“Wildling – A Última Criatura” é o primeiro filme realizado por Fritz Bohm. Debruça-se sobre a puberdade de uma adolescente de uma forma mais extrema.
“Wildling – A Última Criatura” apresenta uma perspetiva diferente sobre uma fase importante na vida dos seres humanos. O filme conta-nos a história de Anna (Bel Powley), uma menina que é mantida presa numa cave pelo seu pai. Este dá-lhe medicamentos que impedem o seu corpo de se desenvolver para o de uma mulher. Já em adolescente, longe da cave e do pai, a rapariga vai viver com a xerife Ellen Cooper (Liv Tyler). Entra então no seu ciclo de puberdade, algo que a irá transformar em algo muito mais monstruoso do que esperava.
A metáfora neste filme é bastante evidente. O realizador pega num conceito de puberdade e do crescimento de uma criança para adolescente e dá-lhe uma nova visão. Insere um elemento de fantasia e de terror a um momento tão natural e biológico de um ser humano.
Grande parte do filme recai sobre a atriz principal, Bel Powley, a qual o argumento segue de uma forma intimista. A atriz consegue transmitir a confusão perante algo desconhecido e o deslumbramento de conhecer algo novo. Com um olhar cativante e uma expressão de inocência, o espectador cria assim empatia com a personagem e fica aterrorizado com o potencial futuro dela.
Todavia, não se pode dizer que o resto do casting tenha feito um bom trabalho. Entre o overacting de certos atores e a prestação demasiado branda e sem emoção por parte de Liv Tyler, ninguém consegue preencher o seu papel de emoções reais e naturais que conseguiriam ir de encontro às expectativas do espectador.
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De forma a conseguir mover o enredo, as personagens tomam decisões e desenvolvem-se de um modo ilógico. Entre paixões mal desenvolvidas, mitologia sem explicação e caças ao monstro sem razão, existem mudanças repentinas nas personalidades das personagens que não fazem sentido e apenas ocorrem porque o argumento necessita disso.
“Wildling”, ao dividir-se entre uma história de terror e uma história de amadurecimento, faz com que tenha uma ligeira dificuldade em encontrar um equilíbrio entre as mesmas. O filme mostra mais preocupação em transmitir a metáfora para o público (sendo que a metáfora é bastante evidente logo desde o início) do que contar a história de um modo coerente e que nos mantenha interessados,
A realização de Fritz Bohm é, de certa forma, competente, mas não consegue criar uma atmosfera ao longo do filme. Com um ritmo brando e alogando-se demasiado em momentos triviais, o filme causa assim uma falta de interesse por parte do espectador que, a certo ponto, apenas está a ver o que acontece a Anna, sem se sentir envolvido na viagem.
Numa nota positiva e surpreendente, o filme conta com uma boa fotografia, especialmente em momentos em que envolve a Natureza. Igualmente bons são os efeitos visuais, dando primazia a efeitos mais práticos e maquilhagem do que a cenários computadorizados.
No fundo, “Wildling – A Última Criatura” tem uma premissa interessante. Embora se preocupe mais com a metáfora do que em contar uma história linear e coerente e estender os limites do imaginário do filme, abre também as portas da curiosidade em perceber onde é que este novo realizador irá colocar a sua diferente perspectiva a seguir.