Carey Mulligan é “Uma Miúda com Potencial” neste candidato aos Óscares de Emerald Fennell.
O filme venceu o Óscar de Melhor Argumento Original na cerimónia deste ano.
Quem diria que a Camilla Parker Bowles de “The Crown” se tornaria nomeada ao Óscar de Melhor Realização e vencedora de um Óscar de Melhor Argumento Original? As pessoas que já sabiam que ela tinha escrito e produzido a excelente segunda temporada de “Killing Eve”.
Emerald Fennell apresenta no seu filme “Uma Miúda com Potencial” uma visão refrescante sobre fazer justiça pelas próprias mãos e responsabilizar a sociedade pelas suas decisões. Mais do que procurar quem ‘olhou para o lado’ num caso de violação de uma adolescente, Fennell faz da sua protagonista uma justiceira que dá lições aos homens que assediam mulheres ou que se aproveitam de momentos em que estejam indefesas.
Ver também: O Falcão e o Soldado do Inverno | O significado e o peso de um legado
Por sua vez, Carey Mulligan é quem personifica esta protagonista, num papel bem diferente daquilo em que estamos habituados a vê-la. A atriz londrina de filmes como “Drive – Risco Duplo”, “Nunca Me Deixes” e “Vergonha” tem aqui uma merecida segunda nomeação aos Óscares, mais de uma década depois do romântico “Uma Outra Educação”.
No papel de Cassie, Mulligan tem uma prestação intoxicante, caminhando entre adorável e ameaçadora, com extrema perspicácia e pitadas de humor. Temos aqui uma personagem com os ingredientes certos para pertencer ao panteão de heroínas feministas.
De não descurar a presença de Bo Burnham, ator e humorista recentemente aclamado pela realização de “Oitavo Ano”, que aqui serve de contrapeso, proporcionando alguma descontração na jornada de Cassie, que ano após ano está cada vez mais absorvida na sua luta por justiça.
De destacar ainda toda a componente técnica, de direção artística, direção de fotografia e guarda-roupa que conferem uma visão colorida e quase fantasiosa a um tema que de outra forma seria muito mais sóbrio e pesado, conferindo exatamente o estado de espírito provocador com que Fennell quer que o espectador encare e assimile o problema.
Dizer mais sobre “Uma Miúda com Potencial” e o percurso das suas personagens seria estragar o efeito surpresa, mas digamos que a ideia da realizadora é bem original e engenhosa do início ao fim do filme.
« Can you guess what every woman’s worst nightmare is? »
“Uma Miúda com Potencial” encontra-se em exibição nos cinemas portugueses desde 29 de Abril. Venceu o Óscar de Melhor Argumento Original e foi ainda nomeado a Melhor Filme, Melhor Atriz Principal, Melhor Realização e Melhor Montagem.