Queen & Slim não foi baseado numa história verídica, mas bem que podia. Daniel Kaluuya e Jodie Turner-Smith protagonizam este drama “ride or die”, levantando muitas questões sociais importantes.
Drama, suspense e crime
Com a realização de Melina Matsoukas e argumento de Lena Waithe (ambas de Master of None), Queen & Slim apresenta-se como um drama/suspense/crime, muito ao estilo de Bonnie & Clyde.
O primeiro encontro de Queen e Slim termina de uma forma muito inesperada, com a morte de um polícia, forçando o casal a fugir. Apesar de Slim ter disparado a arma em auto-defesa, o facto de ter sido um negro a atingir um polícia branco faz com que a situação seja delicada. E isto são só os primeiros 15 minutos do filme!
Vê também: Vitalina Varela | A justiceira das verdades indizíveis
Sem querer dar spoilers, o filme acaba por se passar maioritariamente na estrada, onde os protagonistas tentam criar planos para superar os obstáculos. Os diálogos são extensos, na sua maioria Queen a expor fortemente as suas ideias e opiniões a Slim. No início, foi bastante irritante e sentia imensa pena de Slim. Mas com o desenrolar do filme, acabamos por conhecer melhor Queen, uma mulher que ao princípio se mostrou forte e determinada, mas que também já sofreu demais e precisa de jogar na defensiva. Turner Smith foi certamente a revelação aqui, com uma química incrível e sem esforço com Kaluuya.
Sem querer, este casal torna-se símbolo de um movimento semelhante a “Black Lives Matter”. O filme torna-se cada vez mais intenso, deixando o espectador numa ansiedade tal para saber se os planos dão certo e a torcer fortemente por este casal.
Nos dias de hoje, Queen & Slim é realmente um filme obrigatório pelas questões que aborda. A divisão racial abordada não poderia ser um tema mais actual. A manifestação é um dos pontos fortes, tal como os diálogos entre Queen e Slim sobre ser-se negro. Há algumas cenas neste filme que podem chocar o espectador e podem ser particularmente sangrentas.
Vê também: “Ma Rainey: A Mãe do Blues” | Desfile de Talento
A tensão da fuga é por vezes quebrada por momentos mais leves, como dançar num bar ou comer um hambúrguer num parque de estacionamento. A banda sonora é muito boa e escolhida a dedo para este filme de fugitivos em tempos modernos.
Queen & Slim é um dos filmes obrigatórios, que convida a pensar sobre o racismo que persiste, expondo uma sociedade claramente doente. Com excelentes prestações por parte de ambos os protagonistas, este é um filme que prende a atenção do início ao fim!