Todd Haynes apresenta-nos um falso thriller, “Dark Waters – Verdade Envenenada” é um filme revelador, com uma história poderosa e um ator no seu melhor.
Baseado num artigo de Nathaniel Rich para a New York Times Magazine e adaptado para o grande ecrã por Mario Correa e Matthew Michael Carnahan (“WWZ: Guerra Mundial”), “Dark Waters – Verdade Envenenada” conta a história verídica de um advogado que luta para revelar uma verdade dura de aceitar, encoberta durante vários anos por uma poderosa multinacional norte-americana.
Habituado a trabalhar na defesa de empresas, o jovem advogado Robert Bilott (Mark Ruffalo) após ser contactado por um agricultura para que o defendesse numa causa contra a poderosa DuPont, uma empresa química. Bilott começa por se mostrar algo reticente, mas rapidamente muda de opinião, depois de perceber os contornos que estão por trás da acusação do agricultor: revelar ao mundo uma história macabra sobre poluição.
O filme tem um bom argumento. Um muito bom argumento até. A história é apresentada de forma fidedigna. E o cinema pode e deve servir para isto mesmo. Para contar a verdade. Para contar uma verdade desconhecida por muitos. Isto, desde que não se abandone a ideia de se fazer bom cinema. E aqui essa ideia não é abandonada, pelo menos por completo.
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Para esta ideia se manter à tona contribuem, como foi escrito anteriormente, o muito bom argumento do filme, assim como desempenho do seu elenco, principalmente, pela interpretação de Mark Ruffalo. O ator que conta já com três nomeações para os Óscares é estonteante. Do início ao fim, não há nada a apontar. Com um desempenho deslumbrante, Ruffalo vai fazendo com que nos esqueçamos de alguns aspetos menos positivos, e que até são bem visíveis.
Continuasse o filme por mais algumas horas e manteria-se uma possível eterna incoerência. Uma montagem e uma banda sonora que não ajudam em nada o desenrolar do filme, servem apenas para que haja uma oscilação permanente na forma como o filme flui.
Quando o menos é mesmo mais. E o reverso…
O menos é mais: a fotografia. Nada deslumbrante, mas eficaz. Não sendo bela, muito longe disso, consegue atingir o que era necessário num filme deste género.
O mais torna-se menos: cenas desnecessárias. Ao contrário do ponto anterior, aqui o texto terá mais algumas linhas. Começando pela personagem de Anne Hathaway, Sarah Bilott, mulher de Robert Bilott. Ao contrário do resto do elenco, Hathaway talvez tenha sido um lapso na escolha do elenco. Não está em causa o seu valor como atriz, mas o facto é que ela não se soube adaptou à personagem. Desinteressante, quase que descartável, Sarah Billot é estranha e é estranha no filme, destoando de todas as outras personagens. Depois, as cenas gratuitas que não deviam de lá estar. Um filme deste género, que expõe alguns factos marcantes e difíceis de digerir, não precisa de tais cenas. Cenas supérfluas, totalmente despropositadas, que pretendem apenas motivar em quem vê emoções escusáveis.
Sem esquecer o extraordinário trabalho desenvolvido por Mark Ruffalo, “Dark Waters – Verdade Envenenada” pode ser definido como um filme para entreter e para dar a conhecer. Para entreter porque não é cinema puro; para dar a conhecer porque desvenda uma história alucinante, que marcará a humanidade para sempre.