Crítica “Borbulha” – Fernando Alle e uma explosiva lição de empatia

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Um rapaz tem uma borbulha no rosto. Até aqui, é apenas mais um dia na vida de todos os adolescentes. Mas no momento de rebentar, uma borbulha banal transforma-se num herói sangrento, que tem tanto de vilão como de amigo. Fernando Alle condensa puberdade, bullying e body horror, transformando a vergonha em poder.

 

A História da “Borbulha”

A sinopse é clara: um rapaz e a erupção da sua borbulha desencadeiam uma calamidade sangrenta. O resto é a linda coreografia da sétima arte: corpos, olhares, vozes, gritos e muitos fluidos.

Em apenas quatro minutos, a vergonha de ser o dono daquela espinha alimenta o motor dramático da ação — a explosão é apenas o gatilho de uma “cascata” de reações, que pode ir do nojo à gargalhada.

Em certos momentos, o filme coloca-nos numa posição de desconforto. Um grupo de bullies ataca o nosso adolescente borbulhento, de uma forma familiar – se não fomos o bully, já fomos com certeza o silêncio cúmplice que não defendeu a vítima. Quando a Borbulha surge como herói, resgata não só o protagonista como o sentimento de esperança num mundo livre destes comportamentos.

 

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Os vilões na curta “Borbulha” de Fernando Alle

Festivais e Seleções

A sua estreia mundial aconteceu na divisão Short Film Showcases do FrightFest 2025, que imediatamente posicionou o filme dentro do circuito.

No MOTELX 2025, a “Borbulha” foi honrada com uma nomeação na competição Méliès d’argent – Melhor Curta Europeia. Recentemente, a equipa anunciou que o filme entrou no Leeds International Film Festival 2025 (LIFF) — Fanomenon Short Film Competition, Yorkshire Premiere, que ocorrerá entre o dia 30 de outubro e 16 de novembro.

Ligações com o universo Troma

Fernando Alle sempre se manteve fiel ao seu ADN cinematográfico, exagerado e, de certa forma, autoral e independente — Borbulha é, sem dúvida, uma descendente direta.

Há anos que o realizador se tornou uma figura de culto dentro deste género, estando responsável por obras icónicas como Papá Wrestling, Banana Motherf**r e Mutant Blast. Agora com um formato curto, continua com uma realização ritmada e com ênfase nos detalhes, que nos enchem com uma alegria semelhante ao poder do universo Troma.

Ver também: The Toxic Avenger: A vingança – O Regresso do Universo Troma

Ficha técnica (resumo)

  • Título: Borbulha (Pimple)

  • Realização/Argumento: Fernando Alle

  • País/Ano: Portugal, 2025

  • Duração: 4’17’’

  • Elenco: Tiago Rodrigues, António Chaves, João Miranda, Dinis Lima, João Vilas

  • Género/Idioma: Terror-comédia, PT

 

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A “Borbulha” de Fernando Alle (2025)

Avaliação – 4/5

Um filme, se bem feito, não precisa de muitos minutos para mostrar as diferentes emoções do ser humano. Esta curta cumpre exactamente aquilo a que se propõe: conectar-se com o público através de um problema comum, mostrar uma realidade igualmente familiar e um desfecho cómico que muitos gostariam que tivesse sido o seu.

“Borbulha” usa o humor típico do género de animação para transformar a comum vergonha adolescente num espetáculo de body horror catártico. Quando tudo sai do nosso controlo (tal como o acne), rir é realmente o melhor remédio.

 

Onde ver a “Borbulha”?

Após presença no MOTELx 2025 (Portugal) e no FrightFest 2025 (Londres), a curta-metragem “Borbulha” está agora em exibição por todo o país, antecedendo a sessão de The Toxic Avenger – A Vingança, de Macon Blair.

 

Ver também: O Reboot de ‘The Amityville Horror’: Um Novo Capítulo no Universo do Terror

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