Leonardo DiCaprio regressa aos ecrãs numa vertente inesperada, a da comédia política e paternal, em One Battle After Another, a sua tão aguardada primeira colaboração com Paul Thomas Anderson. O filme mostra um DiCaprio menos austero e mais vulnerável, que usa o humor para explorar temas sérios como a radicalização, a distância geracional, e a crise política contemporânea, provando que a sua veia cómica é tão subtil como poderosa.
Resumo:
- One Battle After Another marca a primeira colaboração entre Leonardo DiCaprio e Paul Thomas Anderson.
- O filme destaca o lado cómico de DiCaprio, que tem histórico em papéis humorísticos desde Catch Me If You Can até The Wolf of Wall Street.
- A performance de DiCaprio mistura comédia e empatia, enquadrando-se na sua transição para papéis mais paternais e complexos.
- Dados do filme: estreia a 26 de setembro de 2025, 162 minutos, género ação, crime e thriller, diretor Paul Thomas Anderson.
Por que Leonardo DiCaprio é subvalorizado como ator cómico?
A imagem pública de Leonardo DiCaprio tende a privilegiar o drama intenso, em grande parte por causa de filmes como The Revenant, que lhe valeu o Óscar de Melhor Ator em 2016. No entanto, essa perceção ignora uma trajetória em que o actor se aventurou frequentemente por papéis com toques de humor, sarcasmo e auto-ironia. DiCaprio começou como estrela infantil, com a capacidade de desaparecer nas personagens, e sempre mostrou disponibilidade para inserir comicidade quando o papel o exigia.
A imprensa e os críticos têm apontado que grandes actores dramáticos ao longo da história, como Robert De Niro, Jack Nicholson ou Dustin Hoffman, também triunfaram em papéis cómicos quando aceitaram jogar contra o tipo. DiCaprio segue essa tradição, provando que fazer rir requer tanto talento como suscitar emoções intensas.
Que papéis anteriores comprovam a sua veia cómica?
Ao longo da carreira, DiCaprio acumulou performances que mesclam drama e humor, muitas vezes através de personagens carismáticos e falíveis. Entre os exemplos mais notáveis estão:
- Catch Me If You Can, onde interpreta Frank Abagnale Jr., um jovem vigarista encantador, cujo charme é também fonte de comédia.
- The Wolf of Wall Street, um dos exemplos mais emblemáticos, onde o actor, dirigido por Martin Scorsese, improvisou várias cenas que hoje são icónicas, como a sequência dos Quaaludes, e trouxe uma energia cómica a um personagem autodestrutivo e narcisista (segundo relatos da equipa do filme, muitos momentos surgiram em improviso).
- Once Upon a Time in Hollywood, de Quentin Tarantino, onde DiCaprio aceita a autocrítica e interpreta Rick Dalton, uma estrela em declínio, com momentos profundamente bem-humorados e melancólicos.
- Don’t Look Up, que explora a sátira política e social, e onde DiCaprio desfia um tipo de humor negro ao interpretar um cientista cada vez mais desesperado face à incompetência e indiferença pública.
Além destes, nos primeiros anos vimos sarcasmo e humor em filmes como Romeo + Juliet, The Man in the Iron Mask, Marvin’s Room, Celebrity e The Beach, demonstrando que a capacidade de incluir o cómico na sua paleta artística não é novidade.
Como One Battle After Another se encaixa na evolução do actor?
One Battle After Another coloca DiCaprio numa personagem diferente da imagem convencional do actor. Interpreta Bob Ferguson, um antigo radical que regressa à cena política e acaba por confrontar a realidade social e a própria incapacidade de compreender a geração mais jovem. O conflito entre gerações, e a forma como a comédia nasce da frustração e do constrangimento, são centrais na narrativa.
Neste papel, DiCaprio caminha para uma zona de personagem mais paternal, uma mudança natural com a sua idade e trajetória profissional. A sua interpretação combina ternura e embaraço, lembrando figuras como Jeff Bridges em The Big Lebowski ou Elliot Gould em The Long Goodbye, actores que usaram o humor para humanizar personagens imperfeitos e irresistíveis.
O filme explora ainda temas contemporâneos, como a radicalização e o desencanto político, usando a comédia como catharsis, para oferecer uma visão crítica e, ao mesmo tempo, humanizadora. Em comparação com Don’t Look Up, que foi mais óbvio na sátira, One Battle After Another parece apostar num humor mais subtil e íntimo, que nasce da vulnerabilidade da personagem.
Como a crítica tem recebido a performance de DiCaprio neste registo?
A recepção de críticos e público, nas primeiras exibições, aponta para um reconhecimento do talento de DiCaprio em equilibrar humor e emoção. A imprensa tem sublinhado que o actor encontra no ridículo e na fraqueza características geradoras de riso e empatia, e que esse riso muitas vezes se transforma em reflexão, quando a comédia aponta para falhas sociais e pessoais.
Algumas análises destacam a colaboração com Paul Thomas Anderson como um dos pontos fortes, comparável a outros encontros realizador-actor que permitiram a descoberta de novas facetas de intérpretes conhecidos. Esta estreia conjunta surge num momento em que o cinema contemporâneo parece valorizar mais a ambivalência de géneros, ao misturar elementos dramáticos, cómicos e políticos.
DiCaprio improvisa tanto quanto antes?
A propensão para improvisação de DiCaprio tem sido documentada, especialmente em filmes como The Wolf of Wall Street, onde boa parte da energia caótica da narrativa surgiu de momentos espontâneos entre actores, e do próprio estilo de Scorsese, que incentiva a experimentação no set. Segundo relatos contemporâneos (Collider e outras publicações cinematográficas), muitos dos momentos mais memoráveis do filme foram improvisados no momento, uma técnica que DiCaprio continua a explorar, quando o guião permite.
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One Battle After Another, dada a sua mistura de humor e drama, parece oferecer espaço para esse tipo de descoberta orgânica, permitindo que o actor brinque com timing cómico, expressões e pequenas falhas que tornam a personagem mais humana e plausível.
O que este filme significa para a imagem pública de DiCaprio?
Ao aceitar um papel que expõe as suas vulnerabilidades de forma cómica, DiCaprio desafia a narrativa de que é apenas um intérprete sério e metódico. O resultado é uma imagem mais multifacetada: um actor disposto a rir de si próprio, a explorar o absurdo político, e a colocar-se em papéis menos glamurosos, mas mais ricos em camadas psicológicas. Esta transição ajuda a consolidar DiCaprio como um dos actores mais versáteis da sua geração.
Conclusão
One Battle After Another comprova que Leonardo DiCaprio tem uma veia cómica tão válida quanto os seus talentos dramáticos. Trabalhando com Paul Thomas Anderson, ele revela um lado descontraído, vulnerável e, em última instância, irresistivelmente humano. Se procura um filme que mistura crítica social, humor e emoção, a estreia de DiCaprio neste registo promete surpreender e provocar reflexões duradouras.
Se gostou desta análise, leia também o nosso artigo sobre os melhores papéis de DiCaprio ao longo da carreira, e descubra como cada personagem ajudou a moldar a sua evolução artística: https://collider.com/tag/leonardo-dicaprio/
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