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“Tyler Rake: Operação de Resgate” – Ação desenfreada

João Magalhães
  • Abril 25, 2020
  • 4 min read

Dos produtores de “Avengers: Endgame”, Anthony e Joe Russo e protagonizado por Chris ‘Thor’ Hemsworth, “Tyler Rake: Operação de Resgate” chegou à Netflix.

 ”Extraction” (ou no título português “Tyler Rake: Operação de Resgate”) passou no meu radar quando me contaram que o filme tem uma cena de ação filmada num long take de quinze minutos. Isto até já parece moda depois de filmes como “1917” e “Birdman”, o artifício do longo plano começa a ser utilizado e nem sempre de acordo com o que pede a narrativa. No caso de “Extraction”, narrativa não é algo a que o filme se proponha a entregar a cem por cento, mas é inegável o nível de entretenimento que a produção oferece.

 Produzido pelos Irmãos Russo (Avengers: Endgame), “Extraction” é protagonizado por Chris Hemsworth (Thor) e marca a estreia de Sam Hargrave na cadeira de realizador. Hargrave já havia trabalhado com os Irmãos Russos como Coordenador de duplos nos filmes da Marvel que eles realizaram. Na sua estreia como realizador nota-se uma técnica muito eficiente no que toca à montagem das cenas de ação.

 Todas as pancadas parecem acompanhadas por um movimento de câmara que motiva o “murro” ou a “bala”e por conseguinte atribui um grande impacto ao espectador. E sim, o long take está lá e é incrível. Esta sequência, usada para vender a qualidade cinematográfica do filme, tem a oferecer de tudo um pouco. Desde perseguição de carros, a luta corpo a corpo e até mesmo luta de facas. É realmente mirabolante e editado de forma impecável para entregar umas das melhores cenas de ação dos últimos anos.

 Não só a ação é muito bem dirigida, mas também os atores empregam muito bem o peso das lutas. Chris Hemsworth está muito bem no filme com uma performance muito física à qual este fez boa parte das acrobacias da sua personagem no filme.

 Apesar de tudo, “Extraction” sofre no quesito do argumento, que sacrifica o desenvolvimento mais humano das personagens e foca-se por completo na ação. É possível montar um filme deste género à volta das suas cenas de ação. Um exemplo disto é a saga “Missão Impossível”, na qual os argumentistas começam por pensar nas cenas de ação e posteriormente desenvolvem uma história que leve a estas.

 Contudo, sem personagens bem trabalhadas, a ação perante os olhos do espectador pode passar despercebida, como uma artifício técnico bem produzido mas com falta de espírito. As personagens são tratadas como objetos com pouquíssimo desenvolvimento e servem quase apenas para avançar a trama. Chris Hemsworth recebe o mínimo desenvolvimento como protagonista, contudo isto reduz-se a uma cena de cinco minutos a meio do filme e é só. Não conhecemos mais nada sobre a personagem, salva apenas pelo carisma do ator.

 É difícil olhar para um argumento raso e torcer pelas personagens nas situações de perigo. Algumas cenas que explorassem o lado mais humano do protagonista e seus companheiros seriam extremamente úteis para que  as personagens não se tornassem como meros peões num argumento oco. Acima de tudo surpreende-me ver o nome de Joe Russo no argumento do filme, realizador que, a par do irmão, transmitiu muito bem o lado humano dos heróis em filme comoCaptain America: Civil War.

 “Extraction” é de facto muito bem filmado. As suas cores são vibrantes, e as cenas de ação possuem um valor técnico formidável que promete entreter todos os fãs do género. É pena que isto não seja acompanhado por uma história ao nível da produção, porém, fica a curiosidade em futuros projetos do realizador que se demonstra talentoso atrás da câmara.

João Magalhães
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João Magalhães

João Magalhães, 18 anos, estudante de cinema em Southampton Solent University e baterista na banda Rooftop Residents. Os meus interesses giram em torno das artes, com um carinho especial por cinema, música, séries e literatura.

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