Na última semana de março estive a acompanhar o festival de cinema BFI Flare no BFI em Waterloo, Londres. Este festival é inteiramente dedicado ao cinema que se foca nas histórias cuja temática seja LGTBQ.
Entre filmes de longa-metragem e curtas, várias línguas e países representados, entre documentários e ficção, foi uma semana e meia intensa e preenchida pela Sétima Arte. Neste artigo irei falar dos meus favoritos, daqueles que se apresentaram em lingua portuguesa e a minha experiencia na primeira vez a cobrir este evento.
Foi com muita felicidade que recebi o convite do BFI para cobrir este festival de cinema com uma temática tão apelativa. Uma semana e meia preenchida de filmes somente sobre historias LGTBQ. O ambiente na “casa” do BFI tinha uma energia e cores diferentes como se durante uns dias tivesse sido visitado por seres mágicos de um reino onde apenas boa disposição e dança existissem. Mas mais do que apenas uma diferença na atmosfera do BFI, é o sentimento de que podes ser tu próprio sem medos ou receios de seres julgada/o. Usa aquele vestido que toda a gente achava que era demasiado cor-de-rosa, pinta o cabelo de azul, usa a t-shirt da tournée do Ricky Martin de 1999, ninguém vai olhar para ti de forma diferente porque, revelação do dia, somos todos únicos.
Assim que tive acesso à biblioteca online, com 70% dos filmes do festival acessíveis para ver, não esperei muito para ter a minha lista de filmes que mais me interessavam ver, inclusive os nacionais, e que irei agora partilhar com todos vós:
- Greta (Armando Praça) Um brilhante filme sobre uma amizade de longa data entre duas pessoas queer e um criminoso que irá mudar as suas vidas.
- Deep In Vogue (Amy Watson) Um documentário sobre o poder da dança no coração da cidade de Manchester.
- Golpe de Sol (Vicente Alves do Ó) Um grupo de amigos, já nos seus 40, resolve ir passar um fim de semana debaixo do sol de Verão mas a ideia da chegada de um quinto elemento abala o resto do grupo.
- Wicked Woman (Anna Brownfield) Um breve documentário sobre uma revista australiana que causou bastante polémica nos anos 80.
- J T Leroy (Justin Kelly) Uma brilhante Biopic Queer sobre uma das maiores embustes da história da literatura.
O festival abriu com o filme Vita&Virginia de Chanya Button, e fechou com J T Leroy de Justin Kelly. Duas sessões fantásticas e ambas sobre pessoas que se aventuraram na literatura, separadas pelo tempo e sociedades, mas que revolucionaram a ideia de “género” e a sua fluidez. Espero que os nossos leitores dêem uma oportunidade a estes filmes, e muitos outros, e quem sabe para o ano não aproveitam uns dias em Londres e venham participar neste festival!