Quando começou a ser anunciado o elenco de Westworld, com Anthony Hopkins à cabeça, foi captada de imediato a atenção de muita gente.
Que projeto de TV seria este, que conseguiu recrutar para as suas fileiras o monstro de Hollywood que é Sir Hopkins?
Dir-vos-ia que depois de terminar a 1ª temporada de Westworld, percebi a razão de terem conseguido um ator daquele calibre. Mas na verdade, percebi-a antes ainda. Todo aquele universo cujo centro é o parque temático que dá nome à série, é construído de forma brilhante. A própria instituição ”Westworld” parece ganhar vida por momentos, dada a forma como certas personagens a vivem. A magnitude dos temas abordados não tem precedentes no mundo da televisão.
Acima de tudo, esta é uma série sobre os instintos mais primitivos da humanidade. Os ”Guests” (humanos que frequentam o parque), usam aquele espaço para satisfazer desejos viciosos e violentos. Desejos esses que são obrigados a reprimir na sua vida diária, por serem tidos como reprováveis pela maioria da sociedade. Afinal de contas, aquilo é tudo a fingir.
Mas será que é mesmo? À medida que assistimos cada novo episódio vamo-nos inteirando da facilidade que os humanos têm em abusar dos ”Hosts”. Estes termo designa robôs humanóides cuja função é satisfazer todos e quaisquer desejos dos humanos que visitem o parque. Tanto o corpo como a inteligência artificial destes robôs são tão minuciosamente construídos que se torna difícil distingui-los dos humanos. Razão pela qual se pode questionar a moralidade de quem se diverte às custas destas entidades que, à primeira vista, são tão humanos como todos nós. O conhecimento de que estamos a magoar um robô é suficiente para compensar a sensação de que estamos a magoar um ser humano?
A maior qualidade de Westworld é provavelmente a forma não tão subtil como nos faz refletir sobre aquilo que de mais vicioso há dentro de cada um de nós. Perante estes temas, cabe-nos a nós formar teorias sobre as muitas questões que certamente surgirão. Sejam elas referentes ao plot da série, ou relativas ao nosso próprio ser.