As expectativas eram altas, com Naomi Watts a assumir um papel na televisão, numa era chamada por muitos “A Idade de Ouro da Televisão”. No entanto, Gypsy faz-nos questionar isso mesmo, se esta é ainda a era de ouro.
Naomi Watts é Jean Holloway, uma psicóloga bem sucedida casada com um advogado e com uma filha de 9 anos. No entanto, Jean envolve-se demasiado na vida dos seus pacientes e acaba por ultrapassar os limites impostos pela sua profissão.
Quando Sam desabafa que não consegue esquecer a sua ex-namorada, Jean procura-a, mudando a sua identidade, e inicia uma relação com ela. No início, o objectivo é apenas ajudar Sam mas depressa a situação se transforma e Jean começa a viver duas vidas completamente diferentes.
Naomi Watts não interpreta Jean como uma vítima ou uma vilã, já que a personagem é muito mais complexa. A actriz é, sem dúvida, o melhor da série mas a sua performance não satisfaz porque o guião não nos permite simpatizar com ela. Apesar de o diálogo nos fazer querer que Jean é mais inteligente do que todos os que manipula, ao mesmo tempo também sugere que não é bem assim. Esta contradição deixa o espectador confuso, distanciando-se da série e das personagens.
O suspense que provém da dupla vida de Jean (ou mesmo tripla, ou quádrupla) poderia ser o mais interessante em Gypsy, se fosse bem executado. O constante medo sentido pelo espectador na expectativa que Jean seja descoberta acaba por não resultar, tanto devido à falta de empatia como à fraca execução. O sentimento de que já vimos algo parecido mas com melhor escrita e execução aumenta ao longo da temporada.
A série é inspirada na música “Gypsy” de Fleetwood Mac. A maioria dos episódios são escritos e dirigidos por mulheres e são principalmente sobre mulheres, com as personagens masculinas intencionalmente passivas e esquecíveis com facilidade.
A Netflix ainda não revelou se existirá uma segunda temporada, no entanto, a previsão não é favorável.