Dan Fogelman, o criador de “This is Us”, decidiu utilizar a mesma estrutura narrativa da série num filme. Assim nasce “Isto é Vida!”, uma odisseia ao amor que se torna cansativa muito depressa.
Escrito e realizado por Dan Fogelman (“This is Us”), “Isto é Vida!” conta-nos várias histórias, com diferentes protagonistas, em momentos temporais diferentes. As narrativas giram em torno de amor e os efeitos que o mesmo poderá ter na vida das pessoas. Atravessando continentes e décadas, tudo tem como ponto de partida um momento fatal. Abby (Olivia Wilde) é atropelada por um autocarro enquanto grávida, para horror do seu parceiro Will (Oscar Isaac). A partir deste momento, é uma cornucópia de eventos que irá moldar a vida de todos os protagonistas.
Quem já viu “This is Us”, pelo menos um episódio, sabe bem o tipo de estrutura narrativa que Fogelman oferece para construir a história da família Pearson. Vários momentos temporais são interligados de uma forma intrínseca e precisa que encantou um grande público. É uma das séries mais faladas do momento.
Em “Isto é Vida!”, o autor tenta criar a mesma narrativa, mas aqui fica aquém do punho emocional que pretende atingir. Isto advém da maturidade que consegue desenvolver às personagens numa série vs a superficialidade residente nas personagens deste filme. A história está sempre a alterar o protagonista da história e a oferecer twists à audiência, sem se preocupar em demorar o seu tempo para que o espectador possa criar uma empatia e sentir-se próximo às personagens.
A parte mais positiva aqui são as performances de atores de gabarito que demonstram um à vontade contagiante em frente da câmara. Os melhores momentos do filme são referentes à história focada em Oscar Isaac e Olivia Wilde, que têm uma química inegável e que é transmitida para fora da tela. Porém, até mesmo actores mais novos como Olivia Cooke e Àlex Monner estão à altura do papel que lhes é dado.
Contudo, “Isto é Vida!” depressa se torna exaustivo e desesperante, à medida que prossegue de capítulo em capítulo sem se preocupar explorar devidamente as personagens e os atores que tem ao seu dispor. É quase como um amigo altamente cafeinado que tenta contar uma história, mas não consegue passar 10 minutos sem caminhar por assuntos triviais que não trazem nada de produtivo para a narrativa.
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Todo o enredo é então cravejado com frases lamechas que poderiam ter sido retiradas do baú de Pedro Chagas Freitas. Tudo isto colado com uma banda-sonora composta por músicas que poderiam ser utilizadas em publicidades de auto-motivação, revelando-se ser um embuste de publicidade enganosa.
“Isto é Vida!” é uma montanha-russa de voltas e reviravoltas, que não deixa o passageiro desfrutar da viagem. Vai à procura da lágrima fácil, mas sem oferecer um momento merecedor da mesma. No fundo, pretende ser uma odisseia ao amor e à vida. Todavia, não passa de uma novela mexicana com um forte toque de pretensiosidade.