O nome de Marion Cotillard é sinónimo de talento, dedicação e sucesso. Em francês e inglês se constrói a carreira de uma das mais belas atrizes de Hollywood.
De Lilly Bertineau da trilogia francesa “Taxi” a Lady Macbeth, a atriz parisiense preenche a sua carreira com filmes em ambos os idiomas, quase sempre no registo de drama, espreitando aqui e ali alguma ação ou comédia.
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Com 42 anos Marion Cotillard consegue, por muito curta que seja a sua presença nos filmes, encher a tela e prender ao ecrã quem está a ver o filme. Duas, três aparições e agarra a personagem e a eleva ao máximo. Foi assim em “Inimigos Públicos”, as lágrimas e o sufoco demonstrado por Billie Frechette pela morte de John Dillinger (Johnny Depp) na parte final da longa metragem são mais que suficientes para deixar a sua marca no filme.
Edith Piaf em “La Vie en Rose” (2007)
Personagem: Edith Piaf, uma cantora francesa que foi descoberta a cantar nas ruas mas que com o tempo encheu grandes palcos.
“Non, je ne regrette rien”, cantou Piaf. “Não, não me arrependo de nada” cantou e disse Marion Cotillard. E ainda bem! Quando se retrata no cinema a vida de alguém, aquilo que se espera é ver o mais próximo da realidade possível. A atriz francesa fez isso, mas não só. Com uma atuação perfeita, para além de transpor para o grande ecrã a vida e carreira de Edith Piaf de forma imaculada, prestou-lhe uma devida e mais que merecida homenagem.
A representação de la môme é irrepreensível. Foi, até então, o papel em que mais teve de trabalhar sobretudo pela exigência do próprio papel e pela responsabilidade de não defraudar aquelas que eram as mais altas expectativa criadas em volta do filme. Sem rodeios e sem receios, Marion Cotillard vestiu a pele da cantora francesa e, por esta ser uma figura singular, dentro do possível conseguiu ser “igual” à mesma.
Marion Cotillard tornou-se a primeira atriz francesa a conquistar o Óscar de melhor atriz principal com um desempenho num filme de língua francesa.
Realização: Olivier Dahan
Mal em “A Origem” (2010)
Personagem: Esposa de um ladrão especializado em roubar segredos (Cobb), cujas lembranças são assombradas por ela, intervindo nos sonhos e sabotando as suas missões.
Fazemos girar o totem e podemos concluir que a performance da atriz é soberba, no que de melhor sentido tem a palavra. Marion Cotillard consegue usar da melhor forma possível a sua beleza e com isso transmitir para o lado de cá, sentimentos que outra atriz dificilmente conseguiria.
A antagonista do filme é a sombra, a manifestação da culpa que Cobb (DiCaprio) sente pelo suicídio da verdadeira Mal. Esta é capaz, não só de se infiltrar na mente de Cobb, como perturbar a mente de quem está a ver o filme.
O pesadelo de Cobb, seria talvez o sonho que muitos gostariam de ter. Ter o subconsciente invadido pela presença de Mal e ser bafejado pelo esplendor da atriz francesa. Um momento que seria efémero, mas que se eternizaria para o resto da vida.
Realização: Christopher Nolan
Stéphanie em “Ferrugem e Osso” (2012)
Personagem: Uma ex-treinadora de baleias que perde as pernas após um acidente.
Uma história de amor imprevisível sobre as dificuldades enfrentadas, quer físicas, quer morais. À primeira impressão parece “só mais um filme”. Mas não o é, é muito mais do que isso, devendo-se, em grande parte, ao desempenho da atriz. Marion Cotillard, como já tem sido hábito, agarra a personagem e interpreta-a de forma exemplar. Ela vive as dores e a mágoa da personagem. A diferença entre a personagem e uma pessoa real quase não se nota. Isto é talento. Talento e muito trabalho.
A essência da personagem é comparável a uma salada de frutas. Com sabores distintos, mas que se complementam. Uns mais amargos, outros mais doces, uns mais quentes, outros mais frios. Estes sentimentos são totalmente demonstrados pela atriz. Inspiradores, o filme e a personagem, mostram-nos como a força de vontade é fulcral para se conseguir ultrapassar as diversidades e os obstáculos que surgem.
Marion Cotillard foi nomeada para o Bafta e para o Globo de Ouro de melhor atriz em filme de drama.
Realização: Jacques Audiard
Miranda em “O Cavaleiro das Trevas Renasce” (2012)
Personagem: Miranda Tate/Talia al Ghul, filha de Ra’s Al Ghul e membro da Liga das Sombras.
A personagem marca a carreira da atriz pela qualidade do filme, por ser um dos melhores filmes de super heróis e por se tratar de uma vilã, caso pouco habitual na carreira. Com pouco espaço para se mostrar, pois o foco primordial do filme é no duelo Batman vs Bane, consegue sobressair nos momentos certos de modo a deixar a sua marca no filme. Contudo, este trabalho também deve ser reconhecido ao realizador.
Marion Cotillard (Miranda Tate) tem a sua atuação protegida pela força bruta do vilão de Gotham. Capaz de seduzir e enganar o próprio Batman, Miranda, ou, Talia, vai conduzindo a ação do filme por onde quer, com o propósito de atingir o seu objetivo.
Esta é a segunda participação da atriz em filmes realizados por Christopher Nolan.
Realização: Christopher Nolan
Sandra em “Dois Dias, Uma Noite” (2014)
Personagem: Uma operária fabril que descobre que os seus colegas de trabalho optaram por um bónus salarial em troca da sua demissão. Ela tem apenas um fim de semana para convencer os seus colegas a desistir do bónus para manter o seu emprego.
Marion Cotillard mostra-se, mais uma vez, uma atriz completa. Já bastante acostumada ao estilo dramático, faz uma interpretação exímia. Consegue, com o seu desempenho, elevar o filme a um nível superior.
Para lá da preocupação e da inquietude. Neste filme vê-se a ânsia, a angústia e o desespero de Sandra. E vê-se claramente. Marion Cotillard transcende-se. A atuação da atriz é quase o reverso da personagem. Consegue um desempenho inabalável e cheio de intenção. Com a interpretação desta personagem, Cotillard recebeu, pela segunda vez na carreira, a nomeação para o Óscar de melhor atriz principal.
Realização: Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne