Pelas mãos da equipa de James Cameron e pela alçada de Robert Rodriguez chega ao grande ecrã “Alita: Anjo de Combate”, uma adaptação da popular manga japonesa.
Depois da adaptação de “Ghost in the Shell”, em 2017, com Scarlett Johansson, Hollywood decidiu então dar uma outra tentativa em adaptar material japonês para o entretenimento do grande público. Desta vez, vindo de um desejo de James Cameron, deitaram as mãos à manga “Alita: Anjo de Combate”.
Num mundo totalmente alterado e dividido devido a uma grande guerra, a sociedade está divida em dois setores: o mundo terrestre, totalmente corrupto e destruído, e o mundo superior, onde a sociedade vive rodeada de luxos numa cidade flutuante.
É neste mundo que seguimos a história de Alita (Rosa Salazar), uma ciborgue descoberta na sucata por Dr. Dyson Ido (Christoph Waltz), que a reconstrói. A sofrer de amnésia, Alita terá de conseguir integrar-se na sociedade, descobrir de onde veio e compreender o seu propósito neste mundo.
Comecemos por falar aquilo que mais se destaca, de modo positivo, neste “Alita” – os efeitos visuais. Tendo por trás a equipa de James Cameron, que já conseguiram provar que têm um condão especial para materializar mundos imaginários e torná-los tangíveis. Todos os segmentos de acção são exilerantes e muito é devido aos estarmos pasmados com o mundo que nos é apresentado.
Rosa Salazar oferece uma boa performance com a sua Alita feroz mas inocente, com os seus olhos digitalmente aumentados, que consegue derreter corações ao primeiro impacto. A sua relação com a personagem de Christoph Waltz é a chama que mantém o filme aceso, sendo que têm uma química de pai-filha palpável e que detém a carga emocional.
Todos os outros atores, infelizmente, são postos de parte e não preenchem o potencial que poderiam ter. Tanto Mahershala Ali como Jennifer Connelly aparecem apenas por momentos e, apesar do seu magnetismo e forte presença, não conseguem deixar uma grande marca no espectador. Contudo, o pior caso recai sobre Keean Johnson com a sua personagem “Hugo”, o interesse amoroso de Alita, que não têm qualquer química juntos nem qualquer punho emocional em qualquer momento do filme.
Todavia, a grande fraqueza de “Alita: Anjo de Combate” reside no seu argumento. Grande parte do guião é uma grande parcela de exposição narrativa, que não serve nenhum propósito senão o de ensinar a audiência sobre o mundo e as personagens, que se tornam unidimensionais devido a isto. Muito tempo de filme é gasto em exposição e em estabelecer as ameaças e as confrontos, sendo que não chega, portanto, a existir um real desenlace na história.
“Alita: Anjo de Combate” é um bom exercício de efeitos visuais que demonstra na perfeição o alto nível a que já chegamos neste campo. No entanto, não passa de um mero episódio piloto mal construído que dá início a uma saga sem injetar o desejo no espectador de ver o resto.