A corrida aos Óscares de 2021 chegou ao fim. Sem grandes surpresas quanto aos vencedores “Nomadland – Sobreviver na América” e Chloé Zhao.
Encontra-se abaixo a lista completa dos vencedores dos Óscares de 2021. Mas para já, uma análise à cerimónia…
Numa noite de Óscares com uma cerimónia estruturada de maneira muito diferente do habitual, em que inclusivamente a categoria de Melhor Filme não foi a última da noite (algo que não acontecia desde 1972, quando Charlie Chaplin recebeu uma homenagem como momento final da noite), muitos sentiram-se defraudados, quer pelos vencedores de certas categorias quer pela falta de “espectáculo para o público”.
As audiências tiveram uma quebra de 58%, perdendo mais de 13 milhões de espectadores nos EUA e ficando-se por pouco mais de 9 milhões de pessoas a assistir, o valor mais baixo de sempre. Muito longe dos 43,7 milhões de 2014 ou mesmo dos 29,6 milhões de espectadores de 2019.
Destacam-se três momentos positivos: O início com Regina King a caminhar pela Union Station de Los Angeles, num prólogo muito prometedor e com um excelente discurso de abertura ; O discurso encantador de Yuh-jung Youn, premiada com o Óscar de Melhor Atriz Secundária por “Minari” (estreia a 13 de Maio) ; O discurso emocionante de Tyler Perry, justamente homenageado com o Óscar Humanitário.
Ver também: Nomadland – Sobreviver na América | Candidato aos Óscares
Por outro lado, a já referida decisão de não deixar a categoria de Melhor Filme para o fim, na esperança de que a vitória póstuma de Chadwick Boseman na categoria de Melhor Ator Principal garantisse uma última homenagem durante o discurso da sua viúva, presente na cerimónia, tornou-se no pior erro dos Óscares desde a troca dos envelopes de “La La Land” e “Moonlight”. Os produtores fizeram uma aposta arriscada que correu muito mal.
Pois, afinal, Anthony Hopkins venceu e o veterano de 83 anos, a viver no País de Gales, recusou deslocar-se a Londres ou Dublin durante uma pandemia e aguardar pela revelação da sua categoria até às 4 horas da madrugada, após a Academia ter proibido qualquer discurso por videochamada a partir de casa. O clímax da gala foi assim extremamente anti-climático por culpa dos produtores, ficando marcada por caras de espanto e choque de todos os presentes. Hopkins acabou por agradecer durante a manhã, homenageando o falecido Boseman.
Numa cerimónia que prometia fazer as pessoas voltarem a apaixonar-se pela ida ao cinema, praticamente não houve clips de filmes (como é habitual durante a leitura dos nomeados de cada categoria) e quando houve foram muito mal escolhidos (por exemplo na categoria de Melhor Filme Internacional, em que apenas “Quo Vadis, Aida?” teve direito a uma cena poderosa que verdadeiramente representava a qualidade do filme).
Isto era um ponto crucial num ano em que milhões de espectadores nem sequer viram os nomeados e a apresentação de cenas dos filmes poderia suscitar-lhes a curiosidade. Ora numa homenagem ao cinema sem cenas de filmes é como uma cerimónia de Grammys sem música.
Estes Óscares prenderam-se assim a cada apresentador contar uma curiosidade por nomeado, de escolhas artísticas a momentos da infância. Dependendo das categorias e das curiosidades, certos momentos resultaram, enquanto outros arrastaram-se mais do que deviam. Mas, fica aqui uma citação parafraseada de David Fincher, dita por Bong Joon-ho que apresentou Melhor Realização:
Das centenas de maneiras de filmar uma cena, no final restam apenas duas e uma delas está errada.
O mesmo pode aplicar-se a uma cerimónia dos Óscares…
Melhor Filme
Nomadland – Sobreviver na América
Melhor Realização
Chloé Zhao, Nomadland – Sobreviver na América
Melhor Ator Principal
Anthony Hopkins, O Pai
Melhor Atriz Principal
Frances McDormand, Nomadland – Sobreviver na América
Melhor Ator Secundário
Daniel Kaluuya, Judas e o Messias Negro
Melhor Atriz Secundária
Yuh-jung Youn, Minari