“O Pintassilgo”, obra literária de Donna Tartt, vê a sua adaptação chegar ao grande ecrã pelas mãos de John Crowley e Ansel Elgort no papel principal.
Mais uma voltinha no carrossel de adaptação de um livro para formato cinematográfico. A audiência nunca sabe o que esperar do mesmo – se uma adaptação fiel, página por página, ou de o filme apenas se basear no mesmo em termos de tom e enredo.
É sempre um tiro no escuro, independentemente como será a adaptação, nunca se sabe se a mesma terá o mesmo sucesso em película como teve nas páginas devoradas pelos leitores.
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“O Pintassilgo” toma uma abordagem fiel ao livro (pelo menos no que dá a entender a alguém como eu que não o leu, como eu).
John Crowley realiza a história de Theodore Decker (Ansel Elgort / Oekes Fegley), um rapaz que perde a sua mãe num bombardeamento terrorista no Museu Metropolitano de Arte, em Nova York.
O rapaz terá de passar de família em família e criar a sua personalidade em redor das tragédias que acontecem na sua vida, enquanto esconde um segredo – encontra-se em sua posse um quadro que estava no museu.
Para um filme dramático, um dos pontos fortes tem de ser as performances do seu elenco. E, de facto, este é o ponto mais forte de “O Pintassilgo”.
Recheado de estrelas, tanto mais recentes, como Oekes Fegley ou Finn Wolfhard, como já bem estabelecidas, como Nicole Kidman e Jeffrey Wright, todos se encaixam perfeitamente nos seus papéis e elevam o material que lhes é dado.
Contudo, “O Pintassilgo” não tem mais nada para oferecer senão o elenco que o compõe. O facto de seguir o enredo do livro passo a passo faz com que o compasso do filme seja deliberadamente pausado e, ao mesmo tempo, aborrecidamente parado.
Com uma estrutura entrecortada entre passado e presente enterrada num enredo demasiado simples para este tipo de fórmula, nada se não encaixa de modo a que se torne interessante para o espectador assistir.
Apesar de este ser claramente um estudo de uma personagem e as suas alterações ao longo da vida, o argumento oferece pouca profundidade à personagem de Ansel Elgort, não conseguindo criar um elo emocional com a audiência. Desse modo, apenas estamos a ver momentos superficiais, sem um sentido de orientação do objectivo final dos mesmos.
Apesar do claro esforço do elenco em fornecer óptimas interpretações, “O Pintassilgo” apenas voa em baixa altitude e não chega a cativar. Poderá apelar aos fãs da obra literária, mas os leigos da mesma (como este que vos escreve) não ficarão encantados com o cantar desta ave.