“The Mandalorian” – Um novo caminho para Star Wars

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Eis que com a chegada do serviço de streaming Disney+ o futuro da saga “Star Wars” revela-se extremamente promissor com “The Mandalorian”!

No que toca a ficção científica não encontro melhores sagas do que “Star Wars” e “Star Trek”. Certamente que “Battlestar Gallatica” (o original de 1978) também me rendeu, mas no que toca a aventuras pelas estrelas nada como os grandes.

E agora chegou “The Mandalorian”

Por muito que adorasse as aventuras do vulcano Spock e do Capitão Kirk, sempre tive um carinho especial por “Star Wars”. Ainda assim, há algo que “Star Trek” fez e continua a fazer, que “Star Wars” nunca tinha feito. Uma série televisiva live-action.

Sim, já tivemos excelentes séries de animação neste universo como “Star Wars: The Clone Wars” e a excelenteStar Wars: Rebels, mas nunca antes a Lucasfilm (agora nas mãos da Disney) havia apostado numa série de TV live-action, o que é uma pena tendo em conta o grande o potencial do universo criado por George Lucas.

Porém, o futuro da saga na televisão revela-se extremamente promissor. Já foram anunciadas três séries. “Kenobi” com estreia prevista para 2021, “Cassian Andor” sem data de estreia, e “The Mandalorian” cuja primeira temporada chegou agora a Portugal e a segunda estreia a 30 de Outubro.

Criada por Jon Favreau em parceria com Dave Filoni, “The Mandorian” segue as aventuras de um caçador de recompensas (Pedro Pascal). Após partir numa nova missão, o mandaloriano descobre que o seu novo alvo é um bebé e decide protegê-lo de todos os que estão em busca dele.

(Atenção: O resto da crítica inclui spoilers)

Cada vez mais sou defensor de que a TV está a alcançar o escopo cinematográfico do cinema. Se há dez anos atrás era impossível ter uma experiência cinematográfica ao nível de cinema na TV, hoje em dia o mesmo não se pode dizer com o contributo de séries como “Guerra dos Tronos” e Breaking Bad” cujo escopo e cinematografia escapam ao que é considerado o típico visual televisivo.

Com um orçamento de 120 milhões, “The Mandalorian” entrega uma série cuja cinematografia, efeitos especiais e design de produção se enquadram perfeitamente no universo de Star Wars”.

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Além de um excelente nível técnico, a série traz grandes nomes à equipa de produção, como: Jon Favreau, Taika Watiti, Bryce Dallas Howard… Porém, estes são apenas alguns dos grandes nomes que se encontram entre os realizadores da série.

 A série funciona como um grande filme. Com apenas oito episódios, os três primeiros funcionam como um primeiro ato. A série apresenta o protagonista como um lutador cheio de recursos e uma personalidade rígida. Ele segue o código dos Mandalorianos à risca. O seu objetivo é o seu trabalho e em momento algum ele retira a sua máscara.

Parece uma personagem um tanto brusca, mas a série demonstra pouco a pouco o quão humano ele verdadeiramente é. Ao descobrir que o objetivo da Guilda era capturar o Bebé Yoda e entregá-lo ao Império o Mandaloriano faz de tudo para salvar a pequena criatura.

É na relação de “pai e filho”, entre ambos, que esta personagem cresce episódio após episódio à medida que o vemos preocupar-se cada vez mais com o bebé Yoda.

Porém, ele não é imbatível. Sim, ele é um hábil lutador, contudo são várias as situações em que ele se vê  encurralado e sem hipótese de fuga e precisa de ajuda para se conseguir salvar.

O melhor exemplo disso passa-se no terceiro episódio, no qual o Mandaloriano é encurralado pela Guilda e salvo por um grupo de Mandalorianos. Aspetos como este desenvolvem este protagonista como um personagem forte mas com fraquezas que o afastam do típico herói imbatível, o que foi algo que pessoalmente adorei.

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…fiquei extremamente contente com estes episódios…

Os primeiros episódios servem como uma apresentação da personagem e do conceito dos Mandalorianos. Os episódios 4-6, servem como um jogo de gato e rato. Aqui a série abranda um pouco. Pode-se dizer que os três episódios consistem no mesmo: O Mandaloriano chega a um novo planeta, alguém está atrás do Bebé Yoda, e eles têm de escapar.

Já eu fiquei extremamente contente com estes episódios. Apesar de não serem tão bons como os primeiros, ainda conseguem entregar boas aventuras espaciais, mas mais importante que isso, desenvolvem a amizade do Mandaloriano com o Bebé Yoda, além de apresentar importantes personagens como Cara Dune, interpretada por Gina Carano que se revela essencial para o final da série.

…excelente nível de realização…

Além disso, o “segundo ato” desta série continua a demonstrar um excelente nível de realização, em especial o sexto episódio. Desta vez o Mandaloriano junta-se ao seu antigo grupo de caçadores de recompensas para resgatar um prisioneiro de uma nave. Contudo os membros do grupo planeiam deixa-lo para traz na nave. Rick Famuya entrega um excelente episódio, com um senso de tensão e fotografia incrível.

É de referir a excelente coreografia de ação presente em todos os episódios desta série. Todos os realizadores trouxeram uma energia e impacto que elevaram todas as lutas. O movimento de camêra é fluido e a cinematografia aposta em ângulos abertos acompanhados de uma edição energética.

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Os dois últimos episódios da série foram sem sombras de dúvidas os melhores.  No sétimo episódio, o Mandaloriano tem de formar uma equipa com Cara Dune , Kuill, o droide IG-11 e aliar-se ao líder da Guilda, Greef Carga para juntos eliminarem o cliente que procura o Bebé Yoda.

Contudo, o cliente é eliminado pelo verdadeiro vilão o Moff Gideon cujo esquadrão de Stormtroopers encurrala os nossos heróis e captura o Bebé Yoda. Toda a apresentação do Moff Gideon, interpretado por Giancarlo Esposito, foi incrível. Ele aparece imponente e seguro de si, ele sabe que está em vantagem e usa isso contra o Mandaloriano com um tom calmo mas opressivo.

O episódio termina com um enorme cliffhanger, a morte de Kuill e a captura do Bebé Yoda. Não fosse este o episódio mais intenso da série, o último episódio chega com uma conclusão ainda mais épica. Realizado por Taika Watiti, temos aqui o episódio mais energético de toda a temporada.

Após o robot IG-11 salvar Yoda ele parte para ajudar os seus companheiros. Juntos eliminam boa parte do esquadrão mas voltam a ser encurralados e ficam em perigo eminente. Alguns conseguem escapar mas o Mandaloriano fica para trás com o droide e eis que nos chega um dos grandes momentos da temporada.

…um dos grandes momentos da série na minha opinião…

O protagonista que até então nunca tinha tirado a máscara finalmente revela o seu rosto a nada mais que um dróide. Ao longo da série, em especial neste episódio, ficamos a perceber o trauma que ele tem com droides. Foram estes que mataram os seus pais e, devido a isso ele acaba por os hostilizar. Contudo, este droide não estava programado para matar mas sim para os salvar.

Com receio de quebrar o código Mandaloriano ele acaba por perceber que o droide não é um ser vivo e acaba por retirar a máscara. Este é um dos grandes momentos da série na minha opinião. Isto porque a personagem vive muito de várias certezas como o código da Guilda, no entanto ele demonstra uma capacidade moral ainda maior ao aceitar que um droide cuide dos seus ferimentos mas acima de tudo, ao retirar a sua máscara cuja Lei Mandaloriana o impedia de fazer.

 O grupo consegue fugir contudo existe um grupo de soldados à sua espera. É neste momento que o droide IG-11 se sacrifica ao se auto-destruir e eliminar os inimigos. Mas o perigo não acaba aqui, pois Moff Gideon chega com a sua nave X-Wing e tenta matar o grupo. Sem qualquer poder de fogo, o Mandaloriano utiliza o seu mais recente Jetpack para conseguir chegar à nave e plantar um explosivo e dessa forma salvar o grupo.

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Após isto vemos os nossos heróis a separarem-se. Cara Dune e Greef Carga ficam para trás em Nevarro enquanto o Mandaloriano parte com Yoda, desta vez com a missão de encontrar a espécie da cria e a devolver.

 Se isto já não era o suficiente para me fazer desejar por mais, a última cena ainda revela que Moff Gideon sobreviveu ao ataque e tem na sua posse um Darksaber, uma arma criada pelo primeiro Madaloriano pertencente à Ordem Jedi nos tempos da Velha República.

“The Mandalorian” é uma excelente série, com um excelente protagonista que guia os oito episódios com um enorme carisma sem precisar de mostrar o seu rosto. É ação, western, e a aventura espacial que Star Wars estava a precisar.

Se o sucesso da saga se demonstra um tanto desequilibrada nas grandes telas, o futuro na televisão é extremamente promissor.

Este é o Caminho para Star Wars!

[Crítica atualizada a 17 de Setembro de 2020, com a chegada da Disney+ a Portugal. O Cinema Planet teve acesso à primeira temporada completa de “The Mandalorian” na última semana de Dezembro de 2019, através da Disney+ UK.]

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