Em toda a história das bandas desenhadas norte-americanas surgem heróis e vilões que, no fundo, querem copiar aquilo que a Marvel e a DC têm vindo a criar. Não é a primeira vez que vemos Deadpool, sabendo da existência do Deathstroke, ou Zattana quando já existia Scarlet Witch. No entanto, se olharmos para os principais personagens de ambos os universos, os heróis mais interessantes são apenas dois… Spiderman e Batman.
Serão, muito provavelmente, as personagens que têm mais “material” cinematográfico, seja live action, seja em animação.
O aranhiço da Marvel é o herói mais relacionável. Um jovem, em altura de faculdade, com as suas falhas, os seus sonhos, as suas ideias malucas. Diria que qualquer um podia estar na sua pele, apesar de não ter sido mordido por uma aranha.
Os vários Batman
Já o morcego é bem diferente. Uma infância trágica, em que fica órfão muito cedo e que assiste à morte dos seus pais. Uma cidade que a cada dia que passa se torna pior, mais violenta, mais negra. Bruce Wayne tem um propósito. O seu ego e alter ego acabam por ser iguais, e ambos existem para combater a corrupção e violência de Gotham.
Batman é um fruto daquela cidade, daquele ambiente. E isso é evidente em The Dark Knight, quando Jim Gordon diz ao filho que o Batman não é o herói que a cidade necessita naquele momento, mas é o herói que merecem.
Em muitos filmes sobre o Batman, vemos muitas versões diferentes da personagem. Umas tratam a sua origem, juntamente com alguns dos vilões icónicos, como os filmes da década de 80 e inícios de 90, com Michael Keaton. Outros retratam uma origem mais heroica, mais filosófica de tudo, como é o caso da trilogia do Nolan, onde Batman acaba por ser um símbolo de luta contra o mal. Mais recentemente, com a versão de Matt Reeves, vemos uma versão policial. Porque Batman tem esta vertente, além de um herói, é um detetive, um super detetive.
É uma personagem tão densa, tão versátil, tão interessante, que atrevo-me a dizer que podiam fazer mais cem filmes da personagem e todas elas apresentariam ideias novas sobre a personagem.
Os vilões também fazem o herói
Os vilões são uma das partes mais importantes da figura mítica que é Batman. Porque, tal como ele, são fruto do ambiente da cidade. Aliás, se observarmos bem algumas das personagens, vemos uma dicotomia entre elas, que mais podia ser uma semelhança.
Joker é, certamente, o arqui-inimigo de Batman. É aquele vilão que quer fazer de tudo para que o morcego quebre a única regra que tem, não matar. É uma personagem também ela tão densa, tão interessante, que merecia um curso de psicologia sobre as suas origens.
Penguin é um típico chefe de máfia. E é excelente nesse propósito. É um vilão que se quer ver livre de Batman apenas por motivos de negócios, para conseguir continuar a comandar a cidade e a ter lucro.
Riddler tem-se mostrado ser uma personagem bastante interessante. Diria até que tem algumas semelhanças com Joker. Não no sentido de querer quebrar o Batman a nível psicológico, mas no sentido em que quer mostrar-se superior a ele. Batman é um excelente detetive e Riddler quer ultrapassar o raciocínio do morcego, tentando criar quebra-cabeças mais desafiantes, para tentar enganar o herói.
A mais recente interpretação do vilão em cinema, no filme The Batman, Paul Dano mostra-se ser um Riddler muito… enigmático. Uma pessoa que quer mostrar-se superior ao Batman, mas, desta vez, não só. Existe uma vingança pessoal, contra os poderosos da cidade, contra a alta sociedade, numa Gotham completamente engolida pela luxúria, pela corrupção, pelo suborno.
Por estas razões acho Batman o herói mais intrigante e interessante da história das bandas desenhadas de super-heróis.