Os realizadores do hilariante “O Nome da Discórdia” estão de regresso com “O Melhor Ainda Está Para Vir”, uma comédia dramática sobre a verdadeira amizade.
Esta é uma comédia francesa que vale a deslocação à sala de cinema.
Em 2012, Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte adaptaram ao cinema a sua própria peça de teatro, “O Nome da Discórdia”. A sua estreia na realização girava em torno de um grupo de amigos que ao longo de um turbulento jantar debate o nome do futuro filho de um deles. À medida que outros segredos são revelados, a hilariante comédia afirma-se como uma das melhores que o cinema francês nos ofereceu nos últimos anos.
Nomeado ao César de Melhor Filme, Melhor Argumento Adaptado e Melhor Ator Principal (Patrick Bruel), a comédia trinfou com uns bem merecidos Césares de Ator e Atriz Secundários para Guillaume de Tonquédec e Valérie Benguigui (que infelizmente faleceu poucos meses depois da cerimónia).
Nos anos seguintes, de La Patellière e Delaporte dedicaram-se aos argumentos de séries infantis e à adaptação televisiva de outra das suas peças, “Papa ou Maman”. Delaporte chegou até a realizar o thriller “Um Ilustre Desconhecido”, com Mathieu Kassovitz. Mas só em 2019, voltaram a reunir-se para a realização de um novo projeto: “O Melhor Ainda Está Para Vir”.
Indo de novo buscar Patrick Bruel e juntando-o a Fabrice Luchini, um dos atores mais prolíficos da atualidade em França (só em 2019 esteve presente em 4 filmes estreados nos cinemas portugueses: “Segunda Vida”, “A Biblioteca dos Livros Rejeitados”, “O Imperador de Paris” e “Alice e o Presidente”), “O Melhor Ainda Está Para Vir” segue a amizade de longa data entre César e Arthur, que devido a um mal entendido, um deles fica a pensar que o outro tem uma doença em fase terminal e tudo fará para cumprir os seus últimos desejos, quando na realidade é ele que se encontra nos últimos meses de vida.
Ver também: Let’s Talk #62 – Rémi Bezançon e “A Biblioteca dos Livros Rejeitados”
A partir desta premissa, os realizadores exploram o sentido da verdadeira amizade e o dilema das verdades mais duras, se devem ser enfrentadas ou permanecer na dormência, quando o tempo que nos resta é pouco.
O resultado é um drama com alguns bons momentos de humor, num ligeiro equilíbrio que apela à humanidade da situação, como tão bem o cinema francês sabe fazer, e que em mãos menos experientes poderia ter resultado numa comédia desenfreada mas esquecível.
E quem de melhor para os dois papéis principais que Bruel e Luchini, de novo juntos no grande ecrã 35 anos depois de “P.R.O.F.S.”, em que interpretavam dois professores subversivos, respetivamente um professor de letras e um professor de desenho, que se revoltam contra os restantes. A sua amizade tanto no ecrã como na vida real evoluiu e o resultado sente-se na maneira como desempenham os seus papéis, apoiados por um argumento inteligente, em “O Melhor Ainda Está Para Vir”.