De 20 a 30 de Outubro o melhor do cinema documental português e internacional vai estar em exibição por Lisboa na 14.ª edição Doclisboa.
Competição, números e destaques da 14.ª edição
Este ano o Doclisboa irá projetar 259 filmes de 41 países, dos quais 46 filmes são portugueses. 46 é também o número de estreias mundiais, existindo ainda lugar para 11 estreias internacionais e 3 estreias europeias.
A competição internacional é composta por 18 filmes de diferentes durações e formatos que pretendem abrir horizontes relativamente ao panorama atual do cinema mundial. Por outro lado, a competição portuguesa apresentará 12 filmes que representam a grande variedade do cinema documental lusitano.
A secção «Verdes Anos» destaca os jovens realizadores e estudantes portugueses em 23 filmes. Pela primeira vez a secção terá uma competição e júri próprios, servindo de plataforma de reflexão, diálogo e exposição a um público alargado.
Sessão de Abertura
Oleg and the Rare Arts (Oleg y las Raras Artes)
Retrato do único pianista que tocava ainda no piano do Czar Nicolau II, transforma-se num delicioso encontro com a música, a escuta e a criação. Oleg é uma pessoa vibrante, plena de sensibilidade. Andrés sabe estar perante ele, filmando-o.
Realização de Andrés Duque (Estreia Portuguesa)
20 de Outubro – 21h30 – Grande Auditório, Culturgest
Sessão de Encerramento
Nos Interstícios da Realidade ou o Cinema de António de Macedo (In the Interstices of Reality or the Films of António de Macedo)
Foi o cineasta mais prolífico da geração do Novo Cinema Português. Experimentaria o western spaghetti, a alegoria esotérica, o sobrenatural e a ficção-científica. Sem subsídios estatais, desistiria de filmar nos anos 1990. Quem se lembra de António de Macedo?
Realização de João Monteiro (Estreia Mundial)
29 de Outubro – 21h00 – Grande Auditório, Culturgest
Riscos (New Visions)
Secção onde o real e a sua representação se desafiam e dialogam na tentativa de mapear um cinema complexo, pronto a questionar-se e abrir novos caminhos. Sem impedimentos de género ou duração, olhando também para o passado como fonte inesgotável de novidade, encontra-se o cinema de Boris Lehman, Peter Hutton (programado por Luke Fowler e Rinaldo Censi) ou Masao Adachi (que regressa à realização). Destaque ainda para a sessão programada por Manon de Boer.
Homenagem a Peter Hutton
Os navios e o gelo no Rio Hudson. Um dirigível no céu e a silhueta de dois prédios, parecidos com os furos de uma película. Uma menina que dorme no chão, incomodada por uma jibóia. A melancólica sinfonia urbana de uma cidade de leste. As alterações atmosféricas. E a magnificência da luz, sempre. – Rinaldo Censi
Programa de Luke Fowler e Rinaldo Censi
29 de Outubro – 19h45 – Pequeno Auditório, Culturgest
Retrospetiva Peter Watkins
Ativo entre meados dos anos 1950 e 1990, e laureado com um Óscar de melhor documentário em 1966, com The War Game, Watkins é um dos pioneiros do docudrama e do falso documentário. É também um dos principais expoentes do cinema político e de resistência, questionando e criticando o papel da comunicação social em temas urgentes como a questão nuclear e o poder instituído, conhecido também pela dissecação e reconstrução de episódios históricos, numa atitude assumidamente revisionista. No cerne da obra de Watkins, está a crítica aos meios audiovisuais enquanto instrumentos de poder.
Retrospetiva – Por um cinema impossível: Documentário e vanguarda em Cuba
Com a mudança radical da realidade cubana, nos anos 1960, e por oposição política e estética ao cinema de Hollywood, nasce um novo cinema em que o documentário tem um papel primordial. Esta retrospetiva, com curadoria de Michael Chanan, feita em parceria com o Museo Reina Sofia e em colaboração com a Cinemateca de Cuba, traz-nos o trabalho desta nova vaga de documentaristas cubanos – que tem em Santiago Álvarez e Julio García Espinosa as suas figuras centrais –, perspetivando-o com as obras de cineastas estrangeiros que mantiveram relações com Cuba, na década de 1960 – destaques para Agnès Varda, Chris Marker e Joris Ivens.
Heartbeat
David Bowie, Muhammad Ali, Mapplethorpe, Sidney Lumet e David Lynch são alguns dos protagonistas desta secção que, este ano, se debruça sobre um variado leque de manifestações artísticas. Em português, lança-se um olhar sobre a vida e obra do ceramista Querubim Lapa e do arquiteto Álvaro Siza e faz-se uma incursão ao universo da Príncipe Records e dos Linda Martini. Depois, uma viagem ao funk do Brasil e à nova vanguarda da música africana, passando pela recente incursão de Paul Thomas Anderson na música indiana. Sobra espaço ainda para uma reflexão sobre o universo da pornografia pela voz de Rocco Siffredi.
Da Terra à Lua
A nova secção do Doclisboa estreia, fora de competição, os mais recentes filmes de realizadores chave do panorama documental e traz-nos uma selecção de obras que nos dão a ver o mundo de hoje e o futuro que para ele se parece desenhar. Uma viagem que coloca em perspetiva o nosso presente coletivo, nos seus diferentes lugares, e onde serão mostradas as mais recentes obras de Wang Bing, Avi Mograbi, Werner Herzog e Rithy Panh, entre outros.
Doc Alliance
Uma seleção de filmes nomeados pelos mais importantes festivais de documentário da Europa. A seleção Doc Alliance é composta por 6 filmes, incluindo o grande vencedor do Prémio Doc Alliance 2016, anunciado na passada edição do Festival de Locarno, Gulîstan, Land of Roses, de Zaynê Akyol.
Masterclasses
As masterclasses com Avi Mograbi e Michael Chanan, o laboratório de realização com João Tabarra e as mesas redondas sobre as retrospetivas são os destaques desta edição do Doclisboa.
Avi Mograbi – Entre a Projeção e a Instalação, 27 Outubro, 11h, Culturgest
Michael Chanan – Cinema Imperfeito: Então e Agora, 27 Outubro, 18h30, Culturgest