As experiencias e impressões de uma simples e pacata rapariga numa das maiores convenções de cultura Pop do Mundo, a Comic Con!
A escolha do Magnólia Hostel deveu-se única e exclusivamente ao seu nome! Por vezes é na simplicidade que encontramos as melhores escolhas.
“Magnolia” de Paul Thomas Anderson é um dos filmes da minha vida. Nunca liguei particularmente a flores, pelo que a magnólia até poderá ser uma bela espécie floral, mas não foi definitivamente esse o vector que motivou a minha escolha, mas sim o cinematográfico.
Habitualmente, costumo, entre amigos próximos, utilizar a expressão “É o Magnólia, my friend”, referindo-me, obviamente, a uma das temáticas abordadas no filme (não especificarei aqui neste espaço, para não ser spoiler).
Adiante! Vamos ao que me trouxe aqui, a este quarto partilhado no centro da Invicta!
Depois de uma noite descansada acordo focada no propósito da minha viagem -visitar a primeira Comic Con realizada em Portugal. Bem, em abono da verdade a minha primeira Comic Con, ponto final.
Com a disponibilidade e simpatia da recepcionista do Hostel foi fácil saber que o Bus 507 era aquele que me iria fazer chegar ao meu destino.
Munida da minha mala, onde albergava o essencial para a minha demanda – canetas, caderno, camara fotográfica e uma grande dose de curiosidade e mood geek, parti.
Rapidamente cheguei à minha paragem.
Após quase uma hora de espera, o tão esperado Bus 507 surge ao longe. Nessa altura já se verifica um considerável aglomerado de pessoas, essencialmente jovens, que claramente tinham o mesmo destino que o meu.
Com alguma sorte consegui um lugar na “cocheira” do autocarro que logo nas primeiras paragens do percurso já se encontrava a abarrotar.
Todavia, esse lugar tornou-se absolutamente privilegiado. Permitiu-me ter um “cheirinho” do que iria, minutos mais tarde, encontrar.
Aquilo que encontrei no Bus 507 foi um grupo de miúdos, jovens e graúdos que partilhavam a mesma linguagem, o mesmo entusiasmo. Como se pertencessem a um grupo especial e exclusivo.
E isso ainda aguçou mais a minha curiosidade e vontade de chegar ao destino!
Mas na verdade, estou a omitir o pormenor mais fascinante e importante desta viagem. É que a grande parte deste grupo estava vestido a rigor e à altura do evento!
Os mais fáceis de identificar (para uma pseudo-nerd como eu) eram claramente os fatos dos Super Heróis da Marvel/Dc Comics – o Batman, Iron man, Super Homem.. Mas e os restantes??? “Meu Deus” – pensei eu. “Vivo mesmo à parte deste mundo!”.
O rigor de alguns fatos e adereços usados refletiam, claramente, a adoração por aquelas figuras ficcionadas que tanta companhia lhes deve ter feito na vida.
O meu deslumbramento perante o que estava a assistir deveria ser facilmente notório na minha cara.
E nisto, finalmente, chegávamos à paragem tão desejada.
E, assim que o Bus 507 parou, o que saltava logo à vista era a fila gigante de pessoas que se encontravam no complexo empresarial, para fazerem o mesmo que eu: ENTRAR!
Luckely, uma vez que a minha presença tinha como objectivo relatar a minha experiencia e as ocorrências do certame, a Comic Con teve a amabilidade de fornecer acreditações ao Cinema Pla’net, o que me permitiu “fugir” à fila e aceder por outra entrada sem grandes delongas. E, desta forma, fácil e rapidamente dei comigo indoors pronta para começar a minha exploração.
Comic Con ready or not here i go!!!
Assim que entro no recinto apercebo-me que não tinha planeado, de todo, esta minha visita!
Olho fixamente para o panfleto com a programação do evento que me foi entregue à entrada e tento, mentalmente, definir a minha agenda.
Entre apresentações nos Auditórios A e B, Workshops, Hall of Fame, Fanzone, Exposyfy, Artist’s Alley não era fácil determinar a minha “ordem de trabalhos”.
Assim, e ainda um pouco desorientada, resolvo dar um giro ao espaço, fazer uma espécie de “volta de reconhecimento” ao local, na esperança que dessa forma o plano da minha visita ficasse bem definido na minha cabeça.
À medida que deambulava pelos vários salões, corredores e espaços criados para o evento, o que me tinha deslumbrado no Bus 507 tomava agora uma proporção absolutamente surreal! Sentia-me noutra dimensão, numa realidade completamente desconhecida!
A porta de entrada da Exponor funcionava como um Portal Mágico que dava acesso a esta Dimensão Especial (não era a Quinta Dimensão, mas bem que podia ser!) que, por sua vez, permitia respirar, viver nesta outra realidade, absolutamente, encantadora na qual podíamos claramente identificar três tipos de pessoas:
- Os Cosplayers
- Os Fãs!
- E as pessoas como eu!
Ora, em relação ao primeiro grupo devo admitir, com a maior humildade, que nunca tinha ouvido falar em tal conceito em toda a minha vida e desconhecia, completamente, no que consistia esta prática!
Mas, a verdade, é que o número de pessoas que orgulhosamente envergavam as roupas e adereços das suas personagens de ficção de eleição era, surpreendentemente, grande. O que, automaticamente, tornava aquele local num lugar ímpar e, de certa maneira, mágico.
Durante três dias estas pessoas puderam viver a e na pele dos seus ídolos, das suas personagens favoritas.
A maioria deste grupo encontrava-se vestido com o máximo de rigor. Nalguns casos as semelhanças com os personagens era verdadeiramente incrível.
A dedicação e seriedade destes cosplayers no desempenho desta atividade são inquestionáveis. Era fácil perceber que a maioria das roupas e adereços usados tinham sido manufaturados pelos próprios owners. Impressionante!!!
Mais que o orgulho com que desfilavam as suas criações, o entusiasmo e a satisfação de poderem estar num local onde pudessem partilhar esta paixão com os seus pares era notório em cada uma das faces destes fabulosos Cosplayers!
E isto remete-me, automaticamente, para o segundo grupo, os Fãs!
A par dos Cosplayers que, evidentemente, são fãs devotos quer das personagens de Animé, Manga ou dos heróis/vilões de comics e videojogos que representam, temos os fãs deste Fantastic Big World! Enquanto o Cosplayer representa o papel, o fã admira o personagem. O Cosplayer permite ao fã sentir que está a conviver na mesma realidade/dimensão que os seus ídolos e heróis. Permite-lhe pensar que a qualquer momento tem a possibilidade de ir beber um copo com o Darth Vader!
A partilha e a cumplicidade entre estes dois grupos era facilmente identificado pelo terceiro – Pessoas como eu!
Pessoas que, quer por questões profissionais ou movidos apenas pela curiosidade e vontade de presenciar este evento de renome mundial, encontravam-se, igualmente, ali, naquele certame, a partilhar entusiasmo, alegria, boa disposição e muitas emoções com os muitos Cosplayers e Fãs da Comic Con.
No fundo, quando ao longe se começa a ouvir a Marcha Imperial e vemos o desfile de uma data de stormtroopers a fazer guarda ao Senador e ao tenebroso Darth Vader tornamo-nos todos iguais!!!
Bem, mas adiante! E vamos ao evento propriamente dito!
A minha primeira paragem foi feita na Exposyfy.
Para uma cinéfila como eu poder estar perante peças e adereços originais (e também muitas replicas) usados em filmes míticos como “Blade Runner”, “Terminator” ou “Ghostbusters” é emocionante.
Perante isto muitos dir-me-ão “São apenas objetos! What’s the big deal?” Mas para quem nutre e sofre desta paixão, que é esta coisa dos filmes, entende que isto não é tão simples assim! A nostalgia que senti ao ver a camisola vermelha com listas verdes, juntamente com a inconfundível luva de longas lâminas usada pela personagem Freddy Krueger é impagável! E a Hanzō Swor usada pela bride mais mortífera de sempre? Ou simplesmente ver o Golden Ticket que dá acesso à Fábrica de Chocolates do Willy Wonka!? Esta visita permitiu-me viajar pelo tempo e pelas sensações que cada objeto me ia dando! Verdadeiramente imperdível!
E depois de uma passagem mais atenta pela galeria junto do Artist’s Alley onde era possível apreciar obras da Nona Arte, de artistas de renome como Javier Rodriguez e Marcos Martin dirigi-me ao Auditório A para assistir a algumas das apresentações do dia.
A propósito da sua participação na série “ The Walking Dead”, o ator Seth Gilliam, acompanhado pelo Boinas Luis Filipe Borges, estiveram na Comic Con, num auditório a transbordar de pessoas ansiosas por ouvir a estrela televisiva.
Mostrou-se sempre muito disponível para responder às várias questões que lhe iam sendo feitas e ia fazendo-o sempre com grande disposição! Exemplo disso foi a resposta dada à questão:
“ Para quem nunca viu a série como descreveria a sua personagem no “The Walking Dead”?
Black, Male and his a Priest!
“Teen Wolf”, série televisiva onde também colabora, foi mote para muitas das perguntas feitas ao ator, mas à questão
“Qual a série que gostou mais de fazer até hoje?”
Seth Gilliam foi perentório na sua resposta:
“The Wire, the best show in the television history”
Mesmo não acompanhando a serie “The walking Dead” foi muito interessante assistir a este painel, mas principalmente presenciar a interação dos convidados com os fãs. Fez-me pensar qual seria a minha reação se tivesse ali, ao meu dispor, o Woody Allen ou o Scorsese! Seria verdadeiramente Insane! Bem sei que o paralelismo feito é um pouco descabido, mas perceberam a ideia, certo?
Depois dos Zombies.. Ah e ainda a este propósito não posso deixar de fazer uma referencia a uma iniciativa do canal Fox, que consistia no aluguer de Zombies!! Sim, é verdade! Para quem quisesse passear pela Comic Con com um walker numa trela, era possível!! A interpretação e a caracterização destas pessoas eram impressionantes! Não tenho duvidas que fizeram soltar alguns gritos de horror a muitos dos presentes!! Confesso que houve um que conseguiu pregar-me um grande susto!
Mas eu ia mesmo onde? Sim!! Depois dos Zombies foi a altura do painel do “Star Wars Rebels” tomar lugar no Auditório A.
Com moderação a cargo de Quimbé, que tem a responsabilidade de fazer a voz do Yoda na serie de animação, estiveram, também, presentes os atores Bruno Ferreira (voz de Obi-Wan Kenobi), Mário Bomba (voz de Kanan Jarrus, uma das personagens principais de “Star Wars Rebels) e o criador do fato C-3PO Simon Wilkie.
Mas, o melhor do dia ainda estava para acontecer. A apresentação do filme “Capitão Falcão” foi, para mim, a cereja no topo do bolo. Por variadíssimos motivos:
1º Como uma cinéfila assumida, uma das minhas maiores tristezas é não ser uma entusiasta em relação ao cinema feito no nosso país! Mas o pouco que pude assistir nesta apresentação serviu para me deixar absolutamente em pulgas para ir ver este filme numa sala de Cinema perto de mim!!!! Confesso que esta é a primeira vez que tenho uma reação deste gérero perante uma produção nacional!
2º Finalmente, alguém neste país faz, ou tem a possibilidade de fazer, um filme, aparentemente, despretensioso com o único intuito de entreter os espetadores, oferecendo-lhes uma comédia pautada por artes marciais!
3º Bolas, o mote da história é um Super Heroí português que luta pelo Estado Novo e os vilões são os Capitães de Abril!!! Bem, acho que não preciso de dizer mais nada, pois não? Só isto aguça a nossa curiosidade, verdade??
Para a apresentação do filme acerca do primeiro Super Herói português, estiveram presentes o co-argumentista e realizador do filme João Leitão, o ator Gonçalo Waddington que interpreta a personagem de quem todos falamos – Capitão Falcão, e o ator David Chan que interpreta o Puto Perdiz, o sidekick do nosso super-heroí.
Após a visualização do episódio piloto da série que acabou por se transformar no filme, Capitão Falcão, os presentes tiveram possibilidade de questionar o painel acerca da história que incide sobre o Super Heroi Fascista Português, como o próprio realizador apelidou.
“Não tem um único palavrão, mas a meu ver é um filme muito ofensivo, mesmo sem ter um palavrão!” assim respondeu João Leitão à pergunta de como é que um filme português consegue não recorrer ao uso de bad words, tão característico nas produções nacionais.
Resumidamente, e passado um mês que assisti a esta apresentação o meu entusiasmo continua intacto e por isso apelo a todos os portugueses que vão ver este filme para podermos num futuro próximo ter direito ao Capitão Falcão II e III!!
E assim, rapidamente, chegava a hora de abandonar esta fantástica experiencia, que embora nem tudo tenha corrido na perfeição, tem o meu voto de confiança para as edições futuras! Se mesmo esta pseudo-nerd quer voltar a repetir o sabor da Comic Con, o que dirão os Cosplayers e os Fãs?? Que SIM!
Com toda a certeza voltar-nos-emos a encontrar em 2015!! Até lá Vida Longa e Próspera para todos!!