Hugh Jackman é o protagonista de um filme verídico que conquistou a crítica no Festival de Toronto.
“Bad Education” é um forte candidato aos Emmys e chega agora à HBO Portugal.
“Bad Education” baseia-se na história verídica do liceu norte americano Roslyn em Long Island, no qual o administrador da escola foi acusado de roubar cerca de onze milhões de dólares ao fundo escolar. O filme é realizado por Cory Finley e protagonizado por Hugh Jackman como Frank Tassone e Allison Janey como Pam Gluckin.
Este é o segundo filme do realizador Cory Finley. Após o incrível “Thoroughbreds”, Finley monta um filme com uma história contida contudo, cheia de floreados que incutem um estilo carnavalesco ao filme. Ao contar esta história o realizador propõe-se a abrir uma discussão na qual reflete que, por vezes, são as pessoas com boas intenções que se deixam levar pelo poder e acabam por perder a perspetiva.
Assim surge a personagem de Frank Tassone, cuja interpretação de Hugh Jackman revela um homem obcecado em tornar a sua escola a melhor do país. Ao longo de doze anos, o administrador levou o liceu ao top cinco das melhores escolas do país, porém isto demonstra-se insuficiente, sendo que Frank procura chegar ao topo a todo o custo.
A par dele, Pam Gluckin, interpretada por Allison Janney, é a primeira a ser excluída do corpo administrativo da escola devido ao elevado número dinheiro que a sua personagem desviou. Ambas excelentes performances que carregam muito bem o filme.
Interessante notar que o argumentista Mike Makowsky era estudante em Long Island durante a época em que a história real se passou. O guião é carregado pela importância de transmitir a verdade através da personagem Rachel Bhargava (Geraldine Viswanathan de “Miracle Workers”), cuja investigação jornalística para o jornal da escola, acaba por revelar o escândalo passado no liceu.
É através dela que o filme discute a importância de expor estes problemas, ainda que os “vilões” por trás do acontecimento sejam no fundo boas pessoas. Destaque para uma cena no segundo ato na qual ela contracena com Hugh Jackman. É neste confronto de morais que o filme é muito bem sucedido.
A cinematografia de Lyle Vincent transporta-nos para o começo dos anos 2000, seja pelo Design de Produção que monta o visual do filme como também pela filmagem em película que atribui uma estética muito polida à produção. A banda sonora destoa do esperado para a história que vemos no ecrã. As notas demonstram um tom cómico, muito semelhante ao tom leve ao qual observamos o protagonista no começo desta história.
À medida que a trama se desenrola, e Frank mergulha no escândalo, a música mantém-se um tanto cómica, ou melhor, torna-se sarcástica, quase como uma miragem do que se passa na vida do protagonista que escondeu tantos segredos com uma face simpática mas que agora acaba por desistir dessa face à medida que o seu crime vem à tona.
São várias as qualidades desta ótima produção, e o filme é de facto bem sucedido em adaptar os eventos reais do liceu de Roslyn. Ainda assim, a montagem do filme perde-se um pouco, em especial no terceiro ato. Se durante boa parte do filme acompanhamos apenas três personagens, o final acaba por dar atenção a um grupo maior de pessoas cuja história podia ter sido apresentada com mais tempo ao longo do filme para que o final fosse mais enxuto.
Ainda assim, Finley volta a demonstrar um enorme talento como realizador ao entregar um filme muito bem produzido, com uma história envolvente e excelentes performances. Muito curioso para ver o que Finley terá para oferecer em projetos futuros.
“Bad Education” está disponível na HBO Portugal.