Negan, Daryl e o produtor de “The Walking Dead” estiveram em Portugal e o Cinema Pla’net teve o prazer de conversar com os atores.
Jeffrey Dean Morgan (Negan), Norman Reedus (Daryl) e Greg Nicotero tiveram uma animada conversa com a imprensa, com muitas perguntas, curiosidades e momentos de descontração. Sabemos agora que Andrew Lincoln (Rick) é a mãe do grupo, “Watchmen” é a BD favorita de Jeffrey Dean Morgan e Greg Nicotero viu a primeira temporada de “Game of Thrones” numa só noite e adorou!
A chegada de Jeffrey Dean Morgan a “The Walking Dead”
Jeffrey: Já estou no meio da representação há muito tempo, ganho a minha vida como ator, mas há algo de muito especial nesta série. Eu já era fã, mas não estava consciente do quão amplo era o sucesso de “The Walking Dead” pelo mundo todo. Mas, apesar disso, consigo andar pela rua sem ter alguém a gritar para mim e a querer beijar-me. De vez em quando recebo e-mails estranhos! Mas nesse sentido é uma relação tão especial com os fãs, são uma parte tão grande de quem somos, e partilhar isso com eles é maior que tudo o que alguma vez fiz. Isto aconteceu tudo muito rápido. Estava a fazer “The Good Wife” quando o Greg e o Scott Gimple me ligaram a perguntar se queria participar na série e, de um momento para o outro, estava na Geórgia a sair daquela caravana. E fico feliz em não ter pensado nas expectativas. Estava só a pensar em não deixar mal quem me tinha contratado. Foi um momento poderoso quando vi todos os outros ajoelhados, a chorarem e a dar o seu melhor para mim, ajudou-me muito. Porque chegar, ter um monólogo de 12 páginas e ser essa a introdução, foi suficientemente difícil! Mas foi só durante aquele período – entre as filmagens e a exibição do episódio – que senti a pressão.
A dinâmica entre Daryl e Negan
Jeffrey: Quando o Daryl dá um murro ao Negan, ele vê isso como um desafio, uma pessoa com uma fera no seu interior que ele quer domar. O Negan vê o Daryl como alguém que quer ter do seu lado. Acha que consegue fazê-lo quebrar, mas obviamente isso não aconteceu como ele queria.
Norman: Após o Daryl ser aprisionado, ele sentia que merecia estar lá, não ripostou, deixou tudo acontecer. Quando a fotografia do Glenn foi colocada na parede, o Daryl concluiu que não poderia ficar ali, o Glenn ia querer que ele lutasse pela sua honra, pela honra do Abraham e de todos os outros. Foi por causa deles que o Daryl se tornou numa pessoa admirável. Começou a série como alguém que não falava, olhava pelo ombro, não queria que interagissem com ele e, com o passar do tempo, desenvolveu um sentido de companheirismo. A partir do momento em que ele vê a fotografia do Glenn só quer vingança.
O conceito de Negan e as origens da personagem
Jeffrey: É uma forma de controlo sobre as outras pessoas. Durante estes tempos apocalípticos há uma razão para ele ter sobrevivido durante tanto tempo e tornar-se um líder que foi despir as pessoas da sua identidade. Após perder várias pessoas que lhe eram muito importantes, decidiu estabelecer um conjunto de regras. Um Salvador – Negan – funciona como uma unidade. Se não o és, levas com um ferro a ferver ou pior. Com o passar do tempo todas as pessoas foram fazendo coisas horríveis, e afirmar que uns são piores que outros, não penso que seja o mais correto. O Robert Kirkman acabou de lançar a prequela à história do Negan antes do Apocalipse. Era um homem casado, a sua mulher chamava-se Lucille, e ele tinha uma amante. Quando a sua mulher ficou com cancro, contou-lhe tudo, mas ela já sabia, tendo ele acabado o caso. Estava no hospital quando o surto começou. Era um professor de educação física especializado em ping-pong, um homem com uma vida normal.
O processo de realização, caracterização e efeitos especiais
Greg: Obviamente que tenho o meu background na caracterização de personagens, tenho a minha firma e comecei a trabalhar com o George A. Romero e o Frank Darabont. Comecei nos efeitos especiais e tínhamos uma segunda unidade em que eu filmava close-ups de certos efeitos. Trabalhei no “The Mist – Nevoeiro Misterioso” do Darabont, na segunda unidade de muitos filmes do Robert Rodríguez, e houve uma altura em que participei no “Sacanas Sem Lei”, no “Predadores” e no “Piranha 3D”. Um dia o Frank ligou e disse que havia finalmente luz verde no “The Walking Dead”, em que tinha desenhado vários conceitos para a série no ano anterior.
Eu e o Frank demos muitas entrevistas durante a primeira temporada, e quando chegou a altura de fazer a segunda ele disse: “Estás pronto para realizar o teu primeiro episódio”. E isso foi há 20 episódios. Eles nunca me dão os episódios fáceis, os outros filmam qualquer coisa, chegam ao final do dia e “Ah! Foi um dia fácil”, a mim dão-me sempre 8000 walkers e mortes importantes. Eu já matei mais personagens que qualquer outra pessoa na série, é um bocado deprimente! Há uns tempos liguei à Melissa McBride:
Hey! É o Greg Nicottero…” e ela “What?!? Mas porquê eu? Porque é que me estás a ligar? O que aconteceu?
Porque agora já estão todos à espera que quando eu ligo é para dizer “Tenho muita pena, mas…”.
Cada temporada é uma carrada de trabalho para todos. O que gosto mais nesta temporada é que passámos a primeira metade a trabalhar o caminho das personagens, para agora nesta segunda metade a história seguir em frente. O Scott Gimple dedica-se sempre a que as personagens tenham princípio, meio e fim, e é por isso que andamos para a frente e para trás a ver como está a Maggie e a Sasha e assim por diante, porque é um elenco muito vasto! A caminho do final desta temporada, o momentum está a aumentar. O Rick está a juntar um exército e vê cada pessoa com que se cruza como um soldado.
A atualidade televisiva e a progressão do género zombie
Greg: Toda a gente que estava a fazer filmes está agora a fazer televisão e com séries como “Breaking Bad”, “Game of Thrones”… temos uma hipótese de alargar histórias. Está a mudar a forma como as pessoas vêem televisão. Relativamente aos zombies, tem muito a ver com os videojogos. Em ’77/’80, “Dawn of the Dead” e “Day of the Dead” apareceram e houve um culto porque esses filmes eram chocantes para altura. “Texas Chainsaw Massacre” e “Friday the 13th” faziam parte de uma vaga de cinema em que tudo era chocante. E depois a meio dos anos ’90, os jogos do “Resident Evil” e “House of the Dead” tornaram a sensação dos zombies num first-person shooter que abriu o género para toda a uma nova geração de crianças que podiam matar zombies. Quando saiu o filme do “Resident Evil” e “28 Days Later”, um grande filme, tendo depois a coisa pegado com “Shawn of the Dead”, revigorou-se o género zombie. “The Walking Dead” abriu os horizontes a uma audiência ainda maior, até partes que não esperávamos, como a audiência feminina, porque temos uma história em que conhecemos o exterior e o interior das personagens. Se o George A. Romero tivesse 99 horas para contar a sua história seria excelente, e nós tivemos sorte em ter essa oportunidade, de poder trabalhar tanto com personagens mais pequenas, como as grandes linhas narrativas.
Todas as segundas-feiras à noite há um novo episódio de “The Walking Dead” na FOX. A sétima temporada acaba na primeira semana de Abril.