Há uma frase cliché que todos conhecem – “o desporto não forma o caráter, revela-o” -, atribuída a Heywood Broun, jornalista norte-americano. O desporto sempre foi, e será, um dos temas do cinema, pelas histórias marcantes de cada modalidade e pelos contextos em que se insere.
Temos o exemplo dos clássicos Invictus, sobre o rugby e o final do apertheid, ou um dos filmes mais conhecidos do basquetebol, Coach Carter, que paralelamente espelha o sistema de educação norte-americano através do liceu de Richmond. McFarland, USA, um filme de Niki Caro, não passa só pelo corta-mato, é um relato muito humano com valores de família, união e perseverança.
Há Kevin Costner, há planos de cortar a respiração, há muita “luta” e o tópico da emigração mexicana. Tudo o que se quer num bom filme. O treinador Jim White, que chega ao estado mais mexicano dos Estados Unidos, é envolvido num desporto que não conhece, com jovens que não confiam nele. Vai deixar a sua marca nos jovens que treina mas, acima de tudo, são eles que o vão marcar.
“You’ve got the biggest hearts I’ve ever seen”, uma das frases marcantes da personagem de Costner.
O filme, por incrível que pareça, não teve a resposta que eu esperava do público, e não teve muito sucesso de bilheteira. Contudo, quem o vê agora torna-se num fã autêntico, e vai revê-lo vezes sem conta – como eu fiz. Talvez a falta de publicidade, ou a falta de grandes caras no elenco tenha contribuído para tão pouca adesão, ou mesmo a realizadora de pouco renome (só por agora, acreditem).
McFarland, USA. Um filme para ver, rever, chorar e, para quem gosta de desporto, aplaudir até ao fim. A sétima arte ficou a ganhar com o exemplo de humanidade do filme, fácil de ver, difícil de criticar. Uma história verídica e tão simples que se agiganta. É um curto passo do desporto à vida, e por vida entenda-se família, união e atitude. E o resto são spoilers.