Em “A Million Eyes” vimos o amadurecimento de um adolescente por detrás de uma câmara fotográfica num espaço de 25 minutos.
Chegado o mês de Setembro, todos os olhos na indústria cinematográfica estão voltados para os que serão considerados e ,porventura, consagrados para as mais variadas cerimónias e respectivos prémios, como se um resumo do ano se tratasse.
Uma das categorias que é altamente desvalorizada por parte do público é a de curta-metragem – seja esta de animação, documental ou de ficção narrativa. Por esse motivo, decidi embarcar na aventura de descobrir mais produtos nesta área e, dessa forma, partilhar a minha opinião sobre aquilo que poderá vir a ser falado no final do ano.
“A Million Eyes” conta-nos a história de Leroy (Elijah M. Cooper), um jovem introvertido encontra o seu refúgio na fotografia para conseguir ofuscar a sua realidade, especialmente o alcoolismo de sua mãe.
Depressa percebemos que “A Million Eyes” é uma viagem íntima sobre Leroy. A audiência vê os seus confrontos, receios e paixões, enquanto se transforma de rapaz para homem. E, de certa forma, conseguimos nos rever neste processo.
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Todos os actores oferecem óptimas interpretações, com o pouco material e tempo que têm para desenvolver as suas personagens. Seja Elijah M. Cooper, Katie Lowes ou Joe Morton – todos desfilam com destreza e uma naturalidade absurda, fazendo-nos como uma mera mosca a observar momentos.
Apesar de ser uma história interessante e envolvente, o realizador Richard Raymond tinha o tempo bastante limitado para a contar. Porém, o impacto poderia ser mais certeiro para a audiência se tivessem sido efectuada algumas alterações no enredo – em especial, se tivesse existido mais profundidade no alcoolismo da mãe e o que isso afecta a sua relação com o filho.
A certo momento, o nosso protagonista é castigado por um crime que comete. Toda essa viagem pessoal poderia ter sido contada de outra forma, de forma a aproveitar esse tempo disponibilizado para este momento para alargar momentos mais interessantes para a história.
O tempo de uma curta-metragem é eminentemente finito e sem grande espaço para deambular. Por este motivo, “A Million Eyes” termina não conseguindo implantar com profundidade o impacto emocional que pretendia no espectador.
Composto de uma forma poética, num limbo entre a ingenuidade de uma criança e a dura realidade, “A Million Eyes” desliza sobre o espectador durante meros minutos e consegue-nos fazer ponderar sobre as nossas paixões e o nosso próprio crescimento pessoal.
Será “A Million Eyes” considerado para os Prémios da Academia? Talvez, mas isso não é o mais importante. O mais importante é descobrir novos contadores de histórias e maravilhar-nos com os novos mundos que estes têm para nos mostrar.