John Wick 3: Implacável – Uma enxurrada de violência, em duplo sentido

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“John Wick 3: Implacável”, um filme repleto de cenas de ação bem executadas, mas que cai facilmente no exagero, pecando em aspetos onde não era de todo esperado.

O filme “John Wick 3: Implacável” é, como o próprio título indica, o terceiro de uma saga de filmes de ação que acompanha de perto a vida de um assassino, que após ter-se reformado, voltou ao ativo depois de lhe terem roubado o carro e matado o cão oferecido pela esposa recentemente falecida.

Neste último capítulo, John Wick foge desesperadamente, após ter sido excomungado por ter matado um membro da Alta Cúpula dentro do Hotel Continental, onde, segundo as regras, era expressamente proibido praticar tais atos. Havendo uma recompensa de 14 milhões de dólares pela sua captura, Wick parte numa corrida contra o tempo, fugindo e lutando contra tudo e contra todos, com o objetivo de escapar da cidade de Nova Iorque.

A premissa para este terceiro capítulo está explícita no título original: “John Wick: Chapter 3 – Parabellum”. Baseado no provérbio em latim “Si vis pacem, para bellum”, que pode traduzir-se com “Se quer paz, prepare-se para a guerra”.

Depois de se ter empoleirado num patamar bem alto com a realização da segunda longa-metragem, a terceira parte desta saga não se consegue segurar e cai, embora não de forma muito vertiginosa. Com um orçamento de cerca de 55 milhões de dólares, a produção teve recursos que as suas precuelas não tiveram e, por isso, por culpa própria, o filme descamba quando tenta exagerar. Na violência, não na quantidade, mas na forma como é exibida e no tempo que cada cena leva até terminar e, sobretudo, na comédia forçada e sempre fora de tom que apresenta.

Tudo bem até ao primeiro coice.

O filme começa bem. Tendo início no exato momento onde o segundo capítulo termina, “John Wick3: Implacável” apresenta uma cena de ação algo longa, mas muito bem concebida, com momentos que fazem arrepiar. Entretanto, no segundo terço dessa mesma cena, acontece o inesperado. Uma cena ridícula de sucessivos coices de um cavalo que fez, aquele momento do filme, parecer uma daquelas obras baratas de ação que misturam comédia.

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É a partir daqui que se começa a notar algumas diferenças entre as duas longas-metragens anteriores e este novo capítulo. Temos então os dois lados da reinvenção das cenas de pancadaria e a criatividade das mortes. Algumas delas são brutais. O sangue a espirrar da cabeça, uma lâmina afiada a entrar num olho, ou um corpo a ser devorado por um cão. Contudo, há cenas de luta e mortes irrisórias e tremendamente estapafúrdias, ligadas muitas vezes à comédia. Cavalos a dar coices e piadas que apelam à gargalhada, são os exemplos mais gritantes.

Outro ponto negativo é a breve aparecição de algumas personagens. A forma como elas entram e saem de cena é questionável. Não sendo propriamente pelo tempo de tela que dispõem, mas sim como (não) são apresentadas e pelo desfecho que têm. Basicamente isto serve para explicar a ideia de que o filme mal respira. E, mais uma vez, não sendo pela quantidade e brutalidade das cenas de ação, mas sim pelas pausas mal aproveitadas que tem.

Porém isto trouxe coisas positivas. Uma das melhores cenas de ação e, de todo o filme, advém da introdução das personagens de Halle Barry (Sofia) e Jerome Flynn (Berrada). Bem conduzida, fazendo jus às excelentes cenas de ação dos outros dois filmes, com um novo toque, ou melhor, dois novos toques, a introdução de dois canídeos um tanto quanto ferozes. Porém, o que é bom rapidamente se desvanece.

A falha na escolha da banda sonora.

Contrariamente ao som, que é muito bem usado e sincronizado, a banda sonora é mais um elemento que foge, de forma intencional, dos filmes anteriores. Para além de se distanciar daquilo que a saga outrora apresentou, revela-se, na sua maioria, pobre e não se adapta bem ao filme, sendo a grande excessão a “Winter from The Four Seasons”, do compositor Antonio Vivaldi.

A destacar pela positiva estão os ótimos cenários, contudo não aproveitados ao máximo, o excelente argumento e, no seu ponto mais alto, as inúmeras cenas de ação bem desenhadas e brilhantemente executadas.

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Chad Stahelski tentou fazer de “John Wick 3: Implacável” um filme repleto de ação, arriscar em algumas situações e usar a comédia para quebrar o pacing e fazer o filme respirar. Coisas que caíram por terra. A intenção é boa, a execução, nestes aspetos, é péssima. Pode entender-se o trabalho de Stahelski como uma realização algo arrogante.

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