Crítica – “Baby Driver – Alta Velocidade”, de Edgar Wright

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Depois da sua retirada a meia da produção de “Homem-Formiga”, chega-nos mais um  filme original de um dos mais aclamados realizadores do século, Edgar Wright!

Eu tornei-me um grande fã de Edgar Wright assim que fui introduzido ao filme “Scott Pilgrim Contra o Mundo” há alguns anos. A partir daí visualizei todas as obras, incluindo a sua sitcom “Spaced”, que este realizador fez. É, sem nenhuma sombra de dúvida, um dos meus realizadores favoritos, logo atrás de Quentin Tarantino. Portanto, apesar de dececionado pelo facto de ele ter abandonado a produção de “Homem-Formiga” por diferenças criativas, quando descobri que ele já estava a planear mais um filme e, desta vez, original, fiquei logo empolgado.


O filme, à primeira vista, parece uma típica comédia escrita por Wright, mas por fim acaba por nos ser apresentado algo diferente.
Fugindo um pouco do seu estilo habitual de quick jump cuts para fazer comédia, o realizador agora opta por takes mais longos e acaba por esperar pelo timing certo dos atores para conseguir trazer a parte cómica que se encontra um pouco escondida do verdadeiro género do filme: um action thriller que quase parece um musical também.

Tudo em que o Wright tocou no filme está perfeito. Tirando um ou dois pequenos aspetos no argumento (falarei mais à frente disso), a sua realização está, como sempre, fantástica. O facto de ele ter conseguido fazer a maior parte das cenas de perseguição sem efeitos especiais, tendo em conta que muitas até parecem difíceis de executar, e ainda estando extremamente muito bem filmadas e editadas, faz com que seja melhor que qualquer coisa que se veja nos filmes de carros que são lançados recentemente.

O aspeto positivo que mais merece ser destacado neste filme é, sem dúvida, a maneira que Wright utiliza a banda sonora para fazer desenvolver a história do filme, como também a perceber as suas personagens.
Lembram-se de como a música é um aspeto importante nos filmes dos “Guardiões da Galáxia”? Aqui é exatamente o mesmo, mas o Wright consegue sincronizar cada música com todos os movimentos dos atores ou dos carros, como se tudo estivesse a dançar com uma coreografia improvisada ao ritmo de uma música que apenas o Baby (e a audiência) está a ouvir. E isto também acontece graças a uma excelente edição, algo que Wright sempre dominou.

E assim dizendo, as interpretações de todo o elenco estão muito boas, e cada uma tem uma cena de destaque durante o filme, tornando as personagens todas bastante memoráveis e interessantes.
O que mais preocupou a maior parte dos fãs de Wright, foi o facto de ter chamado o ator Ansel Elgort para interpretar a personagem principal do filme, porque nunca se viu este ator a fazer algo mais que filmes direcionados para uma audiência juvenil, como “A Culpa é das Estrelas”.
Assim que a primeira cena do filme começa, conseguimos fugir da sua cara de inocente e estamos logo agarrados à sua personagem, e isto graças a maneira que ele a interpretou, pois ele consegue trazer algo tanto cómico como um pouco intimidante, visto que a sua personalidade muda bastante de uma metade do filme para outra.

O aspeto negativo que muita gente aponta, e eu também o farei, é o romance. O romance foi algo onde não me senti muito investido, e como foi algo que simplesmente nos foi apresentado muito rápido, com pouca caracterização e aprofundamento, faz com que essa parte do filme não sinta tão importante no 3º ato do filme, para além de também abrandar bastante o filme. E ainda, a personagem Debora, interpretada por Lily James, tem de tomar certas decisões para continuar ou não com o Baby, decisões que podem afetar a vida dela a 100%, e no entanto ela faz estas decisões sem sequer pensar duas vezes nas consequências, e sem conhecer os riscos todos que está a tomar, fazendo com que o filme se torne menos realista e mais uma fantasia, algo que duvido que o Wright queria fazer.

No fim, para além de um romance que fica bastante aquém das capacidades de escrita do Wright, “Baby Driver” acaba por ser mais um filme dele a que podia dar uma nota perfeita, pois é assim que me sinto com qualquer filme dele.
Apesar de não estar muito longe de ser o melhor filme da sua carreira, ele traz-nos mesmo assim mais um filme bastante original e imprevisível, divertido, rítmico e cheio de adrenalina, acabando por solidificar cada vez mais o seu nome como um dos melhores realizadores a trabalhar hoje na indústria.
E é um filme que certamente não pode ser deixado de ser visto no cinema.

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