O espião mais desastrado dos serviços britânicos, interpretado Rowan Atkinson, volta à ação em “Johnny English Volta a Atacar”. Desta vez, Johnny terá de combater a supremacia tecnológica dos tempos modernos.
Penso que grande parte da população europeia terá memórias nostálgicas e afáveis de Rowan Atkinson como Mr. Bean. Uma personagem pouco faladora e inocente, que nos fazia rir apenas com um esgar facial. Para se afastar da rotina dessa personagem, o ator decidiu assim embarcar numa nova saga no grande ecrã. Em “Johnny English”, que se estreou em 2003, interpreta um britânico desastrado.
Em 2018, Rowan regressa assim à personagem na terceira entrada no franchise, intitulado “Johnny English Volta a Atacar”. Desta vez, quando os serviços secretos britânicos sofrem um ciberataque que revela a identidade de todos os seus espiões, Johnny English terá de sair da reforma, por ordem de Primeira Ministra (Emma Thompson). Isto com o propósito de descobrir quem está por detrás deste ataque, bem como de prevenir um golpe tecnológico que afectará o Mundo. Para isso, terá então de voltar a trabalhar com o seu parceiro Bough (Ben Miller) e resistir à bela Ophelia (Olga Kurylenko) e descobrir para quem ela trabalha.
Mais uma vez, Rowan Atkinson mostra o seu poder enquanto ator de comédia física. Qual Charlie Chaplin, em todos os momentos que o filme pede o ator consegue resgatar recordações de momentos gloriosos que detemos da série dos anos 90 que o popularizou. Porém, transposto para uma longa-metragem de hora e meia, depressa perde a sua frescura para conseguir cativar o público.
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O argumento não consegue equilibrar a comédia física com a fluidez narrativa. Além disso, as piadas em si são mal construídas e totalmente previsíveis. O filme depende demasiado de caretas e “parvoíces” que Rowan faça para nos fazer rir. Este tipo de comédia física resultava em sketches de dez minutos que constituíam a série Mr. Bean. Neste filme, todavia, a comédia física não está formulada de forma perspicaz e cativante, tornando-se gasta demasiado depressa.
A narrativa oferece uma dicotomia entre a era moderna tecnológica com a era antiga, denominada no filme por “old school”. Para além da ideia em si não ser inovadora, até mesmo para filmes de espionagem (basta olhar para o “Skyfall”), tem um olhar sobre a tecnologia exacerbado e paradoxal. Muitas das ferramentas que English utiliza para cumprir a sua missão são totalmente irrealistas e requerem um maior sentido de uma certa evolução tecnológica do que aquilo que o vilão utiliza, criando um paradoxo dentro do argumento. Mesmo não utilizando computador ou telemóvel, tudo o resto é tecnologia de alto gabarito.
Para os fãs mais acérrimos, “Johnny English Volta a Atacar” oferece aquilo que estão à espera, apesar de não conseguir sustentar o peso de uma longa-metragem. Todavia, para quem procura um pouco mais do que caretas por parte de Rowan Atkinson, possivelmente não encontrará aquilo que procura neste filme.