Vin Diesel sai de trás de um volante e revela-nos a sua faceta de super-herói em “Bloodshot”, a primeira longa-metragem de Dave Wilson.
Nos dias que correm, chovem filmes que têm como base bandas-desenhadas. Seja de gigantes como a Marvel ou DC Comics, ou mais obscuras como a Dark Horse e a Valiant Comics. Para o mais sério ou para o mais engraçado, há filmes de super-heróis para todos os gostos.
Para este início de década, o primeiro filme de super-heróis recaí sobre os ombros de “Bloodshot”, um herói vindo das páginas coloridas publicadas pela Valiant Comics.
Aqui, seguimos os passos de Ray Garrison (Vin Diesel), um excelente soldado americano que morre em combate. Mais tarde, este é ressuscitado por uma organização, liderada por Guy Pearce, que aumenta as capacidades físicas dos soldados através de nanotecnologia.
Com poderes de super-soldado, Garrison vê-se preso numa teia de mentiras e traições e terá de se libertar das garras desta organização para poder vingar a sua própria vida.
“Bloodshot” é, de facto, um grande tiro no escuro. Uma personagem menos conhecida por parte do público, vindo de uma editora de banda-desenhada mais independente, realizado por um estreante em longas-metragens e escrito por Jeff Wadlow (“A Ilha da Fantasia”), que ainda não escreveu nenhum filme aclamado universalmente.
Foi, de facto, uma aposta arriscada. E uma aposta que não foi bem sucedida. E dois grandes factores deste filme não ter atingido o seu potencial é mesmo Wadlow e Wilson – o argumentista e o realizador respectivamente.
Mas, primeiro, vamos ao ponto mais positivo deste “Bloodshot” – os seus efeitos visuais. Dave Wilson veio de um background de efeitos visuais, que trabalhou em obras como video jogos e em “Vingadores: A Era de Ultron”. E, apesar de alguns momentos ser evidente, visualmente o filme é interessante e cativante.
Porém, a sua realização denota-se um certo amadorismo. Apesar de ter intérpretes competentes ao seu dispor, nenhum se sobressai nem chegam a sair da sua zona de conforto. Todos marcam presença, mas sem uma presença que se destaque.
O argumento de Wadlow também não chega a impressionar. Apesar de ter apresentar conceitos interessantes e de, neste caso em específico, não se pedir enredos shakespearianos (é um filme de acção, apenas pedimos para nos divertir), não consegue passar da superficialidade da situação.
Onde “Bloodshot” deveria sobressair seria nas suas sequências de acção. Porém, a realização e edição das mesmas não faz jus ao seu potencial. Entre shaky cam e uma edição super rápida, certos momentos até se tornam incompreensíveis. E quando há tentativas de fazer uma grande sequência sem cortes (para podermos ver algo em toda a sua glória), decidem enveredar por uma mistura de slow motion/hiper rápido, a la “300” – uma técnica que não fascina ninguém e que já estava obsoleta há 10 anos atrás.
No fim de tudo, “Bloodshot” tem um conceito interessante, sendo que este advém das páginas coloridas da fonte original da história. Porém, uma realização amadora, edição medíocre e interpretações sem sal fazem com que não tenha valido a pena desperdiçar uma bala com este tiro no escuro.