Museu | Um assalto histórico com suspeitos fora do costume

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Gael García Bernal protagoniza o grande assalto ao Museu Nacional de Antropologia, na Cidade no México.

Nomeado a 14 Prémios Ariel (os Óscares do México), “Museu” chegou aos cinemas portugueses a 20 de Agosto.

“Museu” retrata o assalto que chocou o México na manhã de Natal de 1985. Na noite de 24 de Dezembro de 1985, desapareceram do Museu Nacional de Antropologia, na Cidade do México, 140 artefactos do período pré-hispânico, incluindo a máscara de jade do funeral de Pakal, o Grande, da civilização Maia e o famoso jarro de obsidiana do macaco que segura a sua cauda, da civilização Azteca.

As buscas iniciaram imediatamente com mais de uma dezena de suspeitos. Por todo o mundo falava-se de grandes traficantes ou de uma possível intervenção do KGB ou da CIA. O assalto certamente só poderia ter sido realizado por um grupo de vários ladrões profissionais.

“Museu” segue a história de dois jovens estudantes de veterinária, oriundos de famílias da classe média, que numa noite decidiram cometer o assalto para mudar de vida. Gael García Bernal e Leonardo Ortizgris interpretam estes dois jovens, apesar de na realidade ambos serem muito mais velhos, Bernal, por exemplo, tem 42 anos de idade.

Segundo o realizador, Alonso Ruizpalacios (“Narcos: México”, “Gueros”), o argumento afasta-se da realidade à medida que a história vai progredindo e isso revela-se nas escolhas do realizador, que retrata com precisão o assalto ao museu, mas gradualmente começa a dar mais importância à viagem psicológica que à viagem física dos dois protagonistas, à medida que enfrentam as consequências.

Ruizpalacios demonstra uma visão criativa e estética, sobretudo na forma como explora os espaços, com grande precisão nos movimentos de câmara. Por sua vez, o argumento desenvolvido em colaboração com Manuel Alcalá, apresenta duas personagens bem modeladas e com diálogos realistas, sobretudo na relação difícil e abusiva entre a personagem de Gael García Bernal e a sua família.

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Por falar em Bernal, o ator de “Amor Cão” e “Diários de Che Guevara”, interpreta um jovem que pretende soltar-se da família, psicologicamente abusiva, sobretudo as irmãs, e que tem a ideia do assalto para conseguir fugir com o dinheiro que arrecadar com a venda dos artefactos. Por outro lado, Ortizgris, que já tinha entrado em “Gueros”, é aqui o contrapeso de “Museu”, mais consciente da realidade e das suas obrigações para com o pai doente.

Desta forma, “Museu” acaba por se focar mais na sociedade e cultura da época que no assalto, oferecendo uma história humana e emocional em vez de um thriller de ação. Isto pode desencorajar quem procurar o filme pelo acontecimento histórico, pois para além do assalto, não encontrará aqui toda a investigação policial, nem as consequências para alguns inocentes funcionários do museu, que durante meses viram a sua vida ser escrutinada pelos media, depois de a polícia os ter acusado injustamente de um assalto do qual não tinham feito parte.

O filme conta ainda com Simon Russell Beale (“A Morte de Estaline”), Bernardo Velasco (“Los Espookys”), Alfredo Castro (“O Clube”), Leticia Brédice (“Cinzas do Paraíso”) e Lisa Owen (“Pecado Original”).

“Museu” encontra-se em exibição nos cinemas desde 20 de Agosto, com distribuição da Films4You.

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