Desde que foi anunciada a tão aguardada adaptação cinematográfica para o filme “Mulher Maravilha” que a personagem se tem visto envolvida em várias polémicas invulgares.
Estas são as cinco polémicas mais estranhas em torno da personagem considerada uma “role model” por parte de muitas mulheres.
Mulher Maravilha banida como embaixadora das Nações Unidas
A heroína da DC Comics sempre foi vista como uma referência no empowering feminino. Há 75 anos atrás a sua história, na altura em que surgiu, colocava uma mulher num lugar invulgar: uma personagem poderosa física e psicologicamente ao invés da clássica donzela em apuros dependente de uma personagem masculina.
No entanto, apesar do estereótipo da mulher indefesa ter entrado bastante em desuso, tal não quer dizer que a Mulher Maravilha seja apreciada por todos. No ano passado a personagem fictícia foi nomeada como embaixadora das Nações Unidas devido ao seu papel bastante reconhecido enquanto personagem feminina.
Contudo, a decisão rapidamente causou polémica por vários motivos. Um deles envolveu o facto da personagem ser fictícia. De acordo com uma petição, que contou com quase 45 mil assinaturas, para o cargo em questão seria fulcral a escolha de uma pessoa de carne e osso ao invés de uma personagem fictícia.
Rapidamente, Cristina Gallach, uma porta-voz das Nações Unidas, deu razão à polémica dizendo que existiam várias mulheres reais mais merecedoras desse papel, entre as quais se destacam Graça Machel de Mozambique, Alaa Murabit da Libya, Leÿcmah Gbowee da Liberia, a Rainha Mathilde da Bélgica, assim como as celebridades Emma Watson e Charlize Theron.
A segunda razão envolveu o visual da personagem, considerado “demasiado sexualizado” e promotor da “objetificação das mulheres”. No entanto, face a este aspeto, Gallach defendeu a personagem, salientando que os valores que a Mulher Maravilha passa acabam por ser mais importantes do que a sua imagem física.
Ainda assim, as polémicas continuaram e, dois meses depois, a Mulher Maravilha foi “demitida” do seu cargo.
Axilas de Gal Gadot causam reações acesas
Um dos momentos mais aguardados por parte dos fãs foi quando saiu o tão aguardado trailer do muito antecipado filme da heroína. No entanto bastou um milésimo de segundo do trailer para surgir um novo debate face à Mulher Maravilha como personagem feminista.
Foi este momento no trailer que causou esta polémica devido ao facto da personagem aparecer sem pelos nas axilas. Várias feministas rapidamente questionaram o cuidado dado aos sovacos por parte da Mulher Maravilha. De acordo com os críticos, devido ao facto da personagem estar a ser treinada intensamente por Zeus, por essa lógica mal teria tempo de se dedicar ao seu aspeto físico incluindo a fatores como à depilação.
Q: wouldn't an amazon like Wonder Woman have unshaven armpits anyway?
— Drug Monkey (@drugmonkeyblog) March 16, 2017
Outros chegaram mesmo a insinuar que devido ao contraste entre a cor da pele das axilas de Gal Gadot e ao resto da sua pele, os pelos das suas axilas teriam sido encobertos usando CGI. Esta polémica, contudo, foi rapidamente ridicularizada por parte de outros críticos que consideraram esta crítica fútil e sem nexo.
First female superhero film for 17 years and all the talk is about her armpits… #WonderWoman pic.twitter.com/MPXMERdi3S
— r.a.c.h.e.l t. (@racheltunnard) March 17, 2017
Are people seriously pissed about Wonder Woman having shaved armpits in the movie? Does it honestly fucking matter???
— allena ✞ (@PeachyyGengarr) March 17, 2017
https://twitter.com/Abandapart94/status/842171147873583104?ref_src=twsrc%5Etfw&ref_url=https%3A%2F%2Fmilo.yiannopoulos.net%2F2017%2F03%2Fwonder-woman-armpits%2F
The new Wonder Woman looks great and empowering. Quick, let's look for a flaw so we can constantly be negative. Oh, I got it. Her ARMPITS. pic.twitter.com/0TYzqLgQTt
— Rhéa (@ashelia) March 15, 2017
Cinema no Texas dá sessão exclusiva para mulheres
O Alamo Drafthouse, em Austin no estado do Texas, de modo a celebrar o facto de a Mulher Maravilha ter finalmente o seu filme resolveu avançar com uma sessão exclusiva para mulheres. O establecimento anunciou a sua intenção com a seguinte mensagem:
A mais icónica super-heroína na história de banda desenhada finalmente tem o seu próprio filme, e que melhor forma de comemorar do que com um visionamento totalmente feminino?
O anúncio convidou todas as mulheres, assim como pessoas que se identificam como mulheres a comparecer à sessão. A iniciativa rapidamente causou controvérsia dizendo que a iniciativa causaria divisão entre os sexos devido à exclusão do público masculino da iniciativa. O Alamo Drafthouse respondeu dizendo que o foco da iniciativa não eram questões de igualdade, mas sim a celebração da Mulher Maravilha como personagem inspiradora para várias mulheres. Um homem chegou inclusive a desafiar a iniciativa comprando um bilhete e indo assistir ao visionamento apesar da restrição.
https://twitter.com/redsteeze/status/868130450119831552
Apesar de todas as controvérsias a iniciativa contou com uma grande adesão, tendo até tido um novo visionamento no establecimento do Alamo em Nova Iorque.
A Mulher Maravilha é problemática devido a “heteronormatividade”
Uma publicação feminista, a Ms. Magazine, recentemente lançou uma publicação na qual a sua autora, Stephanie Abraham, criticou vários aspetos relacionados com o físico da Mulher Maravilha e não só. A autora começa o artigo salientando que apesar da personagem ser considerada feminista, não representa o movimento como um todo.
O artigo ora defende a personagem (criticando aqueles que criticaram a atriz por não ter seios suficientemente grandes) ora rebaixa-a por ela não ser de outra etnia, não ser mais gorda ou até por não ter tendências homossexuais.
Até a conclusão final do filme não é poupada quando a autora refere que o facto da Mulher Maravilha concluir que no final “apenas o amor poderá salvar o mundo” coloca as personagens femininas numa posição mais fraca em relação aos heróis homens e dá força a estereótipos datados da mulher como sendo mais emotiva em relação ao homem.
O artigo encerra com a seguinte conclusão:
Como a Mulher Maravilha, temos que liderar no campo de batalha e ser os responsáveis pelo bem-estar emocional da família, da comunidade e do mundo.
Filme banido no Líbano devido a descendência de Gal Gadot
Horas antes de estrear no Líbano o filme da Mulher Maravilha viu as suas portas barradas à sua estreia no Líbano. O motivo? O facto de Gal Gadot, atriz principal, ser de descendência israelita. O filme é chamado nesse país, de forma depreciativa, como “o filme da soldada Israelita”.
A atriz aliás cumpriu dois anos de serviço militar no exército israelita, tendo saído com uma perspetiva bastante positiva assim como uma noção de “disciplina e respeito”. “Não foi assim tão difícil para mim, deu-me um bom treino para Hollywood”, referiu Gal em entrevista à revista “Fashion”.
Aparentemente o mesmo país terá tentado bloquear “Batman vs Superman” precisamente pelo mesmo motivo, contudo não teve sucesso. Aliás, a Tunísia também estará a tentar banir o filme mas neste caso é devido às suas mensagens políticas. Um representante do Ministro da Cultura da Tunísia recentemente criticou a decisão do Líbano:
Hoje eles impedem um filme por causa de uma atriz, amanhã inventariam outra desculpa. É um ataque à liberdade.