Green Room é um exemplar modelo de como fazer terror a sério, convincente e agressivo.
O filme conta a história de uma banda punk que, à procura de dinheiro fácil, aceita tocar num bar neo-nazi. Ao abalar, deparam-se com uma situação que os põe em risco. Assim vêem-se obrigados a esconderem-se na green room, parte do backstage do bar.
As personagens são… Bom, são pessoas. Pelo menos agem como tal, e isso é o que importa. Tomam decisões acertadas, reagem de forma natural e espontânea ao que acontece (de acordo com a sua personalidade) e pensam mesmo nas suas ações antes de as tomar. É claro que algumas personagens agem impulsivamente, mas aí já entra a personalidade e o próprio stress do momento, e essas personagens são-nos apresentadas como impulsivas desde o início do filme.
Jeremy Saulnier, que escreveu e realizou o filme, consegue construir tensão ao ponto de esta se tornar constante, sem prejudicar o ritmo do filme. No pico da ação, mais ou menos a meio do filme, o enredo adensa-se e o ritmo escala fervorosamente. Como os americanos costumam dizer, shit hits the fan. É neste ponto que vemos claramente a natureza crua e fria de Green Room, algo que lhe dá uma essência única, apesar de rude.
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Se esperam ver um filme sem qualquer tipo de sustos (jumpscares), ficarão desiludidos. Há momentos em que Green Room manda o espectador ir-se lixar e simplesmente faz o que quer, com tamanha violência.
Por falar em violência… os que não esperam ver sangue também ficarão desiludidos. Com efeitos práticos espectacularmente executados e alguns toques de computador que ajudam a tornar mais exacerbado o banho de sangue, a película não poupa no choque. Aí também se esconde um pouco da magia de Green Room: além da tensão de roer as unhas, o choque abrupto da violência meio-que-exagerada agarra o público que, desprevenido, não consegue fazer nada além de observar, em completo desconforto e espanto, o nível do perigo que as personagens enfrentam.
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Green Room não é para qualquer visualizador. Mesmo os fãs de um bom filme sangrento poderão ser apanhados de surpresa nalguns momentos. Eu próprio, que posso dizer que não me afeto muito por cenas explícitas, fiquei incomodado por certas partes específicas. Quem já viu o filme saberá bem do que estou a falar.
Ainda assim, Green Room entrega com sucesso uma história que por momentos parece ser demasiado real. A violência, apesar de exagerada, é exibida com um propósito e no sítio certo, com respeito e não apenas para “entreter”. Este filme prova ser uma experiência rara no que toca a thrillers, claustrofóbica, tensa e bruta.