seu segundo filme. O seu primeiro é o nosso Filme da Semana e chama-se “Monstro”.
É baseado na história real de Aileen Wuornos, uma prostituta que se tornou na primeira mulher “serial killer”. Além de realizar, Patty Jenkins também escreveu o argumento.
Aileen Wuornos, protagonizada por Charlize Theron, uma prostituta com uma historia de vida complicada e a ponderar o suicídio, conhece Selby Wall (Christina Ricci) e acabam por se apaixonar. Pouco tempo depois, Aileen é violada por um cliente, mas, defendendo-se, acaba por o matar. Apesar de este momento servir como uma “wake up call” e após as várias tentativas de ter uma vida com um emprego normal, Aileen acaba por voltar a prostituir-se. Nasceu assim, a primeira mulher “serial killer”.
“Monstro” foi o primeiro filme de Patty Jenkins, que não só o realizou como também foi responsável pelo argumento. Para mim, esta é uma das grandes razões por ter sido tão surpreendido quando o vi pela primeira vez. A outra é Charlize Theron, mas já lá vamos.
Jenkins teve o privilegio (ou não) de conhecer e entrevistar a verdadeira Aileen Wuornos, que inclusive lhe deu cartas suas. Isto permitiu à jovem realizadora conhecê-la de facto, e assim construir uma personagem realista e conseguir contar a sua história na perspectiva da assassina. Claro que há liberdade criativa, mas o grande mérito de Patty Jenkins é principalmente na construção da sua personagem principal.
Agora, vamos mudar as atenções para Charlize Theron. Quem já viu o filme sabe do que estou a falar quando a menciono. Foi daquelas “performances” que poucos conseguem. Primeiro temos a transformação física que a actriz teve. Irreconhecível é a palavra que mais é associada a este filme. A excelente caracterização foi chave: fez-nos acreditar que estávamos a ver a verdadeira Aileen sem exageros, permitindo assim focar na personagem e não na sua aparência.
Charlize Theron foi verdadeiramente assustadora e ao mesmo tempo fez-nos sentir uma certa empatia por esta assassina. Deu um lado humano a uma pessoa que não o deveria ter. Não é para qualquer um (neste caso uma), dar uma sensação de “eu até a compreendo”. A verdade é que foi perfeita e por essa razão ganhou o Óscar de Melhor Actriz, entre outros prémios.
Bruce Dern e Christina Ricci também estiveram bem tal como as “vítimas” de Charlize, em particular Scott Wilson (The Walking Dead). No entanto, os pilares deste filme são as duas mulheres que mencionei antes, Patty Jenkins e Charlize Theron.
“Monstro” acaba por não ser fácil de ver, mas prende-nos e não nos deixa virar para o lado. Torna-se difícil assistir a algumas situações que Aileen passou, mas muito pior é ver as suas decisões.